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"Eternos" promete muito e entrega pouco, em um filme que tenta forçar demais a ligação familiar em personagens pouco inspirados.

“Eternos” promete muito e entrega pouco, em um filme que tenta forçar demais a ligação familiar em personagens pouco inspirados.


Nota do Colab: este texto contém spoilers.

 

VVou começar este texto propondo uma polêmica, compartilhando minha opinião pessoal de que não acredito que o MCU seja tão excepcionalmente bom assim. Ainda que ele tenha um mérito muito grande, o pedestal não é alto e eu ousaria dizer que o Universo Compartilhado da Marvel está quase em um perfeito equilíbrio entre filmes realmente excelentes (O Soldado Invernal, Guerra Infinita, Pantera Negra…) e películas realmente medianas (Viúva Negra, Thor, Homem de Ferro 3…). E Eternos está nesta segunda categoria.

Após dois anos de uma pausa forçada, decorrente da pandemia do coronavírus, a Marvel Studios retornou com os lançamentos e o início de sua Fase 4 apenas em julho de 2021, com a estreia de Viúva Negra. O longa foi seguido por Shang-chi e a Lenda dos Dez Anéis, em setembro, e finalmente Eternos, em novembro, trazendo para as telonas um elenco estelar e uma história ordinariamente simples.

 

Não Tão Gregos

Eternos é a narrativa de um grupo de dez seres do planeta Olimpia que recebem a missão de defender a Terra dos Deviantes, figuras animalescas que não conhecem nada além de morte e destruição. Ao longo de milênios, datando antes mesmo do surgimento de Cristo, eles assumem a diretriz em segredo, mantendo-se longe dos assuntos humanos e de qualquer acontecimento que possa virar História.

Com esta base, já é de se imaginar que os super-poderosos quase celestiais formem uma família disfuncional em algum momento, atingindo um ponto de ruptura quando a missão chega ao fim. Mas afeiçoados à Terra (ora ora quem diria…), eles permanecem no planeta seguindo vidas perfeitamente normais até o dia do retorno surpresa de um Deviante.

Mas o maior problema com Eternos é a sua simplicidade forçada. Contando uma história que a todo momento clama por um certo ar de “superioridade tangível”, os personagens parecem estagnados na dúvida, o que acaba deixando-os um pouco repetitivos e sem muito carisma individual (ou conjunto). O que parece salvar a película é a questão filosófica que permeia o longa, capaz de gerir heróis e vilões.

 

Ser ou Não Ser

Dirigido e roteirizado por , ganhadora do OSCAR por Nomadland, o filme tem uma certa dificuldade de introduzir algo novo ou espetacular ao MCU. Eternos se baseia muito em seu talentoso elenco (com nomes como Gemma Chan, Richard Madden, Kumail Nanjiani, Salma Hayek e Angelina Jolie), mas o sub-utiliza em um roteiro inundado de clichês e frases de efeitos preguiçosas. E embora a parte visual seja muito bem cuidada e as cenas de luta relembrem um gameplay, Doutor Estranho sempre me vinha à cabeça quando alguns dos personagens usavam os seus poderes.

Acredito que o ponto mais interessante seja Ikaris. O personagem de Richard Madden é uma contraparte ao Superman de todas as formas possíveis. Embora tenha os mesmos poderes do Filho de Krypton (voa, super-força, raio-laser nos olhos, etc), Ikaris é muito diferente de Clark Kent e esconde na pose de herói uma personalidade egocêntrica e calculista.

Neste duelo entre seres bestiais, Druig é um outro personagem de tomada instigante. Interpretado por Barry Keoghan, o Eterno assume uma roupagem meio vilanesca devido o seu grande senso de humanidade. Por ter se afeiçoado demais aos humanos, ele não consegue mais vê-los se matando em guerras ou disputas sem se intrometer, optando por usar o seu poder de controle da mente para “salvá-los”. Este mesmo princípio atormenta a vida de Phastos (Brian Tyree Henry), que toma uma decisão diferente: aposentar seus poderes após ver o pior do Homem.

Diria que Eternos é muito certeiro em toda essa filosofia sobre o que significa ser um herói, mas o questionamento sobre ser humano beira a superficialidade porque o longa é didático demais em explicar ao público o que os personagens estão sentindo. Ao constantemente focar o espectador na história de uma família disfuncional, o melodrama familiar forçado torna-se a única identidade da produção. E mesmo propondo levar o MCU para longe d’Os Vingadores, Eternos não consegue ser muito positivamente memorável para além das quase três horas de duração.

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