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"Insatiable" traz uma narrativa com esteriótipos reforçados, em uma série exaustiva e sem qualquer tipo de desenvolvimento.

“Insatiable” traz uma trama com esteriótipos reforçados, em uma trama exaustivo e sem qualquer tipo de desenvolvimento.


AA nova série da Netflix, Insatiable, se tornou polêmica mesmo antes de sua estreia. O trailer, liberado no final do mês de julho, causou muito alvoroço ao mostrar a personagem principal, Patty Bladell (Debby Ryan), usando uma fat suit, passando a impressão de que série seria extremamente gordofóbica. Sem nem ter ido ao ar, Insatiable já contava com uma petição com mais de 200 mil assinaturas pedindo o cancelamento da série.

Em meio a esse cenário desconfortável, os produtores e elenco se manifestaram pedindo aos fãs que aguardassem a estreia da série que, segundo eles, ia muito além da questão do emagrecimento. No dia 10 de agosto, a primeira temporada de Insatiable foi liberada no site de streaming, contando com doze episódios.

A trama gira em torno de Patty, uma adolescente de 17 anos que sofreu bullying durante toda a vida por ser gorda. Tudo muda quando um mendigo quebra sua mandíbula e ela só consegue ingerir líquidos por três meses, fazendo com que ela emagreça e tenha o corpo com que sempre sonho. Agora, o objetivo da adolescente é se vingar de todos que a fizeram sofrer durante todos os anos em que ela era gorda.

Como Patty foi quem agrediu o mendigo primeiro, ele acaba a processando e o único advogado da cidade que aceita defendê-la é Bob Armstrong (Dallas Roberts). Quando os dois se encontram pela primeira vez, o advogado vê em Patty a chance de realizar seu sonho: voltar a trabalhar como orientador de misses, carreira que havia após uma falsa denúncia de pedofilia feita pela mãe de uma cliente.

A partir disso, a série começa a se desenrolar com Bob tentando transformar Patty na Miss Perfeita. A relação dos dois é um dos muitos pontos problemáticos da trama, devido a paixão que a menina acaba sentindo por ele, mesmo com Armstrong sendo casado, mais velho e acusado de ter abusado de uma adolescente (algo que ela comentar achar positivo, já que significava que ela tinha mais chances com ele). E assim como Patty, Bob também passou por uma grande perda de peso, causando uma maior identificação por parte da garota.

Por ter uma sede de vingança insaciável, Patty se envolve em vários problemas, incluindo investigações criminais, sempre recorrendo a Bob para salvá-la. Ao longo dos episódios, há momentos em que a trama deixa transparecer que a protagonista está prestes a recuperar o juízo e se tornar uma boa pessoa, mas o momento é interrompido, colocando Patty numa situação em que ela faz algo bem pior do que foi realizado antes. A personagem, então, parece seguir um plano para manter a aparência da menina bonita que superou a depressão e emagreceu, mas sem muito êxito.

Viver de aparências é algo que todos os personagens fazem. Bob é um homem extremamente afeminado e apaixonado pelo universo feminino, acreditando que isso pode ter relação com sua sexualidade quando seu “arquinimigo”, Bob Barnard (Christopher Gorham), admite ser apaixonado por ele há mais de dez anos. Para a sociedade, Barnard é homem perfeito: rico, bonito, advogado e casado com uma médica, pai de uma filha brilhante – mas ninguém desconfia de sua homosexualidade.

Insatiable traz tantos temas para serem abordados sem aprofundar ou discuti-los de fato. Na verdade, a série reafirma estereótipos como o de bissexuais serem apenas pessoas indecisas (os Bobs dizem frases como “bissexuais são como demônios ou aliens: não existem” ou “bi é apenas uma parada do trem para Gayville“) ou então da adolescente que é obcecada pela melhor amiga e na verdade se descobre lésbica.

Patty (Debby Ryan) e Bob Armstrong (Dallas Roberts)

Depois de doze exaustivos episódios a conclusão é de que a série joga um monte de informações que o público alvo não está preparado para digerir. Os problemas sociais ali retratados não são desconstruídos ao longo da trama e sim reforçados. Quem assinou a petição e se revoltou com a produção da Netflix só ganhou ainda mais argumentos para pedir seu cancelamento, pois em pleno 2018 a gente não aceita mais conteúdo preconceituoso se passando por comédia pastelão!


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