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"Good Omens" é uma genial série da Amazon Prime que usa das histórias bíblicas para construir uma divertida aventura contra o Apocalipse.

“Good Omens” é uma genial série da Amazon Prime que usa das histórias bíblicas para construir uma divertida aventura contra o Apocalipse.


Nota do Colab: o texto contém leves spoilers.

 

SSe você conhece o mínimo da religião cristã, o resumo a seguir não vai lhe parecer estranho. Deus criou a Terra e os Céus. Deu os Céus aos Anjos, e a Terra à Adão e Eva. Dos Anjos, veio Lúcifer. Lúcifer caiu sob a Terra, criando o Inferno. Lúcifer corrompeu Eva, que corrompeu Adão, que foram expulsos do Jardim do Éden. Desse evento nasceu a sociedade que conhecemos hoje. E dessa sociedade virá o Anticristo, responsável pelo Apocalipse.

Digamos, agora, que tudo isso seja verdade. Que tudo isso aconteceu e só estamos esperando pela revelação do Anticristo. Digamos também que nessa história há um Anjo e um Demônio, que estão na Terra desde Adão e Eva, acompanhando a História junto aos humanos. Digamos ainda que eles são secretamente amigos, apesar da adversidade/rivalidade mortal que há entre as suas duas espécies, e que, por estarem muito acostumado à vida mundana e tudo o que ela tem a oferecer, eles não tem interesse algum de que o Apocalipse venha a ser, apesar da vontade que os Céus e o Inferno tem em completar a profecia. No entanto, nenhum deles sabe quem é o Anticristo e nem o que fazer exatamente para reverter essa plano que já está em prática. Se tudo isso é verdade ou não, você está lendo o enredo de Good Omens, minissérie original do serviço de streaming da Amazon, o Prime Video.

 

Belas Maldições

Poster da série

Estrelado por Michael Sheen como o anjo Aziraphale e David Tennant como o demônio Crowley, a série é baseada no material literário de mesmo nome escrito por Neil Gaiman e Terry Pratchett, que também servem como criadores e produtores do programa. A produção é um divertidade surpresa embalada em seis episódios de 1h cada, que usam das histórias bíblicas para narrar uma história um pouco absurda onde bruxas (Adria Arjona) e caçadores de bruxas (Jack Whitehall) existem, além do Anticristo ser um inocente garoto de 11 anos que tem total desconhecimento de seu eminente futuro.

Good Omens, por ser uma história que brinca com um assunto que muitos consideram intocável, não perde a oportunidade de dar uma identidade própria aos acontecimentos e mudar um pouco o curso das coisas. Adão e Eva são negros. A Cobra, por exemplo, não é Lúcifer, mas sim Crowley, que recebeu o trabalho através do departamento controlado por mortos-vivos do Inferno. Aziraphale, que foi encubido de expulsar Adão e Eva do Jardim pelo Arcanjo Gabriel (Jon Hamm), acaba se sentindo culpado pelo destino dos dois e entrega a eles a sua famosa espada flamejante, acreditando que nada de mal irá vir disso – um ingênuo erro, uma vez que ela é usada ao longo da história em guerras e assassinatos.

Ainda, Ariana Grande ficaria muito feliz com essa série, já que Deus é uma mulher. A produção traz Frances McDormand como a voz do Todo-Poderoso (ou, claro Toda-Poderosa), que narra todos os acontecimentos do seriado de forma onipresente e apenas observando, completamente desinteressada em interferir na história que se desenrola em sua Criação. E para completar as alterações de Gaiman e Pratchett, a estranha amizade entre o anjo Aziraphale e o demônio Crowley.

 

Maridos Inefáveis

Aziraphale é um ser divino extremamente ingênuo e altruísta, sempre acreditando na pureza de sua espécie e no Chamado em defender tudo que é bom e correto, mesmo que a alta cúpula que controla os Anjos esteja pouco interessada nos humanos e em suas vidas. Com a missão de observar a humanidade, Aziraphale acabou desenvolvendo um grande amor pelas pessoas. Na Terra, ele mantém uma vasta livraria em Londres e seu hobbie consiste em colecionar todos os livros proféticos existentes no mundo – o único que lhe falta é As Belas e Precisas Profecias de Agnes Nutter, Bruxa, essencial para a trama de Good Omens.

Crowley é o completo oposto, em uma personalidade centrada em si mesmo e apenas interessado nas coisas boas que os humanos tem a oferecer, como comida e bebida. Embora seja um demônio, ele nunca está realmente interessado em fazer aquilo no qual é encubido, como entregar o Anticristo à uma igreja de freiras satânicas. Sempre fazendo tudo pela metade e sem muito esforço, Crowley só obedece seus superiores por não querer criar problemas com ele e acabar sendo mandado de volta ao Inferno, que detesta. Comicamente, o demônio é um entusiasta da botânica, mantendo diversas plantas em seu apartamento, que nutre através do medo – ele ameaça todas elas, punindo ao fogo do Inferno aquelas que se recusarem a crescerem belas.

Por terem sido os dois encubados na tarefa de Adão e Eva, o anjo e o demônio começam a desenvolver uma estranha e secreta amizade. Embora Aziraphale esteja sempre com um pé atrás, o anjo acaba cedendo ao relacionamento amigável, uma vez que sempre esbarra com o demônio ao longo da História. Quando os dois decidem se unir para encontrar Adam Young (Sam Taylor Buck), o Anticristo, e parar o Apocalipse, o público tem a oportunidade de ver esses dois personagens tão diferentes funcionarem como uma espécie de yin-yang.

E não bastasse a amizade, Good Omens constroem o relacionamento dos dois em uma linha tênue entre a camaradagem e a ~camaradagem. Embora em nenhum momento os dois expressem um sentimento romântico um pelo outro, há diversas situações e falas que propõe que Aziraphale e Crowley estão apaixonados e fariam qualquer coisa para manter o respectivo amado em segurança, mesmo que isso signifique ir ao Inferno ou enfrentar os Céus.

Um casal de homossexuais lutando por seus direitos enquanto levam o filho pra escola?

 

Netflix, Veja Isso

Amada pelos críticos e detestada entre os cristãos (que iniciaram uma petição de 20 mil assinatura para que a Netflix cancelasse a série – lembrando: Omens é uma original Prime), Good Omens é uma genial e hilariante produção televisiva que reúne grandes nomes da indústria em uma rápida narrativa com protagonistas cheios de personalidade e química, divertidos personagens e um talentoso Anticristo na flor da pré-adolescência. Sam Taylor Buck é o conjurador do fim perfeito, com um energia inocente que emana de seu personagem de volumosos cabelos. Hoje, Adam poderia ser facilmente comparado ao Will, de Stranger Things, que só quer brincar com os seus três amigos e seu novo Cão do Inferno, disfarçado, sem seu conhecimento, como um cachorrinho.

Os amigos de Adam são, inclusive, uma parte consideravelmente elementar para a história. Quando o Apocalipse chega, carregado pela Fome (Yusuf Gatewood), Guerra (Mireille Enos), Poluição (Lourdes Faberes) e Morte (Brian Cox), é o quarteto responsável por destruir os Quatro Cavaleiros do Apocalipse – especialmente Pepper (Amma Ris), a garota feminista, filha de pais hippies, com um temperamento explosivo e empoderado.

Good Omens chega ao final de forma bem amarrada, deixando no ar uma possível continuação ao mesmo tempo em que finaliza todos os seus arcos. Se este for o seu fim, tudo bem. Mas torcemos para que Aziraphale e Crowley retornem em novas aventuras, e, de preferência, oficialmente como os Maridos Inefáveis – novo oficialmente do ship entre os dois.

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