
“Lupin” e a sagacidade por trás de crimes engenhosos
Sarcástica e bem-humorada, a primeira temporada de “Lupin” conquista o público com o carisma do protagonista e a engenhosa trama de roubos.
PPersonagens literários podem servir de inspiração para muitas coisas na vida. Alguns dão coragem, outros podem influenciar você a viajar ou até mostram o que não se deve fazer. Como leitora ávida, já me vi repetindo atitudes de diversos heróis literários, mas confesso que seguir orientações para crimes é algo que nunca vi acontecer.
Assane Diop (Omar Sy), por outro lado, tem Arsène Lupin, personagem criado pelo romancista Maurice Leblanc, como sua inspiração. Arsène Lupin é um ladrão muito esperto, com truques sofisticados e que está sempre um passo à frente da polícia, conseguindo driblar as investigações até nos momentos mais cruciais. E tendo Assane como referência que o protagonista de Lupin, série original da Netflix, leva a sua vida.
Sua motivação surgiu ao ganhar um exemplar de Ladrão de Casaca, de Leblanc, como último presente de seu pai, acusado injustamente de roubar um colar valioso do patrão. A história de Lupin incentiva Assane a tramar um elaborado plano para se vingar da família e limpar o nome de seu pai.
A primeira temporada é composta por cinco episódios, que revelam o passado do protagonista e tudo o que aconteceu até o momento atual da série. O envolvimento em roubos muito bem executados acompanha Assane há muitos anos e, até então, ele consegue sair ileso de tudo. Sua situação começa a mudar após o roubo do colar, quando um dos investigadores associa seus pseudônimos e modus operandi com o personagem Lupin. Por mais que ninguém da equipe policial leve sua ideia a sério, Youssefi Guedira (Soufiane Guerrab) se mantém firme na sua teoria.

Omar Sy é cheio de carisma e consegue cativar o telespectador. O anti-herói domina todas as cenas e, mesmo que saibamos que ele vai conseguir se safar das encruzilhadas, é interessante perceber qual caminho ele usará para chegar nisso. Sua agilidade em tomar decisões e criatividade são impressionantes, e é impossível não torcer por ele.
Junto com a narrativa sobre os crimes de Assane, Lupin pincela em algumas questões sociais. A desigualdade social, racismo, corrupção, injustiça policial, dentre outros temas, aparecem ao longo dos episódios e complementam a trama.
Por mais que o protagonista seja um excelente planejador de roubos, a série mostra que sua vida pessoal e familiar não recebe a mesma atenção. Depois de muito tempo saindo ileso, Assane percebe que seu filho Raoul (Etan Simon) e a ex-esposa Claire (Ludivine Sagnier) podem ser diretamente afetados pelas suas escolhas.

A produção francesa, além de prender minha atenção, também me fez ficar muito interessada nos livros para conhecer melhor o grande ídolo do protagonista. Viciante, emocionante e com muito sarcasmo, Lupin surpreende o público e faz jus ao alvoroço que os internautas estão fazendo para que a segunda temporada seja lançada logo.