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“Sex and the City” completa 20 anos como uma das séries mais influentes da televisão, principalmente quando o quesito é moda e desinibição sexual.


Nota do Colab: Este texto, que contém diversos spoilers, é uma colaboração entre Carolina Cassese e vics.

 

Há 20 anos, o público norte-americano conhecia um quarteto icônico: Carrie, Charlotte, Miranda e Samantha. As quatro nova-iorquinas são as protagonistas de Sex and the City, seriado da HBO que marcou a história do entretenimento. A produção é inspirada no livro homônimo de Candace Bushnell, que por sua vez era uma compilação da sua coluna semanal no jornal New York Observer. A protagonista do seriado, Carrie Bradshaw, interpretada por Sarah Jessica Parker, também era colunista de um jornal nova-iorquino.

Da esquerda pra direita, as personagens Samantha, Miranda, Charlotte e Carrie

Na série, cujo primeiro episódio foi ao ar no dia 6 de junho de 1998, Carrie trabalha escrevendo sobre a vida de uma solteira em Nova Iorque, usando de acontecimentos da sua vida para fazer determinados questionamentos, que (quase) sempre giram em torno do amor e sexo. A jornalista é apaixonada por moda, seus Manolo Blahnik e espera encontrar o homem certo um dia. O seu principal caso é com  Mr. Big (Chris Noth), um advogado quarentão que não é amante de relacionamentos sérios e fica indo e voltando com Carrie ao longo de 10 anos.

Para acrescentar nas aventuras, está a sua melhor e mais antiga amiga, Samantha Jones (Kim Catrall), uma mulher que trabalha com relações públicas, é muito bem resolvida, independente, detesta relacionamentos e ama homens e sexo. Miranda Hobbes (Cynthia Nixon), uma advogada meio carrancuda que detesta homens, mas eventualmente se envolve com Steve Brady (David Eigenberg), com quem acaba tendo um filho e se casando.

Por fim, Charlotte York (Kristin Davis) é uma mulher cuja única inspiração é encontrar o príncipe encantado perfeito para se casar e passar o resto de sua vida. Após se desiludir com Trey MacDougal (Kyle MacLachlan), com quem ela casa e se divorcia, quebrando completamente sua expectativa, Charlotte acaba se apaixonando por Harry Goldenblatt (Evan Handler), um homem completamente contrário ao estereótipo que ela esperava: baixo, gordo e com cabelos até mesmo nas costas. Carrie ainda é acompanhada, eventualmente, de Stanford Blatch (Willie Garson), seu melhor amigo gay.

Sex and the City foi ao ar até 22 de fevereiro de 2004, exibindo 94 episódios. Ao contrário do que acontece com muitas séries, SATC melhora ao longo das temporadas, com destaque para a 4ª e 6ª (a última), que apresentam muitos episódios com boas premissas e ótimos desenvolvimentos. Afinal, quem não se lembra de The Post-It Always Sticks Twice (S06E07), quando Jack Berger (Ron Livingston) termina com Carrie por um post-it, ou An American Girl in Paris: Part Deux (S06E19 e E20), quando a protagonista se muda para Paris com seu atual namorado, o russo Aleksandr Petrovsky (Mikhail Baryshnikov)?

A série ganhou, ao longo de sua exibição, sete Primetime Emmy Awards e oito Golden Globe Awards. SJP, por sua vez, ganhou um Emmy por sua atuação como Carrie, enquanto Kim levou um Golden Globe por seu papel como Samantha.

 

Nova York

Nova York era, sem dúvida, uma das personagens principais de Sex And The City (isso é perceptível até mesmo na abertura).  E a cidade nunca mais foi a mesma após o sucesso do seriado. Depois de um episódio em que Carrie e Miranda apareceram comendo cupcakes na loja Magnolia Bakery, o lugar teve que contratar um segurança para lidar com a quantidade de pessoas que passaram a frequentá-lo. Em 2012, o apartamento onde Carrie morava foi vendido por U$9.65 milhões. Até hoje, existem excursões que visitam locações do seriado, como a própria loja Magnolia Bakery e o bar Onieals, que na série se chamava Scout e pertencia aos personagens Aidan e Steve.

 

Revolução?

Muitos acreditam que a produção foi a precursora do empoderamento feminino, pois em 1998 já tratava de temas como liberdade sexual/prazer da mulher, poliamor e carreiras independentes. Apesar de não ser a protagonista, a personagem que melhor representa a mensagem de empoderamento é Samantha Jones, uma mulher que conta com múltiplos parceiros sexuais e nunca reprime seus desejos. Ao assistir o seriado 20 anos depois é interessante perceber como discussões que elas tinham em 1998 ainda são assustadoramente atuais. É curioso também reparar como eram as relações sem interferências de redes sociais (afinal, Carrie mal sabia mandar e-mails).

Samantha é uma das maiores referências da série, tendo se relacionado com diversos homens e até mesmo tentado algo com mulheres

É importante ressaltar, no entanto, que Sex and The City não foi revolucionária em todos os aspectos. A série tem um apelo significativamente consumista e trata da vida de quatro mulheres brancas, magras e privilegiadas, que passam por um ou outro problema financeiro, mas moram em regiões nobres de uma das cidades mais caras do mundo. Em alguns momentos, Charlotte demonstra ser elitista, com Carrie quase sempre puxando a orelha da amiga, chamando-a de “Maria Antonieta”.

É importante notar também que a personagem principal também vacila em diversos momentos (retrospectivamente, ela é analisada como egoísta e narcisista) e demonstra ter falta de sororidade com algumas mulheres (como Natasha, que se casa com Mr. Big). Ainda, a sua relação com Big também é extremamente problemática, considerando que ele agiu como imbecil incontáveis vezes e ela sempre o perdoava. Acabam se casando no primeiro filme da franquia – e Carrie o trai no segundo, com seu segundo grande amor, Aidan Shaw (John Corbett).

O relacionamento de Carrie e Big é longo e consturbado. É apenas no último episódio da última temporada que os dois parecem terminar com um felizes para sempre (até o filme acontecer)

Ainda sim, Bradshaw é uma das personagens mais amadas da televisão,  sendo constantemente colocada nas listas de personagens mais fashionistas da história. O sucesso da produção é tamanho que acabou gerando dois filmes (e incontáveis rumores de um terceiro) e até mesmo um spin-off em livro e série.

 

Filmes

Quando se fala de  Sex and the City, é muito comum pensar logo nos filmes, já que o seriado não passou em nenhum canal aberto do Brasil, principalmente pelo forte teor “para maiores”, que chegava até a ser censurado na TV paga, mesmo em horários tardios. Como fã de carteirinha da série, sempre digo: não julgue Sex and the City pelos filmes (que na minha opinião, são péssimos).

Sex and the City: O Filme foi lançado em 2008, sendo recebido pela crítica de forma morna, mas tornando-se um estrondoso sucesso comercial.  Com um orçamento de 65 milhões de dólares, o filme arrecadou pouco mais de US$ 415 milhões, o que não criou nenhum problema para uma sequência ser anunciada. Sex and the City 2 estreou em 2010, sendo ainda menos bem recebido pela crítica, dessa vez acompanhada do público. Mesmo com US$ 295 milhões em bilheteria, a produção nunca chegou a ganhar um capítulo final, com rumores constantemente chegando à mídia afirmando que o terceiro filme finalmente está em produção (o que sempre é desmentido por alguém da produção).

Ainda que sejam considerados inferiores à série, o público sempre se mostra bastante aberto em ter um último capítulo da história, o que é apoiado por SJP, Cynthia e Kristin, que mostram-se sempre empolgadas em uma reunião. Porém, os planos são interrompidos por Kim, que não só afirma estar farta de interpretar Samantha, como também possui uma grande inimizade com SJP desde a época da série, o que envolve também grande parte da equipe de produção e elenco.

Em ambas as narrativas, o quarteto viaja para fora dos EUA: primeiro, para o México, depois, férias em Abu Dabhi. Os dois lugares são retratados de maneira bem estereotipada e até mesmo pejorativa (o que dizer da cena em que Charlotte engole uma mísera gota de água do México, enquanto toma banho, e por isso passa mal pelo resto da viagem?).

 

Spin-off

Sex and the City, como já citado, é baseado em um livro de mesmo nome, lançado em 1997 por Candace Bushnell. O livro é uma compilação de diversas de suas colunas, publicadas em 1994, e possui uma breve aparição de uma versão literária de Carrie Bradshaw, que daria vida a série. Com o sucesso da personagem e a crescente curiosidade na vida passada da fictícia escritora, vagamente contada na produção televisiva, Burshnell publicou um livro spin-off da franquia.

Os Diários de Carrie é o primeiro de dois livros sobre a adolescência de Carrie. Nesse primeiro capítulo, somos apresentando à família Bradshaw, nos anos 80. Na série, Carrie, uma filha única, conta que seu pai fugiu das responsabilidades quando ela ainda era criança, e sua mãe a criou sozinha. No livro, no entanto, ela tem duas irmãs mais novas (Dorrit e Missy) e um pai muito presente e amoroso, mas meio afetado pela precoce morte de sua esposa, mãe de Carrie, vítima de um câncer.

Aqui, a jovem tem como melhores amigos Roberta “The Mouse” Castells, a garota mais inteligente da escola, e os namorados muito sexualmente ativos Walt e Maggie, que eventualmente terminam quando Walt sai do armário. Sonhando um dia se tornar uma escritora, ela acaba se apaixonando por um jovem descolado chamado Sebastian Kydd e tem como inimiga a popular Donna LaDonna, com quem acaba virando amiga.

No segundo livro, O Verão e a Cidade, Carrie está morando em Nova Iorque e dividindo apartamento com Samantha Jones. Tentando se descobrir como escritora, ela faz aulas de escrita enquanto desbrava a cidade. Aqui, Bradshaw se apaixona por um homem mais velho, esbarra acidentalmente com uma Miranda Hobbes mega ativista e feminista e, retornando para NY após uma temporada em casa, tem o (des)prazer de sentar ao lado de uma menina mimada que está se mudando para a Big Apple com o sonho de casar com o seu príncipe encantado.

Com o sucesso de SATC, os livros não poderiam ficar de fora da televisão. Por ser muito mais leve que o seu material-mãe, os direitos autorais foram vendidos para o canal The CW, que produziu e exibiu a série The Carrie Diaries entre 2013 e 2014. Baseada (bem) livremente na história de Bushnell, o seriado, estrelado por AnnaSophia Robb, teve uma primeira temporada irregular e cheia de alterações, sendo renovado apenas por apelo dos fãs. Com 26 episódios, foi cancelada em sua segunda temporada.

Não se sabe se haverá um terceiro livro, uma vez que o final do segundo deixa um grande gancho.

Sex and the City chega ao seu vigésimo aniversário sendo uma das séries mais memoráveis e adoradas pelo público. Um tanto quanto imortal, tornou-se um símbolo para a moda, o feminismo e a comunidade LGBTQ+. E sentados aqui, não nos deixamos de nos perguntar: será que é pecado pedir pra trocar a Samantha só para podermos ter um terceiro filme?


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