fbpx

Pequena Grande Vida não é dos melhores trabalhos de Alexander Payne, que decepciona pela falta de equilibrio do humor com temas relevantes.

Em Pequena Grande Vida, dirigido por Alexander Payne, um estudo científico descobriu a possibilidade de encolher os seres humanos, com a finalidade de economizar fontes de alimentação e água. Um mundo reduzido seria, teoricamente, mais equilibrado e sustentável. Paul Safranek (Matt Damon) é um terapeuta ocupacional que não se sente realizado profissionalmente e passa por dificuldades econômicas. Ao se deparar com a possibilidade de encolher e viver em uma nova realidade (onde seus gastos seriam bem menores), não pensa duas vezes em aceitar a oportunidade. O filme narra, em tom cômico, a adaptação do protagonista a essa nova vida.

Por causa desse tom, muitos dos personagens da trama são construídos de forma caricata, como Dursan Mirkovic (Christoph Waltz), um estrangeiro rico e mulherengo, enquanto outros personagens, como a interpretada por Hong Chau, oscila entre a comédia e o drama. O longa também passa a impressão de ser desorganizado, uma vez que muitas subtramas emergem na narrativa sem uma amarra do roteiro, sendo difícil saber em qual arco devemos focar. A montagem, por sua vez, também não ajuda o desenrolar do filme, apresentando um longa com diversas cenas que poderiam ser facilmente retiradas da edição final.

Por outro lado, a película é bem sucedida na reflexão que faz em relação à situações de exploração e desigualdade em sociedades cuidadosamente planejadas e aparentemente perfeitas. É perceptível que o filme tem a pretensão de abordar temas diversos e fazer uma crítica ao american way of life, que acaba perdendo a chance de ser melhor construída e mais pontual.

Da direita pra esquerda, Paul Safranek (Matt Damon), Dursan Mirkovic (Christoph Waltz) e Ngoc Lan Tran (Hong Chau)

É inegável que Alexander Payne é um importante nome do cinema contemporâneo, tendo acertado em longas consideravelmente prestigiados como Sideways – Entre Umas e Outras (2004), Os Descendentes (2011) e o excelente Nebraska (2013). Pequena Grande Vida pode decepcionar os fãs do diretor por não exibir aspectos técnicos e artísticos surpreendentes, mas garante risadas e boas reflexões, graças a sua interessante premissa inovadora e os questionamentos sobre sustentabilidade, desigualdade e ganância.


Compartilhe

Twitter
Facebook
WhatsApp
Telegram
LinkedIn
Pocket
relacionados

outras matérias da revista

Pesadelo na Rua Z
Deborah Almeida

Pesadelo na Rua Z / “Não Olhe” (2018)

Já imaginou se o seu reflexo no espelho fosse uma espécie de “gêmeo do mal’? Essa é a premissa de Não Olhe, filme de terror que explora a temática do próprio reflexo como motivador do horror presente na relação entre nossa imagem (o que projetamos) e o de fato somos. A trama tem como protagonista Maria (India Eisley), uma jovem insegura e solitária que sofre bullying dos colegas de escola e tem em sua única amiga, na verdade, uma potencial grande inimiga. Em casa, seu pai (Jason Isaacs) só se importa com sua aparência física e sua mãe é extremamente indiferente.
Leia a matéria »
Fotografia
Victor Piroli

Ensaio: Victor Piroli #2

fotógrafo; victor piroli, 22 anos belo horizonte, minas gerais portfólio; victorpiroli.com Com uma matéria sobre drag queens nesta edição da ZINT, achei que precisávamos de um ensaio fotográfico. Para a minha sorte, Victor Piroli tem em portfólio um ensaio com algumas drags de Belo Horizonte. Então, nada melhor do quê pedir que ele colocasse em exposição alguma dessas fotografias aqui na Z. Shantay, you slay! - vics. modelo; bettie adamsmodelo; bettie adamsmodelo; amber ivesmodelo; amber ivesmodelo; made in linemodelo; made in line
Leia a matéria »
Back To Top