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"The Neighbor's Window" traz um olhar interessante para a temática do distânciamento em um retrato de observação impactante.

Por motivos óbvios na nossa vivência em 2020, observar a rotina do vizinho pela janela nunca foi tão atual. The Neighbor’s Window (2019) apresenta a percepção de Alli (Maria Dizzia), mulher de meia idade, casada, mãe de dois filhos (na espera do terceiro) que nota um casal de vizinhos pela janela do apartamento e essa novidade desperta a emoção que faltava em seu próprio dia-a-dia.

A curiosidade pela vida dos vizinhos foi despertada em uma noite em que Alli e seu marido Jacob (Greg Keller) olham pela janela e descobrem que o casal não se importa muito em fechar as cortinas quando tem relações sexuais e outras atividades. Alli e Jacob são confrontados pela energia e virilidade que sua relação já não possui mais.

Escrito e produzido pelo norte-americano Marshall Curry, o filme recebeu o Oscar 2020 na categoria de Melhor Curta-Metragem. Em apenas 20 minutos, Curry consegue trabalhar muito bem as elipses e sutilmente faz a passagem do tempo. Observar a vida do casal imprudente se torna parte da vida de Alli e Jacob que compram até um binóculo para enxergarem com mais clareza de detalhes.

Quem é que nunca olhou para a vida de outra pessoa e se imaginou naquela situação? Ou até mesmo pensou que a realidade dos outros é bem melhor que  a sua? Essa é a grande sacada de The Neighbor’s Window, em um curto período de tempo, o telespectador consegue refletir se a grama do vizinho é realmente mais verde.

A trama se desenvolve na progressão necessária e a cada minuto que passa a imersão nos acontecimentos é cada vez mais inevitável. A curiosidade incansável de Alli é o que não deixa a atenção se desviar, a vontade de acompanhar a protagonista é tão grande que é quase impossível não se imaginar querendo invadir a casa de alguém para finalmente obter as respostas tão ansiadas.

Apesar de acertar na apresentação da história, Marshall falha com um final totalmente explicado. A narrativa que fluía perfeitamente é substituída com explicações quase desenhadas, é como se as inúmeras possibilidades de reflexões que foram cedidas fossem retiradas em um único momento.

No contexto da pandemia mundial e da inevitável quarentena, tudo o que temos é o que se passa do lado de fora da nossa janela. Não podemos nos aproximar e nem nos tocar, a percepção dos acontecimentos é mais distante e as várias olhadas pela janela em busca de alguma novidade é rotineiro. Assim como os personagens, as nossas reflexões acabam se internalizando pela falta de contato com o outro. É impossível não se identificar com The Neighbor’s Window.

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