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Bacu Exu do Blues traz em "Não Tem Bacanal na Quarentena" um álbum de impacto de sonoridade rica que transmite ansiedade, tesão e ideologia.

Baco Exu do Blues traz em “Não Tem Bacanal na Quarentena” um álbum de impacto de sonoridade rica que transmite ansiedade, tesão e ideologia.


BBaco Exu do Blues, rapper baiano que teve sua ascensão em 2017 com o disco Esú, disponibilizou seu novo cd nas plataformas digitais na terça-feira dia 31 de março. O disco denominado Não Tem Bacanal na Quarentena, por força das circunstâncias se torna o terceiro da discografia do cantor. Tem nove músicas e substitui o lançamento de Bacanal, que foi produzido no final do ano passado e seria lançado no primeiro semestre de 2020.

Capa do álbum

Não Tem Bacanal na Quarentena, é impressionantemente atual, Baco canta sobre a quarentena implementada diante da pandemia de Covid-19, cita a rapper americana Cardi B, o presidente Jair Bolsonaro, sexo, o participante do BBB 20, Babu Santana e não esquece das críticas acidas ao racismo como em: “Coronavírus me lembra a escravidão / Brancos de fora vindo e fodendo com tudo”. O álbum faz jus ao estilo do rapper, com o equilíbrio de versos escancarados, metáforas inteligentes e a mistura de batidas fortes, mas sem esquecer do R&B.

Baco Exu do Blues atua como cantor, compositor e produtor neste cd que foi gravado e produzido em três dias na casa do próprio. Como produtor ele mostra grande habilidade ao selecionar rappers pouco conhecidos no cenário como Virus, Young Piva e Celo Dut, na faixa Dedo no Cu e Gritaria. As músicas Preso em Casa Cheio de Tesão e O Sol Mais Quente, tem parcerias femininas de Lellê e Aisha, respectivamente – esta última fortalece o som dos tambores graças ao tom árabe dado por ela. As mulheres também aparecem em Tudo Vai Dar Certo, com 1LUM3 (codinome de Luiza Soares) e Ela é Gostosa pra Caralho, com Maya.

A crítica ao racismo é predominante na primeira faixa do disco, Jovem Negro Rico – na qual Baco Exu do Blues ressalta o medo que ascensão do negro jovem causa na sociedade – e em Tropa do Babu, que faz menção ao participante do BBB 20. A critica a política fica por conta de Amo Cardi B e Odeio o Bozo, com versos como “Cardi B fez mais que o presidente”, enquanto no fundo da música se ouve o famoso meme da rapper americana Corona Vairus e Shit it’s Getting Real, além de depoimentos de jovens que estão sofrendo com o cenário criado pelo Coronavírus. Em Tudo Vai dar Certo, Baco incluiu o som de panelaços contra o presidente e gritos de “fora Bolsonaro” e “assassino”. O rapper fecha sua ode a quarentena com “O Papa é pop / A quarentena é pop”.

Não Tem Bacanal na Quarentena mostra uma certa ansiedade, que atinge não só o rapper como toda a população. Em entrevista, ele disse que “Preferi não lançar meu álbum do ano (Bacanal) em meio à pandemia, mas senti uma vontade imensa de produzir algo e soltar logo”. Fazer um disco sob a ótica da pandemia mostra o quão atualizado Baco é e procura trazer essa atualidade para suas músicas, talvez como meio de conscientização. O rapper consegue juntar ódio, tesão, ansiedade, e desejo no cd com batidas de trap e beats hipnóticos. Baco Exu do Blues usa memes, depoimentos e panelaço para reforçar sua visão, que é impecavelmente contundente ao seu discurso e aos outros discos, mesmo esse sendo feito em apenas três dias.


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