fbpx
"O Homem do Castelo Alto" decepciona em seu ano final, ao não concluir devidamente o potencial que a série construiu desde sua estreia.

Com 10 episódios, a temporada final de “O Homem do Castelo Alto” traz poucos desdobramentos e não desenvolve bem o seu enredo.


Nota da Colab: o texto contém sérios spoilers.

 

UUma das séries de ficção-científica de maior potencial dos últimos anos, O Homem do Castelo Alto chegou ao final em sua quarta temporada de 10 episódios. Baseada no livro de mesmo nome de Philip K. Dick, a produção original Prime Video segue uma realidade onde os nazistas venceram a Guerra e os Estados Unidos foi dividido entre o Reich e o Japão.

https://www.youtube.com/watch?v=5W_65sjO_BU

  — Crítica da terceira temporada de O Homem do Castelo Alto  

 

Temporada Final

Pôster da temporada final

Dando continuidade aos eventos da terceira temporada, Juliana Crain (Alexa Davos) consegue se transportar entre realidades paralelas, apesar de John Smith (Rufus Sewell) lhe acertar um tiro. Para a surpresa do público, quem a ajuda no mundo alternativo é o próprio John Smith, em uma versão diferente do personagem conhecido pelos fãs. Neste mundo, os EUA venceram a batalha e estão livres da ideologia nazista.

No mundo “real” de O Homem do Castelo Alto, após enfrentar a morte de seu filho para o Reich, Helen (Chelah Horsdal) ganha novas camadas e um pouco mais de complexidade, questionando a vida que está se submetendo ao compactuar com a ideologia imposta pelo regime. Refugiada na Zona Neutra com suas filhas, seu novo estilo de vida começa a influenciar a filha mais velha, que também começa a ver com outros olhos toda a ideologia que lhe foi imposta. No entanto, a vida no local dura pouco e Helen retorna para o Grande Reich Nazista, passando a ser monitorada devido sua questionável fidelidade ao regime.

Reichsmarshall John Smith (Rufus Sewell)

Por sua vez, o Reichsmarshall John Smith passa a vigiar os passos de Juliana no mundo paralelo através de um agente. Em um de seus relatos, o agente conta que nesse mundo seu filho está vivo e saudável e após alguns acontecimentos (sem spoilers aqui tá, menines), fazendo com que John decida viajar para esse mundo.

No lado sob o domínio nipônico, o assassinato do príncipe e do Ministro do Comércio, Nobusuke Tagomi (Cary-Hiroyuki Tagawa), gera em Takeshi Kido (Joel de la Fuente) a desconfiança de que o responsável seja do próprio exército japonês. Questões sobre a família de Kido também passam a ser narradas, mostrando traumas de um de seus filhos devido a ações em nome do exército nipônico. Se até a terceira temporada de O Homem do Castelo Alto Kido era um personagem enigmático e de certa forma interessante, de sutis nuances, com o ano final o público ganha a oportunidade de ter um entendimento um pouco melhor na vida do detetive.

O mundo de “The Man in the High Castle”

Como força de resistência contra a ideologia racista e autoritária nos Estados Japoneses do Pacífico, a BCR (Rebelião Negra Comunista, em português) aparece. Comandando diversos movimentos contra o sistema, o grupo se organiza discretamente, sendo o principal componente para a decadência do domínio nipônico daquele lado do antigo EUA. E, do outro lado do continente, Juliana Crain retorna e junta aliados para derrubar o Reichsmarshall com o objetivo de cumprir o que é mostrado nos famosos filmes que movem a série – películas que consistem em filmagens de outras realidades paralelas, como os EUA ganhando a Guerra e a assassinato de determinados personagens em outros regimes.

Depois de três temporadas com tanto potencial, resultando em uma produção fantástica de ficção científica e drama, o encerramento de O Homem do Castelo Alto é, infelizmente, muito fraco. O ano final deixa a desejar em vários núcleos, sem se aprofundar ou desenvolver tão bem seus personagens quanto em anos anteriores. Talvez por conta de seu cancelamento, os produtores não tiveram tempo de se preocuparam muito com o resultado final, trazendo desfechos decepcionantes para situações de grande potencial.

Juliana Crain (Alexa Davos)

Há, no entanto, cenas que despertam a atenção. Mas elas acabam sendo poucas. Falta ação, sentido e o gostinho de quero mais presente, como já visto anteriormente. Histórias que tinham tudo para incrementar a narrativa são simplesmente esquecidas e o resultado derradeiro de O Homem do Castelo Alto pode ser comparado ao que grande parte dos fãs de Game of Thrones sentiram: decepção.

Compartilhe

Twitter
Facebook
WhatsApp
Telegram
LinkedIn
Pocket
relacionados

outras matérias da revista

Na Mise-en-Scène
Raquel Almeida

Na Mise-en-Scène / “Direção de Arte em P&B”

A temporada de premiações chegou ao fim e apesar das surpresas desagradáveis, como por exemplo o vencedor de Melhor Filme do Oscar, algumas consagrações foram extremamente significativas e marcantes para a história do cinema industrial. Um dos filmes favoritos aos principais prêmios da noite era Roma (2018), uma produção independente, idealizada e realizada por um imigrante, distribuída em plataforma digital e que buscava remontar a infância do autor, vivida no México, nos anos 70. Gostando do filme ou não, há algo que é inegável: por si só, Roma é um projeto que atrita com o claro conservadorismo da Academia e

Leia a matéria »
Indicação
Fernanda Palazzi

A voz das mulheres que falam sobre mulheres

No ano de 2017 a primavera feminista chegou a Hollywood e reivindicou para as mulheres respeito, igualdade e reconhecimento diante e detrás das câmeras. Recorrentemente apagadas da historiografia do cinema, agora elas estão em foco escrevendo, dirigindo, fotografando, produzindo dentre outras funções. Mulher-Maravilha (2017), sucesso da diretora Patty Jenkins (também responsável pelo excelente Monster - Desejo Assassino, de 2003), trouxe uma visão corajosa e respeitosa sobre o feminino. Provou-se que mulheres não-objetificadas e em protagonismo conseguiam, sim, levar público às salas de cinema, que as mulheres são consumidoras de ”Cultura Pop” e que querem se sentir representadas nas telas. Lady
Leia a matéria »
Back To Top