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“Boca a Boca”: psicodelia, música energizante e questões sociais

"Boca a Boca", série brasileira da Netflix, surpreende com uma estética psicodélica e uma trilha sonora impecável que dão folego a história.

“Boca a Boca”, série brasileira da Netflix, surpreende com uma estética psicodélica e uma trilha sonora impecável que dão folego a história.


VVamos apoiar as produções nacionais? Neste mês de julho, a Netflix lançou mais uma série brasileira, com um timing perfeito para tempos de pandemia. Boca a Boca tem como temática uma doença misteriosa, que passa através do beijo e contamina diversos jovens.

A história acontece em Progresso, uma cidade do interior bem tradicional e conservadora, que tem sua economia baseada na atividade pecuária. Após uma rave, Isabel (Luana Nastas), a filha do prefeito, acorda com uma mancha preta na boca e tendo alucinações. Ela é imediatamente levada ao hospital e ninguém sabe dizer o que aconteceu com ela.

https://www.youtube.com/watch?v=aPUkkh7iNAg

Logo em seguida, Fran (Iza Moreira), Alex (Caio Horowicz) e Chico (Michel Joelsas), amigos de Isabel, começavam a tentar entender o que aconteceu e como ela ficou doente. A explicação mais óbvia para o trio foi que Bel possivelmente foi contaminada ao beijar alguém na rave. Para tentar entender a transmissão, eles fazem um mapa do beijo, marcando quem beijou quem na festa, logo percebendo dois problemas. O primeiro deles é mais óbvio: será quase impossível descobrir quem transmitiu. E o segundo é que, possivelmente, boa parte da escola está contaminada.

Por ser uma cidade pequena, a notícia logo se espalha e os adolescentes se dividem em dois grupos: o que têm medo de beijar e os que querem desafiar a doença. Nem é preciso dizer que isso faz com que o vírus se espalhe ainda mais rapidamente, levando vários adolescentes a ficarem hospitalizados com os mesmos sintomas bizarros e sem uma cura.

Com imagens bem psicodélicas em tons de neon e uma trilha sonora impecável (com direito a Baco Exu do Blues, Letrux e The Knife), a série é extremamente atual, não só por se tratar de uma doença. Boca a Boca mostra os jovens modernos que se comunicam e se expressam através das redes sociais. Nós bem sabemos que, com os celulares, as informações se espalham mais rápido, sendo isso bom ou ruim, influenciando diretamente as dinâmicas sociais.

Apesar de ser focada na doença, o seriado dá leves pinceladas em outras questões, como luto, homofobia, início da vida sexual, preconceito com o diferente e desigualdade social, dando um show de exemplo de como o modelo Casa Grande e Senzala ainda perpetua atualmente. Esse tipo de discussão é extremamente relevante ao mostrar que, mesmo no entretenimento, é possível e necessário adicionar críticas sociais.

Mesmo com uma estética impressionante e que faz arrepiar, Boca a Boca deixa um pouco a desejar. Com seis episódios com cerca de 40 minutos cada, a história segue um fluxo um pouco arrastado pelo tamanho e só se desenvolve mesmo bem no final. O vírus em si não é tão bem explicado e a possível fonte de contaminação parece ter sido escrita às pressas.

Claro que, mesmo com algumas falhas de roteiro, a produção nacional é boa de assistir e traz uma história bem criativa. Esmir Filho e Juliana Rojas, os diretores, conseguem mesclar bem a frieza da ficção científica com a sensibilidade das questões sociais e aflições dos adolescentes. E não posso deixar de falar que as cenas de beijo deram um banho nos beijos gringos. Muita língua, toque e calor humano filmados em plano detalhe. Sem aqueles beijos secos que Hollywood mostra como se fossem cheios de paixão.

Ainda não foi confirmada uma segunda temporada para Boca a Boca, mas uma cena pós-créditos entrega que há mais história pela frente.

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