“Coisa Mais Linda” retorna para uma segunda temporada acelerada, mas que continua focando em discussões sociais e em histórias importantes.
Nota da Colab: este texto contém spoilers.
AA segunda temporada de Coisa Mais Linda, da Netflix Brasil chegou recentemente à plataforma. Depois de mais de um ano de espera, muita curiosidade pairava após o fim conturbado da primeira temporada. A principal questão em aberto: o que aconteceria depois que Augusto (Gustavo Vaz) baleou sua esposa, Lígia (Fernanda Vasconcellos), e a amiga Malú (Maria Casadevall)?
Temporada Três
Já nas primeiras cenas, a questão é solucionada. Depois de algum tempo em coma, Malú recebe alta e tem que enfrentar não só a realidade sem a amiga, que acabou não resistindo, como o retorno do marido. Pedro (Kiko Bertholini) volta como se nada tivesse acontecido e retoma os planos de ter um restaurante. Aproveitando a ausência da esposa, passa por cima de Adélia (Pathy Dejesus), transformando o clube de música. Malu então começa as tentativas de recuperar o Coisa Mais Linda e esbarra em uma legislação a favor do marido, que ameaça tirar a guarda do filho caso ela invista contra ele.
Um acontecimento muito esperado pelos fãs de Coisa Mais Linda é o casamento de Adélia e Capitão (Ícaro Silva), uma grande festa na comunidade, com a promessa de muita felicidade para o casal. Com isso, temos também o retorno de Duque (Val Perré), o pai da noiva, com a verdade sobre a história de sua esposa e os motivos pelos quais ele deixou as filhas. Enquanto isso, Adélia e Nelson (Alexandre Cioletti) passaram a compartilhar a guarda da filha, gerando um certo stress entre as famílias.
Discussões Sociais
Em Coisa Mais Linda, com o desenvolvimento de Ivone, a personagem tem mais destaque na trama e o racismo, que é uma das temáticas principais, ganha ainda mais espaço. A ascensão da moça nos palcos e sua trajetória na música trazem o assunto mais uma vez. Por sua vez, Malú tenta ser a white savior da história e acaba confrontada com a realidade. Além disso, o relacionamento de Adélia e Nelson também é permeado pelas questões raciais e ele passa a conviver com os desconfortos, principalmente no que diz respeito à sua filha.
O machismo também continua sendo um dos grandes pontos focais, e isso se intensifica com o assassinato de Lígia. Ao longo dos episódios, o acontecimento ainda repercute, principalmente com o retorno de Augusto, que estava foragido. Ao voltar, ele é indiciado e julgado por seu crime, que apesar de chocar a sociedade, recebe uma pena bem leve em um julgamento permeado por mentiras. A sentença e o machismo envolvido nos comentários sobre o desfecho do crime acabam em uma das cenas mais bonitas e fortes da temporada em que Thereza leva Malú à rádio onde trabalha e as duas usam a mídia como um canal para potencializar suas vozes.
Final Feliz?
Coisa Mais Linda permanece com os elementos que encantaram os fãs desde o começo: figurinos de tirar o fôlego, a direção de fotografia impecável e uma trilha sonora que já era boa, mas ficou ainda melhor. No entanto a temporada, composta por apenas seis episódios tem um ritmo acelerado e muitos conflitos. Isso faz com que as questões sejam pouco desenvolvidas antes de ter soluções simplistas.
Os problemas entre Pedro e Malú são rapidamente resolvidos, em poucos episódios ela retoma o clube e ele some. A crise no casamento de Thereza e Nelson também é pouco explorada e se resolve rápido, enquanto Adélia se casa, tem um câncer, é curada e se separa. Tudo parece se resolver de forma muito fácil e isso desagradou o público.
A temporada termina de forma avassaladora, com o triângulo amoroso entre Malu, Roberto e Chico desmoronando com a chegada de uma nova integrante e um plot twist, além da misteriosa morte de Augusto, em uma festa repleta de pessoas que odiavam ele. O espaço para uma continuação está aberto e a expectativa é que a próxima temporada, resolva essas questões, além dos outros conflitos, entregando todo potencial que Coisa Mais Linda tem, mas ainda não entregou.