
O retorno leve da grande artista que é Ariana
Vocais em destaque, batidas suaves e harmonias agradáveis: assim é composto o Sweetener, novo álbum de Ariana Grande. Vindo de uma investida sensual e provocante com Dangerous Woman, lançado em 2016, ela parece finalmente se render as suas preferências e emoções. Apostando em um ritmo delicado, a artista traz um disco mais doce, como sugere o próprio título do projeto (Adoçante, em português), em um repertório harmônico e diferente de seus trabalhos anteriores.
A nova era, tanto em sua vida pessoal quanto em sua carreira, é marcada um pop sombrio, com detalhes instrumentais, possivelmente o resultado do atentado terrorista que sofreu em 2017, quando uma bomba explodiu durante seu show na Manchester Arena, em Manchester, Inglaterra, matando alguns de seus fãs e deixando dezenas de outros feridos. O primeiro single do disco, no tears left to cry, revela em um tom otimista e sensato a vontade de recomeçar, combinada com a sua voz suave. Em um dos versos ela diz: “Agora, estou em um estado de espírito / No qual eu quero estar o tempo todo / Não tenho mais lágrimas para chorar / Então, estou correndo atrás, correndo atrás / Estou amando, estou vivendo, estou correndo atrás”.

Dando continuidade a sequência de lançamentos e divulgações, Ariana veio com uma aposta ousada e rica em referências, God is a woman certamente marcou essa nova fase da cantora. A música, divulgada juntamente com o clipe, oferece uma investida audiovisual que vai desde O Pensador, de Auguste Rodin, até o Jardim do Éden, ambiente importante da história bíblica, para questionar toda uma perspectiva do mundo guiada pelo olhar masculino.
No clipe, a mulher aparece como principal, protagonista da própria história e da construção da humanidade, seja ela na Bíblia ou nas artes – afinal a figura feminina na arte vai muito além da Monalisa apenas. A artista compõe uma narrativa feminina de enfrentamento, expondo os desafios encontrados ao longo da trajetória, baseada em várias ligações com momentos e obras marcantes da história humana. Muito provável no final da música você também ‘‘acreditará que Deus é uma mulher’’.

A vida amorosa da artista também ganhou espaço no disco. Pete Davidson, nome do seu noivo, mostra as realizações e a felicidade em estar completa com si própria e o companheiro e agradecida pelo momento que está passando em sua vida.
Ainda para os que gostam do ritmo eletrônico da artista, breathin é a música certa. Menos elaborada, com ritmo eletrônico e letra de superação, tem tudo para conquistar os admiradores do som que marcou Ariana.
https://www.youtube.com/playlist?list=PL0Dt7iCf0oTgfRZR8T0LkeRlMos5iUtZk
Dessa forma, para os fãs acostumados com as batidas fortes e melodias ousadas que se tornaram a marca registrada da cantora e o ponto forte de seu trabalho, podem se surpreender com o álbum recém-lançado. A produção de Pharrell Williams, alinhada as suas referências, parecem trazer uma atmosfera que não explora todo o potencial da artista, com muitas repetições das letras em algumas músicas, apesar de trazer grandes destaques.
Por outro lado, ao ouvir todas as faixas a impressão que fica é que Ariana Grande parece estar bem à vontade e fazendo o que gosta, ultrapassando assim elementos que a tornaram famosa. Vemos aparecer uma artista honesta, sensível e preparada para lidar com os desafios da vida, os momentos e escolhas que passou durante a carreira, essa é a sensação que domina todo o trabalho.

A emoção assume o tom principal do álbum e nesse sentido a cantora mostra sua grandeza ao investir em um discurso pessoal e autêntico. Sweetener é uma declaração de Ariana Grande para o que e quem ela se sente bem. Um discurso de encorajamento para uma vida doce, mesmo que para isso precise de um adoçante.