fbpx
"Tidelands" usa da mitologia das sereias para entregar a primeira série australiana da Netflix, em uma temporada recheada de mistério, ação e reviravoltas.

As sereias são seres místicos que sempre fascinaram as pessoas, tendo ganhado o imaginário popular em produções A Pequena Sereia (1989), Aquamarine (2006), H2O: Meninas Sereias (2006-2010) e Mako Mermaids: Uma Aventura H2O (2013-2016). Em dezembro de 2018, a série australiana Tidelands chegou na Netflix, trazendo uma nova abordagem para as criaturas místicas.

Escrita por Stephen M. Irwin e Leigh McGrath, e produzida pela Hoodlum Entertainment, a primeira temporada da série apresenta um total de oito episódios que contam a história de Calliope “Cal” McTeer (Charlotte Best), uma ex-presidiária que volta para sua cidade natal, Orphelin Bay, depois de 10 anos presa por ter matado um policial. A cidadezinha é cheia de mistérios e se parece com uma vila de pescadores, em que as pessoas se conhecem. Voltar para casa não é nada fácil para Cal, que é obrigada a relembrar de seu passado traumático, além de ter que lidar com sua mãe (interpretada por Caroline Brazier), com quem tem uma relação conturbada.

https://www.youtube.com/watch?v=KwWghyOcS4Q

Tidelands é uma série cheia de plot-twist e surpresas, com algo emocionante acontecendo em cada episódio. Na mesma época em que Cal volta para sua cidade, um crime choca a população: um pescador é encontrado morto e as causas são misteriosas. Esse acontecimento vai provocar um encontro entre Cal e os tidelanders. Para alguns, eles são um grupo de hippies malucos que vivem afastados da cidade, mas, na verdade, eles são criaturas místicas: metade humanos e metade sereias.

Os tidelanders vivem em L’Attante, uma pequena comunidade liderada pela rainha Adrielle Cuthbert (Elsa Pataky). Governando a comunidade há anos, seu maior receio é perder a coroa, de forma que, mesmo fazendo o melhor para manter o seu povo seguro, as vezes acaba sendo bastante autoritária e rígida com seus súditos, sendo capaz de passar por cima de qualquer um para conseguir o que precisa. Dylan (Marco Pigossi) é o braço direito de Adrielle, seguindo todas as regras dela, sem hesitar em nenhum momento. Enquanto isso, outros, como Lamar (Dalip Sondhi) e Violca (Madeleine Madden), não estão muito contentes com as ações da rainha, sendo capazes de questionar seus atos: as ações de Adrielle são para benefício de seu povo ou dela mesma? Para manter a segurança de L’Attante, uma das regras dos tidelanders é não manter muita proximidade com os humanos. Contudo, apesar dessa regra, Adrielle está sempre em negócios com Augie McTeer (Aaron Jakubenko), irmão de Cal e contrabandista.

Charlotte Best e Marco Pigossi, como Cal e Dylan, respectivamente

A primeira temporada é recheada de muita ação e aventura. Ao longo da trama, temos a oportunidade de ver o relacionamento de Cal com sua família, muito conturbado e repleto de mentiras, e com os tidelanders, mesmo após ter sido aconselhada a manter distância deles e de L’Attante. O telespectador também desvenda, junto à protagonista, os segredos de seu passado como o motivo de ter sido presa.

Apesar da série abordar algumas criaturas místicas, as sereias são o verdadeiro mistério. Tidelands revela que, assim como a conhecida mitologia narra, elas atraem os homens com seus cantos, fazendo eles desaparecem nas profundezas do oceano. Na trama, os tidelanders herdaram alguns desses poderes, como a capacidade de manipular a água. Além disso, é dito que elas abandonam seus filhos, de forma que um dos motivos de Dylan seguir às regras de Adrielle é para poder ver sua mãe. “Mas eu procurei por ela todos os dias. Eu nadava, mergulhava dia e noite. Eu as ouvia. Gritava com ela. Chorava por ela. Você sabe como é chorar por uma mãe que nunca vem?”. A silhueta e a forma das sereias é revelada somente em dois episódios (S01E05 e S01E08), ainda tendo muito mais o que explorar sobre essas criaturas místicas.

O povo tidelanders, comandados por Adrielle

Tidelands trabalha bem os arcos de seus personagens, cruzando, ao longo dos episódios, os núcleos de Orphelin Bay e de L’Attante. A única coisa que a produção peca é em explicar a reunião das mulheres de Orphelin Bay, que se reunem para discutir sobre o desaparecimento constante dos homens da região – vemos apenas uma breve conversa e nada mais. Fica aqui uma mistério que pode ser melhor trabalhado em uma possível segunda temporada.

No elenco, alguns que se destacam. Charlotte Best brilha ao dar vida à Cal McTeer, uma mulher independente, um pouco reservada e com uma atitude bem badass. Elsa Pataky está maravilhosa na pele Adrielle Cuthbert, uma personagem sexy e que não mede escrúpulos para conseguir o que tanto deseja. Um detalhe que chama atenção é a presença do ex-Global Marco Pigossi. Em uma entrevista publicada em outubro pela revista GQ, Pigossi revelou que tinha chegado ao seu limite artístico já que constantemente vinha fazendo papéis parecidos na Globo. Tidelands deu a oportunidade para ele se reinventar e, no final, Marco entregou uma boa atuação no papel do complexo Dylan.

O ex-Global Marco Pigossi, em sua primeira série internacional

Com um belíssimo cenário, várias reviravoltas, ótimos atores e muita ação, Tidelands é uma série emocionante. Você fica preso à trama e, no fim, fica aquele gostinho de “quero mais”. Mesmo que sem a confirmação de um segundo ano, a história de Cal, Adrielle, Augie e Dylan, recheada de mistérios e criaturas místicas, deixam um bom universo para a Netflix poder explorar.

Compartilhe

Twitter
Facebook
WhatsApp
Telegram
LinkedIn
Pocket
relacionados

outras matérias da revista

Filmes
Juliana Almeida

Os dramas de Creed e os fantasmas do passado

“Creed II” se sustenta em um roteiro reciclado, afim de criar um sentimento de alegoria para o lugar que Adonis Creed se encontra no presente – o mesmo de seu pai, anos atrás. Se você assistiu à Rocky IV, o roteiro de Creed II não lhe pareceu novidade alguma. O novo longa-metragem aposta na nostalgia daqueles que já acompanhavam a história de Rocky Balboa (Sylvester Stallone) e que continuam voltando ao cinema para rever o personagem. O segundo filme com Adonis Creed (Michael B. Jordan) como protagonista não se distancia do primeiro e muito menos dos clássicos, mas isso não

Leia a matéria »
Filmes
Carolina Cassese

Cinema e Sociedade: uma conversa com Pablo Villaça

Conhecido por ser o idealizador e responsável pela produção de conteúdo do Cinema em Cena, o site mais antigo de críticas de cinema do Brasil,  Pablo Villaça é um dos principais nomes da crítica cultural brasileira, tendo participado de diversos eventos a respeito da crítica cinematográfica e também exercendo a função – em 2007, foi o único profissional estrangeiro a participar de um seminário promovido pelo The New York Times e pelo Museum of The Moving Image. Ao longo da carreira, Villaça produziu para o Cinema em Cena diversas coberturas dos principais festivais e mostras do Brasil, além de renomados e importantes

Leia a matéria »
Back To Top