“Lucifer” mantém doses de bom humor com tramas envolventes, em uma temporada mais focada no desenvolvimento de seus coadjuvantes.
Nota da Colab: este texto contém spoilers.
OO cancelamento de Lucifer na terceira temporada foi um golpe duro para os fãs. O enredo da série estava cada vez mais interessante, quando a Fox decidiu interromper a atração. A Netflix foi, portanto, uma luz no fim do túnel, que impediu que a história se encerrasse deixando furos e inúmeras possibilidades abertas. Agora, Lucifer tem um caminho aberto e deve responder algumas perguntas, deixando sempre um gancho para o próximo passo. E é exatamente isso que ela faz na primeira parte da quinta temporada, que estreou recentemente no serviço de streaming.
Assim como todo final de temporada, a quarta temporada encerrou com um grande cliffhanger. Lucifer (Tom Ellis) teve que voltar para o inferno, deixando, mais uma vez, Chloe (Laura German) para trás. Agora, no quinto ano, enquanto para o restante dos personagens se passaram apenas alguns meses desde que Lucifer se foi, para ele, foram milhares de anos. Neste meio tempo, podemos ver Chloe e Maze (Lesley-Ann Brandt) desenvolvendo sua parceria, que logo é ofuscada quando Miguel (Tom Ellis), irmão gêmeo do Diabo, retorna se fazendo passar por ele.
O primeiro episódio já traz uma dinâmica bem interessante: enquanto Chloe e Ella (Aimee Garcia) investigam um assassinato na Terra, Lucifer tenta descobrir quem é o assassino no Inferno. Um dos destaques da temporada vai para a atuação de Tom Ellis, que consegue provar mais uma vez seu incrível talento, interpretando dois personagens completamente diferentes com energia e carisma. O embate envolvendo Miguel, no entanto, é bem curto, e seria interessante ver esse desenvolvimento de forma mais aprofundada.

Mais uma vez os personagens coadjuvantes brilharam, relembrando porque Lucifer fez tanto sucesso. Ellis é excelente, mas a produção se sustenta também com a atuação e os enredos de todos os personagens. É interessante ver Linda (Rachael Harris) e Amenadiel (D.B Woodside) lidando com os desafios de cuidar de um bebê, principalmente quando se trata de uma criança meio humana e meio anjo.
Dan (Kevin Alejandro), apesar de ter ficado com a história um pouco “solta” após a morte de Charlotte (Tricia Helfer), continua promovendo ótimos momentos de humor, como o compartilhamento de experiências da paternidade com Amenadiel. Ella também não fica para trás no quesito cômico, apesar de enfrentar, novamente, decepções amorosas. Os constantes problemas enfrentados pela personagem chegam a gerar certo incômodo, já que ela, marcada por ser animada e energética, continua passando por situações terríveis.
EPISÓDIOS MARCANTES
As personagens femininas de Lucifer merecem ser exaltadas. Um dos momentos mais divertidos da temporada acontece no sexto episódio, quando Maze, Linda, Chloe e Ella se reúnem para uma festa do pijama. Os momentos de união feminina da série são sempre muito divertidos – como na segunda temporada, quando o grupo se reúne para beber. Dessa vez, não é diferente, gerando boas risadas para o público.

Merece destaque também o terceiro da temporada, em que Lucifer e Chloe precisam investigar um assassinato dentro do estúdio da Warner Bros,, em um seriado que conta a história de um demônio que vem à Terra e acaba conhecendo uma detetive, com quem investiga crimes. Sacou a referência? A brincadeira gera momentos hilários, e claro, muitas piadas de Lucifer.
Outro destaque é o episódio que homenageia filmes noir, reverenciando produções sobre a máfia que marcaram as décadas de 40 e 50. Além de incorporar a estética da época, que se aproxima muito ao estilo do próprio Lucifer, o episódio ainda dá merecido destaque à Maze, revelando algumas informações importantes sobre o seu passado.
CHLOE E LUCIFER
Um dos arcos mais importantes da série é o envolvimento amoroso entre Lucifer e Chloe. A química entre os dois protagonistas é inegável desde o começo, o que incentiva a torcida pelo casal. Assim como muitas produções, Lucifer aposta em “idas e vindas do amor”, dando indícios de que o casal finalmente ficará junto, mas depois arrasando qualquer expectativa para prender os espectadores na esperança do final feliz. O aparecimento de Eva (Inbar Lavi) e seu envolvimento com o Diabo, o relacionamento da detetive com Caim (Tom Welling) e outros pequenos desentendimentos adiam cada vez mais o casal tão esperado. Dessa vez, o retorno ao Inferno e o surgimento de Miguel entraram no caminho.

Um pouco de emoção é sempre bem vinda ao contar uma história de amor, mas a demora para que as coisas dêem certo entre a detetive e Lucifer já começava a parecer forçada. O adiamento constante dessa união já ia deixando o enredo sem muitas opções, mas a primeira parte da quinta temporada oferece momentos que deixam os fãs felizes.
E se o medo é que a produção ‘perca a graça’, não há motivo para preocupação: ver as personalidades conflitantes de Chloe e Lucifer em um relacionamento amoroso é muito interessante, além dos desdobramentos que a união gera entre outros personagens.
CONFORTO E NOSTALGIA
É importante lembrar que a quinta temporada de Lucifer foi escrita para ser a última da série – apesar de que, recentemente, o programa foi renovado para uma sexta e última temporada (de fato). Por isso, a trama aposta em elementos familiares, humor repleto de piadas internas e nostalgia. Apostar em um caminho conhecido foi uma boa ideia, já que a fórmula da produção continua dando certo. Tanto a trama interna entre os personagens quanto o acompanhamento das investigações de crimes prendem os espectadores.
O gancho no final de cada episódio também é uma ferramenta utilizada desde o início da série – e continua dando certo. E, obviamente, o espectador pode esperar um grande cliffhanger para o final da primeira parte. Agora, a expectativa é para que grandes revelações, aguardadas desde o início da série, finalmente aconteçam.