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"O Mundo Sombrio de Sabrina" retorna para uma segunda temporada mais madura e confiante, dando mais desenvolvimento aos seus personagens e tramas.

“O Mundo Sombrio de Sabrina” retorna para uma segunda temporada mais madura e confiante, desenvolvendo a fundo seus personagens e tramas.


Nota do Colab: o texto contém spoilers.

 

SSexy e divertida. Foi dessa maneira que o showrunner Roberto Aguirre-Sacasa definiu a segunda temporada de O Mundo Sombrio de Sabrina, original da Netflix. E é desse jeito, com muito mais humor e autoconfiança, que a personagem principal da série aparece logo nas primeiras cenas da segunda parte. Nessa temporada, cabe a ela desafiar boa parte das normas estabelecidas pelo conservador Faustos Blackwood (Richard Coyle), Sumo Sacerdote da Igreja da Noite e Decano da Academia das Artes Ocultas.

Para quem ainda não está familiarizado com o universo da série, vale lembrar que O Mundo Sombrio de Sabrina é inspirada nos quadrinhos homônimos, publicados pela Archie Horror. A primeira temporada, lançada em outubro de 2018, é extremamente eficiente ao realizar uma construção de mundo inventiva e apresentar bons personagens, que conseguem cativar o público. Desta forma, ainda em dezembro do ano passado, a Netflix anunciou que a produção teria pelo menos mais duas temporadas. A mais nova, lançada no dia 5 deste mês, apresenta a nova fase de Sabrina Spellman (Kiernan Shipka), que assinou o Livro das Trevas e precisa ainda se dividir entre o mundo mortal e a Academia das Artes Ocultas. Depois do término com Harvey (Ross Lynch), Sabrina dá cada vez mais atenção à Academia e ao mundo bruxo em geral.

Logo no primeiro episódio, é possível perceber que a desigualdade de gênero será uma das principais pautas abordadas no decorrer dos episódios. Enquanto Sabrina, agora muito mais confiante, rompe com as expectativas por ser a primeira mulher a participar de uma emblemática eleição na Academia das Artes Ocultas, sua tia Zelda (Miranda Otto) busca sair de um relacionamento abusivo e Theo, um dos melhores amigos da protagonista, se assume como um homem transexual, lutando pelo direito de frequentar espaços masculinos na Baxter High, a escola de Greendale. Destaca-se também a naturalidade com que a produção aborda a bissexualidade de Ambrose (Chance Perdomo).

É interessante perceber o paralelo em que O Mundo Sombrio de Sabrina estabelece entre a Igreja da Noite e as religiões mais tradicionais, dos “mortais”. Em diversos momentos, podemos perceber que os adoradores de Satã podem ser tão conservadores quanto alguns católicos ou protestantes. Personagens do mundo bruxo muitas vezes são tão preconceituosos quanto os bullies de Baxter High. As mais variadas crenças podem se tornar extremamente dogmáticas e excludentes.

A direção de arte se destaca em todos os seus detalhes em cena, bem pensados e combinando com a atmosfera de cada espaço. A técnica de embaçamento das imagens (muito presente na primeira temporada) é utilizada de maneira mais pontual e continua marcando a identidade visual da série. Outro ponto forte da produção é o desenvolvimento dos personagens: em muitos momentos, personagens secundários (como as tias Zelda e Hilda, Ambrose, Prudence e Mary Wardwell) roubam a cena – o que de maneira nenhuma desmerece a protagonista, que é bem construída e evoluí ao longo dos episódios. Sabrina está longe de ser perfeita e é passível de identificação.

No contraposto, O Mundo Sombrio de Sabrina peca em seu ritmo. Fica a sensação de que alguns episódios são meros fillers, tendo apenas a função de preencher espaço, sem acrescentar muito à trama. Assim, alguns dos seus nove capítulos parecem demasiadamente longos – em muitos, 30 minutos seriam mais do que suficientes para apresentar toda a história. Mas, em geral, as subtramas dos personagens bruxos são mais interessantes e se destacam mais do que as dos mortais.

Apesar de apostar na criação de uma atmosfera sombria (como o próprio nome da série indica), a série é um entretenimento leve e ideal para todos os públicos, definitivamente fugindo de qualquer tentativa de rotula-lá apenas como “teen”.  Se os episódios fossem mais curtos, mais espectadores conseguiriam se envolver de forma profunda com a trama. Fica a torcida para que as próximas temporadas de O Mundo Sombrio de Sabrina sejam mais dinâmicas, já que a riqueza deste universo permite que muitas boas histórias ainda sejam contadas.


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