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"Orgulho e Paixão" fecha sua exibição na faixa das 18h da Globo deixando sua marca, em uma história inspirada nas obras de Jane Austen.

“Orgulho e Paixão” fecha sua exibição na faixa das 18h da Globo deixando sua marca, em uma história inspirada nas obras de Jane Austen.


Era uma vez um lugar chamado Vale do Café, região fictícia no interior de São Paulo, onde morava a família Benedito, composta por Ofélia (Vera Holtz), seu marido Felisberto (Tato Gabus Mendes) e suas cinco filhas: Elisabeta (Nathalia Dill), Jane (Pâmela Tomé), Cecília (Anaju Dorigon), Mariana (Chandelly Braz) e Lídia (Bruna Griphao). O grande sonho de Ofélia era casar as filhas, de forma que não perdia uma oportunidade de arranjar um bom partido para elas. Por mais que não concordasse com aquilo, Felisberto nunca chegou a se opor aos planos de sua esposa.

A única pessoa que se opunha à Ofélia, por não se encaixar nos padrões da mãe, era Elisabeta. Dona de um espírito forte, bastante libertária e com uma grande ousadia, ela sempre encontrava uma maneira de afastar qualquer pretendente. Comportamento, este, sempre repreendido por Ema Cavalcante (Agatha Moreira), a neta do Barão de Ouro Verde (Ary Fontoura) e a melhor amiga de Elisabeta, conhecida como a casamenteira oficial do Vale do Café.

A pacata vida da região muda com a chegada do inglês Darcy Williamson (Thiago Lacerda) e de seu melhor amigo Camilo Bittencourt (Maurício Destri), o filho da viúva Julieta Bittencourt (Gabriela Duarte), também conhecida como a Rainha do Café.

Essa é a trama central da novela Orgulho e Paixão, exibida na Rede Globo, escrita por Marcos Bernstein. O enredo da telenovela é ambientada no início do século XX  e teve como inspiração algumas das obras de Jane Austen, famosa escritora inglesa. Trata-se de uma história romântica, com muita comédia e uma pitada de adrenalina e aventura. Algo que chama atenção na trama é a grande força feminina através do protagonismo de vários personagens. Apesar de diferentes, as personalidades das irmãs Benedito se complementam e cativam qualquer um — Elisabeta é marcada por sua ousadia, Jane por seu jeito meigo de ser, Mariana pelo seu espírito aventureiro, Cécilia por sua imaginação fértil e grande criatividade, e Lídia por sua molecagem. Também temos Julieta, que é uma mulher à frente de um negócio que até então era dominado por homens.  E a própria Ema vai deixando alguns de seus pensamentos mais conservadores de lado, se tornando aos poucos mais independente.

Da esquerda para a direita, a família Benedito: Mariana (Chandelly Braz), Lídia (Bruna Griphao), Cecília (Anaju Dorigon), Ofélia (Vera Holtz), Elisabeta (Nathalia Dill), Jane (Pamela Tomé) e Felisberto (Tato Gabus Mendes).

Outro aspecto que cativou o público foram os diversos casais que se formaram ao longo da trama. Com várias histórias se desenvolvendo ao mesmo tempo, existia o risco de alguma desandar ou de não receber o devido desenvolvimento, mas na medida do possível, Bernstein conseguiu contornar algumas dificuldades e conduzir muito bem a trama. Ficou evidente a química que rolou entre os personagens: Jane e Camilo, Elisabeta e Darcy, Mariana e Brandão (Malvino Salvador), Cécilia e Rômulo (Marcos Pitombo), e Lídia e Randolfo (Miguel Rômulo). Um acerto da novela foi não apostar em triângulos amorosos, o que muitas vezes acontece.

Outros casais que também conquistaram o público foram Ema e Ernesto (Rodrigo Simas), e Julieta e Aurélio (Marcelo Faria). Inicialmente, a casamenteira oficial do Vale do Café estava prevista para se casar com Jorge (Murilo Rosa), mas não demorou muito para que ela passasse a se interessar pelo italiano rebelde interpretado por Rodrigo. Os dois esbanjavam química e logo conquistaram os telespectadores, sem contar que eles evoluíram muito durante a trama devido a visão de mundo diferente que tinham.

Gabriela Duarte como Julieta Bittencourt, a Rainha do Café

Enquanto isso, a relação entre Aurélio e Julieta aconteceu de maneira bem inusitada, visto que inicialmente a Rainha do Café pretendia despejar a família de Aurélio devido às dívidas que tinham. Com o tempo, o relacionamento dos dois se tornou uma paixão intensa, que foi capaz de amolecer o coração de Julieta. Além disso, ela finalmente conseguiu superar seus traumas — no passado ela era violentada pelo falecido marido — e se redescobriu como mulher. Essa evolução é notável nas roupas que Julieta usava: no início da trama, roupas pretas marcam seu guarda-roupa, acrescentado por cores após o seu relacionamento com Aurélio.

Assim como em diversas trama, Orgulho e Paixão apresentou um time de “vilões” e antagonistas consistente do início ao fim. A primeira que tentou infernizar a vida de algumas pessoas do Vale do Café foi Susana (Alessandra Negrini), que ao lado de sua ajudante Pétulia (Grace Gianoukas), fazia de tudo para acabar com o romance entre Elisabeta e Darcy. Juntas, ainda, as duas formaram uma dupla bastante hilária. Mas uma das grandes ameaças foi Lady Margareth (Natália do Vale), tia de Darcy, que entrou no meio da trama para substituir o ator Tarcísio Meira, que interpretava o pai de Darcy, o Lorde Williamson. Ela foi a verdadeira bruxa má na história e não tinha escrúpulos para conseguir o que desejava. Logo atrás dela, temos Xavier (Ricardo Tozzi), um homem arrogante e sádico.

As vilãs Susana (Alessandra Negrini), a esquerda, e Lady Margareth (Natália do Vale), a direita, contracenam na novela

Apesar da a audiência não ter sido das melhores, se comparada com suas antecessoras, Orgulho e Paixão conseguiu construir uma história envolvente e cativante. Os personagens e suas relações foram bem construídos, assim como o enredo de Marcos Bernstein. Com muito romance, comédia e um toque de Jane Austen, Orgulho e Paixão pode ser considerada uma das melhores novela das 18h, ficando ao lado de grande sucessos como Cordel Encantado (2011), Sete Vidas (2015), Além do Tempo (2015) e Novo Mundo (2017). A novela chegou ao fim no dia 24 de setembro, mas o Vale do Café e seus moradores vão continuar eternizado na memória de todos.

 

Inspiração

Desde o início da trama global fica claro para os telespectadores que Orgulho e Paixão é inspirada nas obras de Jane Austen, com algumas pessoas considerando a novela como uma versão abrasileirada dos livros da inglesa. Da obra Orgulho e Preconceito (1813) foram inspirados os seguintes personagens: Darcy Williamson (Fitzwilliam Darcy no original), Elisabeta Benedito (Elizabeth Bennet), Camilo Bittencourt (Charles Bingley), Jane Benedito (Jane Benett), Lídia Benedito (Lydia Bennet) e Ofélia Benedito e Felisberto Benedito (Senhor e Senhora Bennet).

Apesar da trama central se inspirar em Orgulho e Preconceito, outras obras de Austen também serviram como inspiração. A personagem Ema Cavalcante foi inspirada em Emma Woodhouse, de Emma (1815). Marianne Dashwood, do livro Razão e Sensibilidade (1811), serviu de inspiração para Mariana Benedito. A protagonista de A Abadia de Northanger (1817), Catherine Moreland, serviu de inspiração para Cecília Benedito. Por fim, a vilã Susana foi inspirada na personagem de Lady Susan (1871), um romance epistolar e uma das obras menos conhecidas de Austen.


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