fbpx

Leve e emocionante, “Special” conquista os espectadores

“Special” foge do lugar comum e a série conta a história de um homem gay com paralisia cerebral, que precisa sair de um armário diferente do usual.


Engraçada, comovente e dinâmica, a série Special, escrita e estrelada por Ryan O’Connell, merece destaque dentre as produções originais da Netflix. Com apenas oito episódios em sua primeira temporada, a série funciona como aquele suspiro de alívio em meio a um dia chato. Os episódios curtos, que não chegam a 20 minutos de duração, são ideais para maratonar tudo em um dia só ou baixar para ir assistindo no caminho de volta pra casa. Além disso, a narrativa foge da banalidade ao tratar o tema da deficiência física do personagem principal de maneira natural e sem estereótipos.

Na série, o protagonista e roteirista vive Ryan Hayes, um jovem com Paralisia Cerebral (PC), e que vê em um acidente de carro uma chance de mentir sobre sua condição. Ao entrar em um novo emprego, Hayes justifica suas limitações físicas como sequela de um atropelamento. Assim, ele encontra uma maneira de se desviar do vitimismo e dos olhares de dó de sua chefe e dos colegas de trabalho. É nesse ponto que a série acerta ao evitar o discurso de piedade tão embutido quando lidamos com pessoas com deficiências e/ou doenças crônicas.

Filho de Karen (Jessica Hecht), uma mãe solteira super protetora, o protagonista enfrenta o desafio de conquistar sua independência e sair de casa. E é justamente quando ele deixa o ninho vazio que podemos ver outra faceta de sua mãe. Mais independente e com menos responsabilidades, ela se vê em uma posição de poder se entregar a uma nova paixão: um vizinho bonitão que acabou de se mudar para casa ao lado. É gostoso ver Karen se redescobrindo como mulher e não apenas como mãe de uma pessoa que necessita de tanta ajuda. E é interessante ver que embora tenha algumas limitações, Hayes se vira muito bem sozinho em sua nova casa.

Um dos pontos mais interessantes de Special, no entanto, é acompanhar a luta do protagonista para sair do armário. Não do armário da orientação sexual, mas da paralisia cerebral. Há uma quebra de perspectiva quando vemos que Hayes tem mais dificuldade para se assumir como portador de PC do que como um jovem gay. Sua orientação sexual não é motivo para tabus ou preconceitos por parte de sua mãe, amigos ou até mesmo desconhecidos. Ao passo que o jovem não se sente desconfortável ao flertar com outros homens, o mesmo não acontece ao falar sobre sua condição física.

Kim e Ryan são melhores amigos e trabalham juntos, servindo de sistema um para o outro.

Uma das cenas mais comentadas da série é quando Hayes vai fazer sexo pela primeira vez e contrata um profissional. A cena que poderia ter sido vulgar é construída com sutileza, leveza e de forma delicada graças à boa direção. Ali temos uma narrativa que aborda os desejos sexuais de pessoas com PC fugindo do tradicionalismo, uma vez que a maioria dos textos tem enfoque apenas nas deficiências e/ou na superação. Nessa caminhada de autoconhecimento, o protagonista conta com sua amiga Kim (Punam Patel). Autêntica e engraçada, ela é uma mulher negra empoderada que escreve sobre a auto aceitação de seu corpo. A mulher é responsável pela maioria das cenas cômicas da série e deixa um gostinho de quero mais no espectador, criando a expectativa de que Kim seja mais explorada na próxima temporada que, segundo Ryan O’Connell, terá episódios de 30 minutos.

Vale lembrar que Special tem produção executiva de Jim Parsons, o Sheldon de The Big Bang Theory (2007 – 2019), e é baseado no livro autobiográfico Eu Sou Especial: e Outras Mentiras que Contamos Para Nós Mesmos, em tradução literal, escrito por O’Connell.

Special

Special é uma novidade leve e empolgante da Netflix, que com um divertido ano de estreia encerra com a promessa de uma boa segunda temporada, aprofundando mais nos personagens secundários e explorando ainda mais a jornada de independência e aceitação de Ryan Hayes.

Compartilhe

Twitter
Facebook
WhatsApp
Telegram
LinkedIn
Pocket
relacionados

outras matérias da revista

Indicação
Bruna Curi

Sing along: sete musicais para os amantes do gênero

Musicais fazem parte do pilar do cinema mundial, sendo facilmente reconhecíveis, premiados e amados pela crítica e/ou público. Com o sucesso recente de O Rei do Show, eis alguns outros títulos que você pode checar, se apaixonar e cantar muito. The Rocky Horror Picture Show (1975) Quando o carro de Brad Major (Barry Bostwick) quebra no meio da estrada, ele e sua noiva, Janet Weiss (Susan Sarandon), se sentem perdidos e obrigados a procurar por ajuda. Na tentativa de conseguir ajuda e algum lugar para passar a noite, o casal chega a um estranho castelo onde são recepcionados por Riff
Leia a matéria »
Back To Top