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"Uma Dobra no Tempo" possui as suas falhas, mas entrega um filme cheio de efeitos especiais e provando que meninas podem salvar o mundo.

“Uma Dobra no Tempo” possui as suas falhas, mas entrega um filme cheio de efeitos especiais e provando que meninas são capazes de serem as salvadoras.


BBaseado no livro homônimo de Madeleine L’Engle, Uma Dobra no Tempo (2018) chegou aos cinemas brasileiros no final de março com a aposta de ser um filme infanto-juvenil que em meio a fantasia transmitiria mensagens importantes sobre a autoaceitação, o poder da esperança e sobre os laços familiares e de amizades.

A trama gira em torno da adolescente Meg (Storm Reid) e de seu irmão caçula, Charles Wallace (Deric McCabe), que sofrem com a ausência de seu pai, Dr. Murry (Chris Pine), um renomado físico que trabalhava em um misterioso projeto científico e que desapareceu há quatro anos sem deixar nenhuma pista. Apesar deste tempo sem a presença paterna, os irmãos ainda sentem fortemente essa perda. Nesses últimos anos, Meg acabou se tornando uma jovem hostil, desconfiada, com poucos amigos e que enfrentou diversos casos de bullying na escola. Enquanto isso, Charles Wallace é visto como um esquisito, até mesmo um pouco doido, por ser muito inteligente.

Quando a esperança de encontrar seu pai estava quase morrendo, Meg e Charles são surpreendidos ao encontrar com as guardiãs do universo, três mulheres responsáveis por ajudar os necessitados de esperança e força no universo. Assim, a Sra. Quem (Mindy Kaling), Sra. Qual (Oprah Winfrey) e a Sra. Queé (Reese Witherspoon), enviam Meg e Charles, que estão acompanhados de um colega da escola chamado Calvin (Levi Miller), em uma aventura para encontrar o pai dos irmãos, viajando em uma dobra no tempo, conhecida como tessering. E para conseguir voltar a Terra e ajudar o seu pai, Meg precisará lutar contra a escuridão que existe dentro de si para derrotar as forças malignas que aos poucos estão envolvendo o universo.

Por se tratar de um longa focado para o público infanto-juvenil, fica claro que a diretora Ava DuVernay pensou nos mínimos detalhes nos quesitos estéticos: as cores, os cenários e os efeitos especiais. Tudo foi elaborado para criar uma experiência lúdica para o público, desde a fotografia assinada por Tobias A. Schliessler e a direção de arte de Gregory S. Hooper e Jeff Julian, supervisionados por David Lazan, foram os grandes pontos positivos do filme, fazendo com que Uma Dobra no Tempo seja uma experiência estética interessante e criativa, mas que não consegue cumprir com todas as suas expectativas narrativas.

De forma geral, o roteiro é confuso em diversos aspectos. Nem mesmo os grandes nomes como Oprah Winfrey, Reese Witherspoon, Chris Pine, Mindy Kaling, Gugu Mbatha-Raw e Michael Peña conseguem amenizar as falhas presentes no texto. Algumas sequências são muito prolongados, dando a sensação de enrolação, sem contar com a montagem que não ajuda a criar continuidade em diversas cenas, não apresentando uma ligação coerente.

Meg, seu irmão Charles Wallace (Deric McCabe) e o amigo Calvin O’Keefe (Levi Miller) utilizam o tessering para viajar pelo universo em um piscar de olhos

Apesar desse viés negativo no roteiro de Uma Dobra no Tempo, é importante destacar o caráter representativo que a obra possui, uma vez que não só DuVernay foi a primeira mulher negra a comandar uma produção de mais de 100 milhões de dólares, mas também por possuir um elenco inclusivo que toma papeis de protagonismo na trama e de personagens fortes: como a jovem protagonista ser uma garota negra e as guardiãs do Universo serem vividas por uma negra, uma descendente de indianos e uma branca. Em entrevista para a revista Time, a diretora revelou alguns de seus critérios para a escolha do elenco: “Eu não estava apenas procurando por atrizes. Eu estava procurando por líderes – ícones. Reese é a produtora mais popular da cidade. Oprah é a mais prolífica e venerável lenda da televisão e uma artista e empreendedora. E Mindy é uma das poucas mulheres dirigindo um programa com o nome dela, sobre ela”, contou.

Apesar de frequente, a tarefa de adaptar obras literárias para as telas de cinema não é das mais fáceis e, em pleno 2018, parece que a prosperidade das adaptações de obras infanto-juvenis chegou ao seu fim. Foi-se o tempo das adaptações memoráveis como As Crônicas de Nárnia (2005), Ponte Para Terabítia (2007) e das franquias Harry Potter e Jogos Vorazes.

Da esquerda pra direita: Sra. Quem (Mindy Kaling), Meg Murry (Storm Reid), Sra. Qual (Oprah Winfrey), Dr. Alex Murry (Chris Pine) e Sra. Queé (Reese Witherspoon)

Ao final, Uma Dobra no Tempo deixa a desejar, uma vez que apresenta inúmera falhas em seu roteiro. Mas, apesar dos aspectos negativos, o longa consegue cumprir com o seu papel fantasioso, criando um universo lúdico por meio dos efeitos especiais e com alguma representatividade importante, mostrando que as meninas podem sim salvar o mundo.


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