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“Sex Education” trata, com humor e boa inventividade, sobre assuntos ligados ao tabu sexual, em uma série de comédia divertida e importante.


Discutir, quebrar tabus e divertir, abordando temas como sexualidade, relacionamentos e sexo, é a proposta de Sex Education, nova série da Netflix. Otis (Asa Butterfield) é um adolescente tímido de 16 anos com uma história incomum: sua mãe, Jean (Gillian Anderson), é uma terapeuta sexual com um livro publicado chamado “Conversas íntimas”, que alavancou sua carreira. Otis está voltando às aulas e, junto à seu amigo Eric (Ncuti Gatwa) e sua recém colega Maeve (Emma Mackey), começa uma clínica de conselhos sexuais e amorosos – ele, no entanto, não consegue se masturbar e nunca teve um relacionamento. Contudo, o enredo, os personagens e o cenário construído conseguem transmitir algo maior, educando o telespectador sobre tolerância, sororidade e diversidade.

https://www.youtube.com/watch?v=shpb-5tim8k

Dividida em oito episódios com cerca de uma hora de duração cada, a comédia dramática nos aproxima de uma realidade inovadora. A trama não tenta encaixar personagens diversos no enredo apenas para atrair público – eles fazem parte da história de forma orgânica –, tornando possível que cada possua sua participação relevante para o desenrolar da história. Eric é um rapaz negro e gay, melhor amigo de Otis, um jovem branco, aparentemente hetero, que descobre ter fobia sexual. Maeve é uma garota rebelde, inteligente e excluída, com uma família ausente, se mantendo sozinha, sem muitos amigos e sempre sendo motivo de chacota no ambiente escolar. Quando Maeve percebe que Otis tem um dom para dar conselhos sexuais, eles iniciam sua clínica de conselhos sexuais e amorosos no ensino médio.

Asa Buttlerfield e Emma Mackey como Otis e Meave, respectivamente

Afinal, existe época melhor para ter traumas, receios e problemas sexuais do que a adolescência? É quando o ser começa a se formar como indivíduo, um período conturbado cheio de dúvidas, hormônios e crises existenciais. A série lembra um pouco os conflitos adolescentes de outras produções de sucesso como Skins (2007 – 2013) e Glee (2009-2015), mas trazendo uma outra carga de humor, mais no estilo de American Pie (1999) e Big Mouth (2017).

Netflix vem apostando, nos últimos meses, em produções que quebram tabus e que revelam um novo contexto social nas produções audiovisuais: a realidade do dia-a-dia em que homossexuais, hétero, negros, brancos, asiáticos e tudo quanto é tipo de diversidade conversam entre si. Mas, Sex Education não cria o céu na terra. O preconceito, o medo e a inseguranças conversam constantemente com as personagens. A série cria uma diversidade orgânica ao inserir atores que não seguem o padrão hollywoodiano. Assim, há um contexto que não reverbera padrões sejam eles de beleza, de sexualidade ou de etnia.

Otis ao lado de seu melhor amigo, Eric (Ncuti Gatwa)

Sex Education, dirigida por Laurie Nunn, também consegue mostrar na prática a sororidade, o feminismo e o machismo com muito humor e criatividade no enredo, espelhando uma contemporaneidade desconstruída e rica em críticas. A produção aborda os tabus com humor, sem banalizar ou afirmar preconceitos e paradigmas que envolvem o sexo ao proporcionar dramas reais nos arcos de cada um. Por meio da clínica da dupla protagonista vemos como qualquer indivíduo pode ter problemas para transar, gozar ou apenas se relacionar, trabalhando os temas de uma forma universal que conversa com todas as idades.

O cenário rico em paletas de cores, algo que combina com a diversidade e a adolescência retratada: conflituosa, mas humorística. A atuação de Asa Butterfield reflete delicadamente todos as inseguranças, dúvidas e indecisões do personagem principal que, apesar de ser um conselheiro, tem traumas que o impedem de se soltar sexual e socialmente. Outros temas como bullying, romance, gravidez precoce e relação difícil com os pais aparecem durante a trama. Cria, cada vez mais, um contexto realista, íntimo e crítico.

Gillian Anderson faz o papel de mãe de Asa Buttlerfield, como a famosa terapeuta sexual Jean

Sem generalizar ou dar enfoques sem contexto aos assuntos, Sex Education soa como algo cômico, dramático, autêntico e leve. A trama desenvolve um contexto realista para dentro de uma das maiores plataformas de streamings que tem mostrado adorar tratar de temas polêmicos, envolventes e únicos.


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