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"Your Name" aposta em um enredo de troca de corpos para contar uma encantadora história, sendo um sucesso de crítica e bilheteria.

“Your Name” aposta em um enredo de troca de corpos para contar uma encantadora história, sendo um sucesso de crítica e bilheteria.


SSe você tem algum interesse por animes e mangás é quase certo que tenha visto algo sobre o fenômeno Kimi no Na wa, mais conhecido como Your Name em seu título ocidental. O filme de Makoto Shinkai que movimentou os cinemas japoneses ano passado, conquistou também expectadores fora das fronteiras do arquipélago e, desde então, não sai dos holofotes internacionais.

A história da animação que estreou no Japão em agosto de 2016, a principio, é simples. Um casal que troca de corpo após a queda de um comenta em uma pequena cidade japonesa. Até aí, nada que a diferencie das muitas produções sobre o assunto. Se Eu Fosse Você (2006) é um exemplo tupiniquim disso, que fez muito sucesso e ganhou sequência.

 

Troca de Corpos

O filme de Makoto, entretanto, aborda o tema talvez saturado de maneira única. O enredo apresenta Mitsuha Miyamizu (Mone Kamishiraishi), uma jovem estudante que mora na região montanhosa de Hida, no interior do Japão, e sonha viver na metrópole Tóquio. Em contraponto, traz Taki Tachibana (Ryûnosuke Kamiki), um garoto que divide seu tempo entre a escola e o trabalho de meio período na movimentada Tóquio. Ela deseja fugir da sombra do pai, prefeito da pequena cidade. Ele persegue o sonho de tornar-se arquiteto.

https://www.youtube.com/watch?v=MjJH388tXkc

Numa manhã qualquer, os jovens acordam com os corpos trocados. A princípio os dois acreditam tratar-se de um sonho, mas no dia seguinte, depois de retornarem aos seus respectivos corpos, são questionados do por que estavam agindo fora do habitual no dia anterior. É então que Taki e Mitsuha percebem que o que estão vivendo é real.

Com as trocas recorrentes, eles compreendem que as mudanças acontecem no período de sono e que, ao voltar para o próprio corpo, não conseguem se lembrar de nada do que o outro fez no dia anterior. Para se conhecerem e não interferirem drasticamente na vida um do outro, eles começam a fazer perguntas e instruções em cadernos, celulares e até em seus braços e rostos. Sem perceber, os dois se tornam amigos e se ajudam em seus problemas pessoais.

Um dia as trocas param de acontecer. Taki tenta entrar com contato com Mitsuha, mas não obtém êxito. Daí em diante, a história desenrola-se de tal maneira que é interessante acompanhar os acontecimentos assistindo o longa. Sem demais spoilers.

 

Apaixonante & Identificável

O que se pode adiantar é a excelência da qualidade técnica. Produzindo pelo estúdio CoMix Wave Films e distribuída pela Tōhō, o filme segue os padrões das animações japonesas com extrema qualidade visual. As cenas são muito bem iluminadas e não perdem a essência japonesa na delicadeza e suavidade dos traços. As representações da metrópole Tóquio e do interior do país são ricas e cheias de detalhes. Além disso, conta com notas de piano para dar um ar melancólico em determinados momentos, uma característica comum nos filmes de Makato.

O roteiro também não deixa a desejar. A começar pelo fato das trocas de corpos alternarem em um curto espaço de tempo. Há também a sensação de identificação por parte dos espectadores mais jovens, criada sabiamente através de recursos narrativos como situações comuns da adolescência e a constante presença da tecnologia digital enquanto meio de informação e comunicação.

É como Jader Pires escreveu em seu texto sobre Your Name para o site Papo de Homem: “Shinkai vai construindo toda essa beleza com a micro problemática de um casal jovem que precisa se descobrir e descobrir ao outro, além de lidar com as decisões pragmáticas que encerram a adolescência e iniciam a vida adulta, ele na competitiva cidade grande e ela no monótono povoado”.

Apesar de bem construído, o script em alguns momentos parece confuso – e realmente confunde o espectador –, mas logo se faz compreensível graças às reviravoltas que ajudam a desenvolver a trama. Além disso, é praticamente perfeito nas representações culturais do Japão, sejam elas tradicionais ou contemporâneas, como Mitsuha no ritual Kuchikamisake – método antigo de produzir sakê – ou Taki em seu ritmo de vida acelerado na grade Tóquio. Tudo dentro de um enredo que mescla fantasia, humor, romance e drama de maneira peculiar.

 

Brasil

Anime de maior sucesso na última década, Kimi no Na wa demorou a estrear em terras tupiniquins. Graças a Internet, em meados do ano passado foi possível assistir o filme legendado por fãs e de baixa resolução. A produção de Makoto Shinkai finalmente chegou às telonas brasileiras em outubro de 2017. Foi exibido em sessão única pela rede Cinemark em 30 cinemas distribuídos por 28 cidades, sendo a maioria da região sudeste do país.

Em dezembro foi a vez do longa de animação entrar para o catálogo da Netflix brasileira. Meses antes, rumores já anunciavam a estreia do filme no serviço de streaming, o que surpreendeu aos fãs foi disponibilidade da versão dublada em português brasileiro. Tornando-se a segunda animação da Makoto a ser dublada no Brasil, antecedida por Viagem para Agartha (2011).

 

Sucesso de Bilheteria

Exibido pela primeira vez no Anime Expo em Los Angeles, em julho de 2016, Kimi no Na wa estreou no Japão em agosto do mesmo ano. Tornou-se sucesso imediato, ocupando o primeiro lugar nas bilheterias japonesas por 12 semanas consecutivas.

Não demorou para o feito ultrapassar as fronteiras do país asiático. Em seu primeiro ano de exibição nos cinemas ao redor do mundo, o filme de Makoto arrecadou pouco mais que 355 milhões de dólares. Com isso o longa ultrapassou o aclamado A Viagem de Chihiro (2003), transformando-se no anime de maior bilheteria do mundo.

Os números não param por aí. Kimi no Na wa ainda acumula outros recordes, como o título mais rentável no Japão, superando Frozen (2013), Titanic (1997) e o já citado A Viagem de Chihiro. É também o filme japonês de maior arrecadação de todos os tempos. Além disso, foi a 4ª maior bilheteria mundial de um filme de língua não inglesa em 2016.

Tamanho sucesso gerou reconhecimento e prêmios, dentre eles o Festival Internacional de Tóquio, o Sitges Film Festival (Festival Internacional de Cinema da Catalunha), o Asian Film Awards, o Japan Record Special Award e Japan Academy Prize. Além de indicações, como a de Melhor Filme no Festival de Cinema de Londres.

Um número considerável de fãs criticaram a não indicação do filme ao Oscar como Melhor Animação. Entretanto, se serve de consolo, para os usuários do maior site de cinema do mundo, o IMDB, Kimi no Na wa está 79º entre os melhores filmes de todos os tempos, a frente de animações consagradas como Toy Story (1995) e Up: Altas Aventuras (2009), respectivamente em 93º e 113º.

 

Adaptações

Baseado em uma graphic novel homônima do próprio Makoto Shinkai, o longa de animação superou as expectativas tornando-se sucesso de público e crítica. Além do filme, o autor adaptou a história para o formato mangá com ilustrações de Ranmaru Kotone.

Publicado em três volumes no Japão, o mangá chegou ao Brasil antes mesmo que o anime. Anunciado pela Editora JBC, começou a ser comercializado com periodicidade bimestral, sendo o primeiro volume lançado nas bancas e livrarias em agosto de 2017 e o último em janeiro deste ano.

Em setembro passado foi anunciado que a animação será mais uma a ganhar versão live action. Em anuncio oficial, a Paramount Pictures e a Bad Robot afirmaram que a nova adaptação da obra de Makoto contará com o apoio do estúdio Tōhō e será produzida por ninguém menos que J.J. Abrams, Lindsey Weber e Genki Kawamura. Lembrando que Kawamura exerceu a função de produtor na animação. O remake ainda não tem data para estrear.


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