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"Unpregnant", filme teen do HBO Max, fala abertamente sobre aborto e amizade com uma linguagem para todos os públicos

“Unpregnant”, filme teen do HBO Max, fala abertamente sobre aborto e amizade com uma linguagem para todos os públicos


UUnpregnant é nova aposta do HBO Max para o público jovem. Com um tema ainda considerado delicado e muito polêmico, a produção aborda a trajetória de Verônica (Haley Lu Richardson) desde a descoberta de sua repentina gravidez, até as dificuldades de conseguir um aborto legal nos Estados Unidos. Na trama, a adolescente de 17 anos e com um futuro promissor se vê em uma situação que jamais imaginava, enquanto o público vai, aos poucos, compreendendo a realidade da protagonista, suas inseguranças e a forma com ela lida com essa notícia inesperada.

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Unpregnant é dirigido por Rachel Lee Goldenberg e é uma adaptação do romance de Ted Caplan e Jenni Hendricks. O filme é uma mistura balanceada de comédia e drama, e acompanhamos as aventuras de duas ex-amigas em uma longa viagem de carro do Missouri até o Novo México para a realização do aborto. O longa-metragem conta com alguns clichês típicos de um filme de road trip, porém ainda consegue criar um frescor com situações inusitadas pelas quais as personagens passam durante a história.

O filme não perde tempo apresentando e desenvolvendo com profundidade todos os personagens, mas dá ênfase nas relações que eles possuem com a protagonista. O foco principal da obra é a amizade e reconciliação de duas jovens garotas em uma situação atípica, mas muito importante na vida de uma delas.

Além de Verônica, conhecemos Bailey (Barbie Ferreira), uma adolescente com muita personalidade e que não tem medo de falar o que pensa. As duas eram grandes amigas quando mais novas, mas acabaram se afastando depois de alguns desentendimentos. Bailey será a maior aliada de Verônica durante essa jornada, que vai dar abertura para diálogos muito necessários não apenas sobre aborto, mas também sobre amizade e as cobranças que surgem nessas relações.

A naturalidade com qual os temas são abordados é definitivamente o ponto alto do filme. Unpregnant não é uma obra que tenta ensinar nada didaticamente para o público, mas parte do pressuposto que todos já aceitam e entendem a normalidade do que é apresentado. O relacionamento perfeito que Verônica acredita ter é, na verdade, tóxico, e nada de muito grandioso precisa acontecer para isso seja percebido – o comportamento absurdo do namorado já é o suficiente alertar a jovem.

Em relação ao aborto, não existe dúvida se Verônica vai ou não realizar o procedimento ou até mesmo aquela questão do certo ou errado. Tudo fica muito claro desde o início do filme; principalmente a questão de que ninguém tem o direito de interferir no corpo alheio. O corpo de Verônica só diz respeito a ela. Portanto, a adolescente tem direito e total liberdade de fazer o que bem entender. E essa naturalidade é o que conecta o público com a história.

A química entre as atrizes é impressionante e deixa Unpregnant mais leve, descontraído e real. É muito fácil de se relacionar com as personagens e as situações em que elas se encontram. São as pequenas falas e gestos que fazem toda a diferença. E até a forma orgânica em que elas tomam as atitudes são muito verdadeiras, passando a credibilidade de que poderiam ser feitas por qualquer um. Os erros bobos, imaturos e impensados são comuns da geração mais jovem e com certeza geram boas risadas para quem está assistindo, ao mesmo tempo que acabam transmitindo uma mensagem.

Sobretudo, esta é uma história sobre duas jovens determinadas, divertidas, que gostam de carro, se envolvem com a polícia e que estão dispostas a fazer de tudo para conseguirem alcançar um objetivo. Elas não estão em busca de um relacionamento amoroso para se sentirem realizadas – na verdade, isso não tem importância aqui. Ambas querem aconchego familiar, amizades verdadeiras e uma carreira bem-sucedida. Elas buscam a própria independência, ao mesmo tempo que são muito sensíveis, e ainda se preocupam com o bem-estar da outra e desejam ser mais compreendidas e menos julgadas. Verônica e Bailey são duas meninas do século XXI que querem ter a liberdade se ser o que quiserem.

Unpregnant acerta em cheio no tom e na linguagem do filme, como também na importância dos temas discutidos. É uma produção com grande protagonismo feminino e que quebra muitos estereótipos apresentados em outras obras.

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