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"The Good Place" termina a sua jornada como uma importante série capaz de mascarar seu teor filosófico com arcos cômicos bem construídos.

Lançada em 2016, a sitcom teve uma temporada final memorável e com um recado muito pertinente para os dias atuais.


JJá se foi o tempo em que as séries de comédia tinham como único foco promover entretenimento e humor ao público com situações do cotidiano, como foi visto em produções aclamadas como Friends e Seinfeld. Mas com o passar do tempo foi necessário mudar a forma de se fazer comédia. Logo, o que era engraçado há alguns anos talvez não tenha mais validade nos dias atuais.

Assim, algumas sitcoms mais recentes surgiram adaptadas à essa mudança, trazendo um humor mais saudável e utilizando o cômico não só para entretenimento mas também para promover reflexões diante de várias causas sociais. Entre elas há alguns nomes popularmente conhecidos como Brooklyn Nine-Nine e One Day At a Time. E é claro que The Good Place não poderia fugir aos novos padrões.

https://www.youtube.com/watch?v=4dMH_raemyg

Criada por Michael Schur, a série tem como temática principal um dos maiores dilemas da humanidade: o de para onde vamos depois que morremos. A trama tem como foco um grupo de pessoas, que inclui Kristen Bell (Eleanor), Jameela Jamil (Tahani), Manny Jacinto (Jason) e William Jackson Harper (Chidi), que aparentemente são enviadas para o “lugar bom” (good place) por engano, por não terem feito ações durante a vida para que fossem merecedoras de estarem ali. De início, a motivação das personagens é encontrar uma maneira de não serem enviadas para o “lugar ruim” (bad place), mas os planos acabam tomando outro rumo.

Ao decorrer das temporadas, em função de The Good Place ser uma produção de acontecimentos inesperados e das aulas de filosofia ministradas por Chidi, eles passam a questionar se o sistema de julgamento utilizado é coerente para a atualidade em que vivem. E a quarta temporada se inicia com a premissa deles alterarem a maneira que as pessoas são sentenciadas para qualquer um dos dois lugares.

Apesar da grande quantidade de reviravoltas a cada episódio, ao longo de seus quatro anos The Good Place conseguiu conectar todos os pontos levantados durante seu desenvolvimento, além de causar uma quebra total de expectativas. Ainda, a evolução das personagens é feita de forma tão minuciosa que faz com que essa despedida se tornasse um pouco mais difícil para os fãs do programa. Com o último capítulo, um especial de duas horas, a série soube trabalhar com essas narrativas e fez com que o destino de cada um fosse merecidamente emocionante.

Com o teor cômico e caricato da sitcoms, é fácil concluir que a produção é capaz de disfarçar seu teor completamente filosófico com ensinamentos leves e certeiros, como a mensagem primária de redenção e a ideia de que todos merecem uma segunda chance. Esta é, inclusive, uma questão que se torna ainda mais importante nos dias atuais, em que a “cultura do cancelamento” tem se consolidado através das redes sociais, com diversas figuras públicas tendo sua reputação destruída pelo mínimo erro que tenham cometido no presente ou no passado.

Da esquerda pra direita, os personagens Tahani, Jason, Eleanor, Janet, Chidi e Michael

The Good Place inova desde sua temática até o seu elenco diversificado e extremamente carismático, que se completa com Ted Danson (o demônio Michael), D’Arcy Carden (a assistente onipresente Janet), Maya Rudolph (a Juíza Gen) e Marc Evan Jackson (o chefe dos demônios Shawn). A questão pós-morte abordada na série foge às definições bíblicas que já conhecemos de forma totalmente inusitada e inteligente, deixando para o legado de Schur uma das comédias mais extraordinárias dos últimos tempos. O Esquadrão da Alma com certeza vai nos deixar muitas saudades – mas sabemos que tudo vai ficar bem!

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