No primeiro dia de fevereiro, Belo Horizonte já foi palco de axé, samba e brilho, elementos típicos do Carnaval. O Jângalove trouxe para a capital mineira o clima da maior festa nacional, com atrações que celebraram o suingue, a arte e cultura nacional em grande estilo.
Blocos como Pitaya, apostando no forró e no reggae para dançar junto, Swing Safado e Quando Come se Lambuza, com releituras de sucessos antigos e atuais do axé, sertanejo e funk, ajudaram a dar o tom do evento, fortalecendo a mistura de ritmos encontrada todo ano na época de folia. Além disso, DJs contribuíram para compor a programação nos intervalos, trazendo uma sonoridade mais moderna e alto astral ao espaço enquanto aconteciam as trocas de bandas.

Era o encontro ideal para dar as boas-vindas para o Carnaval, com muita cor e energia que trouxeram a grandeza da sapucaí para a Serraria Souza Pinto, localizada no centro de BH.
Certamente o festival representou um convite a exaltação das tradições brasileiras e as riquezas, sobretudo culturais, que precisam sair das playlists apenas, para movimentar o corpo, as lembranças e a troca de experiências com o coletivo. Ao final, saímos revigorados e contentes por expressar e fortalecer produções nacionais no balanço que esse mês ainda nos aguarda.
Bloco do Silva
Após lançar seis álbuns, o último há quase dois anos apostando em uma sonoridade bem brasileira, Lúcio Silva de Souza, popularmente conhecido pelo nome artístico Silva, se mostra novamente com o novo projeto Bloco do Silva, um mecanismo de nostalgia do artista que não esconde suas raízes propriamente relacionadas com o nosso país. O projeto, acompanhado de referências em artistas nacionais, explora os sons próprios do axé e a brasilidade do cantor, com o uso principalmente do violão, junto a sua banda e demais instrumentos, que determinam a melodia das músicas apresentadas.

Silva, que vasculhou o baú musical da infância para montar grande parte do repertório do Bloco do Silva, reúne releituras de grandes sucessos da axé music dos anos 90, época em que o cantor passava os carnavais na praia com a família. Com a voz leve e tranquila, característica de sua trajetória, o artista reencontrou sua juventude e apresenta um show alegre, que nos faz lembrar dos nossos primeiros carnavais.
Inspirações em elementos e produções marcantes da cultura brasileira são destaques, como as canções A Luz de Tieta, de Caetano Veloso, Toda Menina Baiana, de Gilberto Gil, e Mal Acostumada, do grupo Araketu. Fato é que o artista escolheu músicas que marcaram época e continuam emocionando a gente, as quais o público canta de forma intensa enquanto lembram de momentos vividos.
O cantor mistura ainda algumas músicas próprias como A Cor é Rosa, Fica Tudo Bem, Pôr Do Sol Na Praia e Pra Vida Inteira, deixando os fãs ainda mais empolgados com o espetáculo ao revisitar sucessos do capixaba e parcerias interessantes com nomes como Anitta, Ludmilla e Ivete Sangalo.
Entrevista
1- Qual você acredita ser o seu diferencial enquanto artista?
Sou músico, sou brasileiro e tenho a cabeça aberta para estilos musicais bem diferentes, talvez esse seja o jeito de definir minhas escolhas.
2- O que o projeto do Bloco representa para você?
O Bloco me ensina muito e é um momento em que posso cantar tudo que quiser. É mais uma daquelas coisas que me fizeram evoluir com a recompensa de ver as pessoas se divertindo tanto no show.
3- Qual a sua motivação para desenvolver esse projeto?
Esse show surgiu da vontade de homenagear o primeiro carnaval da minha geração, com essa música pop com base forte nas raízes do Brasil.
4- O que caracteriza hoje a sonoridade do Silva?
Acho que a mistura. Eu não enxergo música com rótulos e barreiras, deve ser por isso que consigo misturar muitos gêneros numa música só. Gosto muito disso.
5- O que o seu último álbum “Brasileiro” trouxe para você?
“Brasileiro” me levou para muitos lugares e apresentou minha música para tantas e tantas pessoas. Aprendi muito com tudo que cercou esse álbum.
6- Qual trabalho mais marcou a sua trajetória até agora?
“Brasileiro”.
7- Se você pudesse, o que resgataria do Silva de antes do reconhecimento e da fama?
Sinto falta do ócio. Mas estou me organizando pra voltar a ter mais momentos assim. Acho importante.
8- O que podemos esperar do Silva em 2020?
Estou compondo bastante, muitos rascunhos que têm me deixado empolgado. Logo quero poder colocar tudo isso no mundo.
*Jângalove foi realizado no dia 1 de fevereiro na Serraria Souza Pinto, pela Jângal e A Macaco, com patrocínio da Zuur Gin e apoio da Press&Co assessoria e imagem e o jornal O Tempo.
PLAYLIST