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Primeiras Impressões: American Crime Story, S02E01: “The Man Who Would Be Vogue”

“American Crime Story” começa sua segunda temporada mostrando a força de seu elenco, em uma história focada no assassinato de Gianni Versace.


Quando foi anunciada, The Assassination of Gianni Versace seria a terceira temporada do mais recente sucesso seriado de Ryan Murphy. Após o bem recebido e multi-premiado The People v. O.J. Simpson, a segunda temporada de American Crime Story seria Katrina, focada na visão pessoal dos sobrevivente da destruição causada pelo furacão homônimo, em 2005, nos Estados Unidos. Porém, após diversos problemas, Katrina acabou sendo completamente reformulada (agora, focado na história do hospital que ficou sem energia durante dias após o desastre, resolvendo fazer eutanásia em 20 pacientes) e passando a ser a terceira temporada, dando lugar ao muito antecipado The Assassination of Gianni Versace, cujas gravações estavam avançadas e prestes a serem finalizadas (a segunda e a terceira temporada estavam sendo gravadas simultaneamente).

Por mais que o assassinato do estilista italiano e fundador do império Versace, Gianni Versace, não seja exatamente um momento polêmico da história, como foi o caso de O.J. Simpson, é inegável o fato do legado que Gianni possui no mundo da moda, sem contar, é claro, a sua morte completando 20 anos em 15 de julho de 2017. E, convenhamos: ainda há aquele inegável fato de que a existência desse capítulo de ACS é um encaixe perfeito no meme “vou dar aos gays tudo o que eles querem“, principalmente por ser encabeçado por Ryan Murphy (que é gay, casado e com filho).

The Assassination of Gianni Versace vem ao mundo para contar o antes, durante e depois do assassinato de Gianni Versace, em um cenário cheio de glamour, alta costura, cores neon, homossexualidade, dinheiro, gigolôs, talento, psicopatia, dor, força, preconceito e família. A série, criada, produzida e (as vezes) dirigida por Murphy, tem como panos de fundo a Miami Beach dos anos 90. O império Versace já está edificado no mundo há quase 20 anos, com Gianni sendo o primeiro estilista a aproximar a moda com o mundo da música, possuindo poderosos amigos no setor, como Madonna, Elton John, Cher e Duran Duran, além de outros nomes como Naomi Campbell e ninguém menos que a Princesa de Gales, Diana. Versace é, também, abertamente gay e está há 15 anos vivendo com o seu parceiro Antonio D’Amico.

 

The Man Who Would Be Vogue

A segunda temporada de ACS não demora a deixar claro ao que veio. O assassinato de Versace (Édgar Ramírez) é mostrado logo nos primeiros 10 minutos do programa, sendo procedido por uma breve narração (e uma maravilhosa fotografia meio desbotada e quente, para dar aquela ideia cinematográfica de uma praia dos anos 90) de como teria sido a manhã do estilista até a sua morte, nas primeiras horas da manhã, pelo serial killer Andrew Cunanan (Darren Criss), procurado pelo FBI por outros quatro assassinatos. Com esse barreira vencida, Murphy então propõe-se a logo apresentar quem seria a personagem de Darren.

Fica logo claro que Andrew é um mentiroso por natureza (possivelmente encaixando-se na “mitomania”, ou, no original, pathological liar), manipulando as pessoas ao seu redor através de mentiras que o colocam, principalmente, como alguém extremamente interessante e importante. Em outubro de 1990, Cunanan esbarra com Gianni Versace em uma boate gay de São Francisco. Ávido fã do estilista, o rapaz logo começa a contar suas mentiras afim de chamar a atenção de Versace, contando à ele que sua vó também é da Itália, com o sonho de retornar à terra-mãe. Gianni logo fica interessado nas história da vó de Cunanan, iniciando uma conversa com o rapaz, posteriormente convidando-o para a ópera.

Na cena, Andrew (Darren Criss) conta a um casal de amigos sobre ter conhecido Versace, mas manipula a história para o seu benefício

Andrew, então, mostra duas histórias diferentes sobre esse encontro. Para um casal de amigos, Cunanan conta que o interesse partiu inteiramente de Versace, mostrando completa indiferença diante o acontecimento, enquanto zomba da homossexualidade do estilista e até mesmo menospreza o seu talento, falando que as roupas feitas por ele são para “putas”. Para um outro amigo, Jerome (Joe Adler), no entanto, Cunanan já demonstra mais interesse no italiano.

Nessa cena, em particular, fica logo claro que a rede de mentiras criada por Cunanan não é, exatamente, uma novidade para todos. Jerome comenta as outras diversas vezes em que Andrew mentiu sobre o seu passado, e até mesmo aponta em como ele esconde sua sexualidade das pessoas, contando aos héteros que ele é hétero, e aos gays que ele é gay. Para Cunanan, as mentiras são complexas e vem com muita facilidade.

A personalidade da personagem, que aparentemente será o grande protagonista desse ciclo de ACS, também torna-se visível através da atuação de Darren, que entrega muitos olhares e encaradas psicopáticas junto à realidade de uma pessoa que mimetiza as expressões e reações de outras pessoas, afim de esconder o fato de que ela mesma não possui determinados sentimentos, como a simpatia, ou vibra e celebra por ter conseguido matar Versace e compra todos os jornais para ficar antenado sobre a sua façanha.

No dia de sua morte, Gianni (Edgar Ramírez) seguiu com a sua rotina como todas as manhãs, sem imaginar, é claro, o que o aguardava

O episódio também dá indícios de como irá retratar a homossexualidade do estilista e todo o cenário gay da época (junto aos preconceitos), com os policiais completamente desnorteados em como um relacionamento gay acontece, muitas vezes deixando evidente suas pré-concepções. O exemplo para esta narração é o breve interrogatório feito pela polícia à Antonio D’Amico (Ricky Martin), onde eles questionam se, assim como os garotos de programa contratados para entreter Versace, D’Amico era pago para manter seu relacionamento com o estilista.

Este terceiro momento do season premiere é marcado pela ilustre aparição de Penélope Cruz no corpo de Donatella Versace, irmã de Gianni. Muito caprichada na caracterização e afiada em reproduzir o carregado e icônico sotaque de sua personagem, a presença de Donatella é introduzida de uma forma um tanto fria e distante, ainda que visivelmente abalada pela morte de seu querido irmão. A estilista aparece em cena para mandar a polícia embora e repreender D’Amico, mostrando um certo desafeto que ela possivelmente possui com o “cunhado”.

Donatella (Penélope Cruz) possui um relacionamento muito próximo de seu irmão, e mesmo muito abalada com sua morte, ela está mais do que determinada a não deixar o legado Versace morrer

Donatella também é apresentada como uma mulher forte, determinada a tomar as rédeas do império criado por seu irmão, incapaz de deixar que todo o seu legado seja perdido devido seu assassinato ou até mesmo pelas histórias de sua vida particular que logo irão vir a tona pela imprensa de todo o mundo. Donatella não está em Miami Beach apenas para ficar de luto pela morte de Gianni, mas também para garantir que as engrenagens continuem rodando e que a empresa continue privada, sob tutela da família Versace, com ela própria sentada no trono.

Fica claro, então, que podemos esperar pelo menos dois grandes arcos dessa história: a de Andrew (e a sua relação com Gianni) e a de Donatella (narrada pela sua ligação muito próxima e fraternal com seu irmão). A mesma expectativa pode ser estendida para o maravilhoso trabalho visual que a série trará e a fiel caracterização de seus personagens, exatamente como aconteceu com a temporada anterior, que ganhou inúmeros prêmios em categorias técnicas (assim como em categorias principais, como a de Melhor Minissérie ou Telefilme, no Golden Globe Awards de 2017). Já é bastante evidente que o tom de fotografia quente, com breves cenas em cores neon e a música clássica serão elementos marcante nesta temporada.


Para o telespectador, resta apenas acompanhar a narrativa que será dividida em nove capítulos, finalizando o seu ciclo, sem pausas, em 21 de março. No Brasil, a série vai ao ar pelo canal pago FX, com um dia de atraso, todas as quinta-feiras às 23h.


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