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"Sintonia" trabalha de forma magistral figuras marginalizadas para contar a história do cenário musical das periferias brasileiras.

“Sintonia” trabalha de forma magistral figuras marginalizadas para contar a história do cenário musical das periferias brasileiras.


Ascensão, representatividade e muita sintonia. A nova parceria da Netflix com a produtora Losbragas movimentou as redes sociais e recebeu bastante destaque por ter o funk em sua essência. Idealizada por Kondzilla, dono do maior canal do Youtube do Brasil e da América Latina, Sintonia narra a trajetória de três amigos de infância moradores da periferia da cidade de São Paulo. Por meio de caminhos distintos, eles precisam enfrentar as correrias diárias para alcançarem seus sonhos.

O trio é composto por Doni (Mc Jottapê), Rita (Bruna Mascarenhas) e Nando (Christian Malheiros).

Diferente dos amigos, Doni tem uma base familiar mais estruturada e facilidades financeiras  por conta do pequeno negócio do pai. Seu grande sonho é ascender em sua carreira de funkeiro. Já Rita, uma jovem que perdeu a mãe muito cedo, teve que amadurecer precocemente para cuidar de si mesma, ganha a vida vendendo mercadorias de forma ilegal no transporte público. Por último, representando um outro lado da realidade, Nando. Já envolvido no mundo da criminalidade, é pai de família e precisa se afastar dessa realidade – porém, quanto mais ele tenta sair mais envolvido ele fica.

 

A amizade dos protagonistas é a alma da produção. Apesar de cada um ter sua caminhada, seus caminhos nunca deixam de se cruzar. E, como é dito por eles na série, “Nós somos família”.

Com seis episódios de aproximadamente 40 minutos cada e narrativas comoventes que facilmente ganham a simpatia do público jovem, Sintonia aproxima a realidade de milhões de brasileiros que vivem nas periferias das grandes cidades. O uso das gírias é um ponto de destaque, aplicadas de maneira eficiente com naturalidade nas falas, mas com seus significados sendo motivos de pesquisa na internet – inclusive, um glossário específico traduzindo esse modo de falar foi publicado nas mídias.

A produção brasileira mostra que o funk brasileiro vai além de ser somente um “estilo musical”, sendo o coração da quebrada. Com batidas do início ao fim, a trilha sonora se encaixa perfeitamente em cada momento da trama e traz uma pegada mais animada para as cenas. A direção de fotografia também não deixa a desejar, tornando possível para o telespectador se sentir dentro de um clipe do próprio Kondzilla, com notáveis mudanças de velocidade nos movimentos da câmera e imagens de drone.

Sem a necessidade dos clássicos clichês e estereótipos sempre condicionados aos brasileiros, a série consegue retratar a realidade de grande parte da população. Temas como o crime, tráfico, as ciladas da indústria musical e a religiosidade se apresentam ao decorrer da trama. É realmente uma imersão na quebrada.

Com holofotes em figuras marginalizadas, Sintonia amplia a identificação ao máximo fazendo com que os telespectadores das periferias praticamente se assistam. E, funciona como porta de entrada apresentando essa realidade para quem não está habituado. Peca apenas nas atuações não tão aprimoradas dos atores coadjuvantes que se apresentam de forma superficial.

A série veio para confirmar a famosa frase dita por Kondzilla: “Favela Venceu”.

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