fbpx
"Outer Banks", nova aposta teen da Netflix, é uma série com a medida certa de romance, ação e mistério para os jovens da nova geração.

“Outer Banks”, nova aposta teen da Netflix, é uma série com a medida certa de romance, ação e mistério para os jovens da nova geração.


PPara muitas pessoas o verão é a melhor época do ano por ser uma combinação de roupas leves, clima gostoso, pezinho na areia e uma brisa fresca no rosto. O verão é aquele momento de diversão com os amigos, encontros com a família, conversas animadas com o crush e, claro, doses diárias de água de coco e picolé geladinho para refrescar. Esse seria o cenário perfeito para a história de Outer Banks, mas infelizmente nem tudo acontece como queremos e muitas vezes a realidade é bem mais difícil do que parece.

https://www.youtube.com/watch?v=GC68w9tvv6I

Na trama teen, John B (Chase Stokes), Pope (Jonathan Daviss), JJ (Rudy Pankow) e Kiara (Madison Bailey) são um grupo de quatro amigos que estão determinados a ter o melhor verão de suas vidas, mas tudo muda quando um misterioso barco afunda e revela diversos segredos que incluem o desaparecimento do pai de John B e sua ligação com um antigo navio. O que era para ser um verão tranquilo e de muita diversão, se torna o maior pesadelo de todos e faz com que amizades sejam colocadas à prova e alianças improváveis sejam feitas.

Para entender o sucesso de Outer Banks é preciso compreender o contexto em que a série se passa. A ilha é dividida em dois lados, norte e sul, ou como é mostrado logo no piloto, Figure Eight e The Cut – o lar dos Kooks e Pogues, respectivamente. Os Kooks representam a classe média alta da cidade, com os melhores empregos, cargos mais altos, bens materiais valiosos e claro, uma melhor qualidade de vida. Já os Pogues representam a classe trabalhadora, que batalham muito pelo que têm e possuem dois ou três empregos para se manter. Logo no começo os personagens de cada tribo são apresentados e é possível observar claramente o estilo de vida de cada um deles e a difícil convivência entre os grupos. Do lado dos Kooks o núcleo principal gira ao redor da família e amigos de Sarah Cameron (Madelyn Cline).

Outer Banks é uma série que aborda diversos temas como a desigualdade social, o machismo e relacionamentos abusivos. Acompanhamos de perto a superioridade dos Kooks, a falta de voz dos Pogues, a pressão psicológica feita pelo pai de Sarah, as atitudes violentas do pai de JJ e a forma como isso causa um impacto no garoto, a falta de respeito e as atitudes abusivas de Topper (Austin North). Mesmo com os elementos de aventura e ação, a série se mantem fiel e realista nas relações humanas, o que torna mais intimista a relação com os personagens, uma vez que a grande maioria do público já passou e/ou ainda passa por situações parecidas.

Além dos assuntos complicados e sombrios, Outer Banks também trouxe uma discussão sobre a juventude e como a forma de se relacionar dos jovens de hoje mudou. Acompanhamos a trajetória de quatro amigos que são capazes de tudo para ajudar uns aos outros e que, em dez episódios de mais ou menos 50 minutos, mostraram mais verdade e cumplicidade do que 50% das relações vazias atuais. Não tem interferência tecnológica, filtros ou desculpas meia boca, mas sim, diálogo, demonstração de afeto e preocupação com o outro. São relações intensas, com erros e acertos, angústias e perdão. São relações de verdade. Sentimento de nostalgia para alguns e de incredulidade para a geração que já nasceu no mundo virtual.

A falta de interação dos personagens com o mundo online trouxe uma satisfação para o público jovem, que em grande parte se vê dependente de uma era digital baseada em aparências e curtidas. Esse feito fez com que muitos espectadores colocassem a realidade de Outer Banks como um sonho, algo incrível a ser conquistado. Claro que o cenário praiano, o estilo surfista e a possibilidade de um verão perfeito com seus amigos em um barco, influencia muito a visão desses jovens espectadores, mas ao mesmo tempo gerou um debate sobre eles. A série também aborda as dificuldades de uma amizade, a inclusão de novas pessoas em seu grupo social, a sensação de pertencimento a um outro grupo, os desafios de lidar com diversas emoções e problemas pessoas sem o apoio dos pais, etc.

OUTER BANKS

Todas essas questões humanas somadas a um mistério central, cenas de ação e o início de um novo romance, fez com que Outer Banks se tornasse a queridinha do público jovem em menos de um mês de lançamento. A temática da série está rendendo inúmeros vídeos, debates, dancinhas, shipps amorosos e, claro, a trilha sonora já está oficialmente cravada na cabeça de todos. Quem ainda não decorou o início de Left Hand Free? É possível dizer que Outer Banks é um dos melhores seriados adolescentes atuais da Netflix e provavelmente o melhor de 2020.

Compartilhe

Twitter
Facebook
WhatsApp
Telegram
LinkedIn
Pocket
relacionados

outras matérias da revista

Na Diegese
Giulio Bonanno

Na Diegese / As digressões fonográficas nos álbuns de 2020

Em 2020, tivemos que nos contentar em acompanhar muitos lançamentos do confinamento de nossas casas. Trocar ideias sobre o novo álbum da Fiona Apple ou o novo filme do Spike Lee se tornou uma possibilidade de assunto para as cada vez mais costumeiras sessões de conversas remotas. Para muitos, isso não é de grande relevância, até porque já estamos abarrotados de preocupações e incertezas. Para outros, isso pode funcionar como um veículo de transição rumo ao “novo normal”, ou pelo menos para conceder à angústia do isolamento umas boas doses de analgesia. O escapismo é um dos efeitos mais buscados
Leia a matéria »
Back To Top