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“Suprema” é uma cinebiografia carregada de feminismo e empoderamento, em uma história que narra a história da figura histórica Ruth Bader Ginsburg.


No mês de março comemora-se o Dia Internacional da Mulher e, coincidentemente, durante esse mês foram lançados filmes carregados de empoderamento feminino, com mulheres no papel principal, como foi o caso de de Suprema (2018). Dirigido por Mimi Leder, o filme traz no elenco Felicity Jones, Armie Hammer, Justin Theroux, Kathy Bates, Sam Waterston, Stephen Root, Jack Reynor e Cailee Spaney.

Suprema é um filme biográfico que retrata a vida de Ruth Bader Ginsburg, interpretada por Jones, a primeira mulher a fazer parte da Suprema Corte dos Estados Unidos. Tudo começou no ano de 1956, quando Ruth Bader Ginsburg (Jones) resolveu ingressar na faculdade de direito na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. Por se tratar de um ambiente majoritariamente masculino, eram poucas as mulheres que estudavam direito naquela época e não demorou para que Ruth sentisse o sexismo na pele. Em sala de aula, a presença de uma mulher causa estranhamento para muitos, de forma que era comum ela ser questionada sobre o que estava fazendo ali: “Por que está aqui, Srta. Ginsburg, ocupando o lugar que podia ser de um homem?”

Apesar desses obstáculos, Ruth conta com o apoio de uma pessoa fundamental: Martin Ginsburg (Armie Hammer), seu marido. Assim como ela, Martin também estudava direito em Harvard. Ao invés de mandar ela desistir, ele lhe dá apoio, incentivo e a ajuda nesta luta. Em nenhum momento Martin tenta sobrepor-se a ela, ou “roubar o destaque” de Ruth; ele faz de tudo para ajudá-la e sem tirar o seu protagonismo.

Ruth dedica seu trabalho à defesa das mulheres, lutando contra as leis diferenciadas com base no gênero. O filme mostra diversas leis que apresentavam distinções entre homens e mulheres, mas a mais marcante de todas é a que diz que o trabalho de cuidadores deveria ser realizado somente por mulheres, provando uma discriminação contra os homens. Dessa forma, Ruth Bader Ginsburg faz questão de procurar a Justiça para alterar tais leis, mostrando os efeitos negativos que elas tem para ambos os gêneros.

A relação de cumplicidade estabelecida entre Ruth e Martin é interessante de observar, ainda mais levando em consideração o contexto da época. Ele reconhecia a inteligência de sua mulher e seu talento, e em nenhum momento tenta receber o mérito das ações. Além disso, também é interessante observar a relação entre mãe e filha, estabelecida entre Ruth e Jane (Cailee Spaeny). As duas têm um dos melhores embates da trama, incitando discussões sobre o movimento feminista e suas vertentes.

O elenco do filme desempenha um excelente trabalho, com destaque para a performance de Felicity Jones. A atriz entrega com maestria o papel de uma mulher forte e confiante, que não se deixa abalar pelo ambiente hostil e dominado pelos homens. Ela é uma heroína do mundo real, palpável e que gera o sentimento de identificação para outras mulheres. Além de Jones, o filme traz outros destaques como Justin Theroux, Cailee Spaeny e Kathy Bates, que roubaram a cena em vários momentos.

Suprema é um filme carregado de empoderamento, narrando a vida de uma mulher importante na luta contra a discriminação de gênero, uma pauta que até hoje é discutida. Apesar da evolução e das mudanças que foram feitas, ainda há muito mais o que evoluir. A luta é muito maior. O longa acaba sendo muito mais do que uma cinebiografia, indo além do que somente retratar a vida de Ruth Bader Ginsburg. Suprema traz à tona a discussão feminista, que coloca em pauta diversas questões e reflexões acerca do tema, que veio para inspirar milhares de mulher ao redor do mundo.


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