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“Segurança em Jogo” traz seis episódios amarrados em conspirações e reviravoltas em torno de um veterano de guerra e a Secretária de Estado da Inglaterra.


Idealizada pela BBC, Segurança em Jogo é uma série britânica composta por seis episódios com cerca de uma hora de duração – e disponível na Netflix. A produção mais assistida na Inglaterra desde Downton Abbey (2010 – 2015) é um thriller centrado na história de David Budd (Richard Madden), um veterano de guerra encarregado da proteção de Julia Montague (Keeley Hawes), a Secretária de Estado da Inglaterra.

Uma das cenas mais marcantes da série acontece logo nos primeiros vinte minutos do episódio inicial. Budd está em uma viagem de trem com seus filhos, em Londres,  quando observa uma movimentação estranha. Logo percebe que caberá a ele a missão de evitar um ataque terrorista na embarcação. A sequência foi descrita como “hipnotizante” por boa parte da crítica – de fato, é difícil desgrudar os olhos da tela.

Por conta de seu bom desempenho, Budd é promovido e, portanto, se torna oficialmente o guarda-costas de uma das políticas mais conservadoras do país. O protagonista discorda veementemente dos valores e posicionamentos de Montague, ao mesmo tempo que não consegue negar sua atração por ela, o que cria uma relação conflituosa entre os personagens. O vínculo entre os dois ultrapassa a esfera afetiva e é bem-sucedido em abordar questões éticas e morais.

Criada e roteirizada por Jed Mercurio, a produção apresenta uma trama que prende a atenção e tira o fôlego do espectador, ao mesmo tempo que discute o terrorismo de maneira complexa, sem maniqueísmos e obviedades. A série suscita a seguinte questão: seria possível rotular apenas os países do oriente como “terroristas”, desconsiderando os males que a Europa e os EUA já causaram no resto do mundo? No entanto, é claro que a visão do tema continua sendo ocidentalizada.

Fãs de tramas de ação definitivamente irão amar Segurança em Jogo, mas aqueles que não gostam tanto do gênero (caso da pessoa que vos escreve) também ficarão com os olhos grudados na tela, especialmente por conta da construção do personagem principal, muito bem interpretado por Richard Madden – o Robb Stark de Game of ThronesEx-combatente no Vietnã, Budd sofre de Estresse Pós-Traumático e se sente na obrigação de manter constantemente seu espírito combativo. Logo nos primeiros episódios, aconselha seu filho: “homem não chora”. No final da série, é perceptível que o protagonista deixa de lado a imagem de um homem inabalável e está disposto a cuidar de sua saúde mental, sem medo de chorar. Outros personagens também são construídos com complexidade, como a ambiciosa Julia Montague, que apresenta muitas facetas: primeiro, parece completamente detestável, logo depois se redime (até pisar na bola novamente).

O ritmo dos seis episódios é dinâmico, o que torna bastante prazerosa (e fácil) a tarefa de maratonar a produção britânica. O último capítulo se conecta de maneira surpreendente com o primeiro e, diga-se de passagem, se os primeiros vinte minutos da série são tensos, os últimos minutos também não poupam o espectador de apreensão. Segurança em Jogo pouco falha em termos de representatividade: na trama, muitas mulheres ocupam cargos de poder (com imensa naturalidade) e estão praticamente em paridade com os homens.

A direção acertada de Thomas Vincent e John Strickland, sempre em diálogo com a narrativa, constrói uma atmosfera fria e impessoal para a cidade de Londres. Repleta de conspirações e reviravoltas, a série consegue retratar bem os muitos interesses do jogo político, além de suscitar reflexões sobre o direito à privacidade (vale tudo a fim de impedir possíveis ataques terroristas?) e surpreender o espectador com um final eletrizante e muito bem amarrado.

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