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"As Telefonistas" estreia sua primeira temporada apostando em um interessante enredo, carregado pela luta feminina por indepedência.

“As Telefonistas” estreia sua primeira temporada apostando em um interessante enredo, carregado pela luta feminina por indepedência.


“Em 1928, as mulheres eram vistas como objetos que serviam para serem exibidos nas festas, objetos incapazes de expressão opinião ou tomar decisões. É verdade que a vida não era fácil para ninguém, mas ainda menos para as mulheres. Se você fosse mulher em 1928, a liberdade lhe pareceria uma meta inatingível. Para a sociedade, éramos apenas esposas e mães. Não tínhamos o direito de ter sonhos e nem ambições. Em busca de um futuro, muitas mulheres tiverem de viajar para longe e outras tiveram que enfrentar as regras de uma sociedade machista e retrógrada. No final, todas nós, ricas ou pobres, queríamos o mesmo: ser livres”

 

EEm suas primeiras cenas, As Telefonistas já mostra a que veio. Um assassinato e ameaças marcam o início da trama. Com uma pegada Girl Power, a série discute o papel da mulher na sociedade a partir das situações vividas pelas personagens. A produção de estreia da Netflix espanhola chegou ao Brasil em abril e apesar de não ter obtido mesma repercussão que outros produções da gigante do streaming, merece um lugar na lista de séries que fazem importantes críticas sociais.

Apesar de ambientada na década de 20, As Telefonistas é marcada pela atemporalidade: aborda temas pertinentes e atuais, como a violência contra a mulher, o machismo e o empoderamento. O drama histórico dirigido por Ramón Campos se passa na época em que começavam a surgir os movimentos sufragistas femininos, em busca dos direitos ao voto e ao divórcio, enaltecendo a luta para conquistar seu espaço numa sociedade completamente machista. Numa época em que as mulheres ficavam confinadas em casa, limitadas a fazer serviço doméstico e cuidar de suas famílias.

https://www.youtube.com/watch?v=vtJ72tZ9H6A

Quando fazer chamadas telefônicas era um processo muito mais trabalhoso do que atualmente, as jovens Lídia/Alba (Blanca Suárez), Angeles (Maggie Civantos), Marga (Nadia de Santiago) e Carlota (Ana Fernández), na trama, foram contratadas pela Companhia Nacional Telefônica de Madri, como garotas de cabo. É ali que nasce uma grande amizade e, juntas, elas buscam maneiras de superar todas estas situações e conquistar seus lugares perante a sociedade.

Alba é misteriosa e tem um passado cheio de segredos. Diante de uma ameaça se passa por outra pessoa para conseguir o emprego e roubar a Companhia. Ao longo da trama, a personagem reencontra um amor do passado que muda seus planos e acaba em um triângulo amoroso. Angeles é uma mulher dedicada à família, mas descobre que está sendo traída e se vê num relacionamento abusivo. Ao ser agredida, procura ajuda da primeira mulher advogada da Espanha, mas é obrigada a continuar na mesma situação ao ver que a lei não pode ajudá-la.

Marga acaba de chegar do interior e demora a se adaptar à vida na cidade grande. Diferente de outras personagens interioranas, se mostra muito forte e nada bobinha. Carlota é uma mulher com sede de revolução, que não aceita o lugar imposto a ela, mas sofre na mão de um pai militar que não compreende a busca da filha por sua independência. Também, funciona como personagem introdutora de outra questão muito atual ao se descobrir bissexual.

Cena de “Las Chicas del Cable”, nova série da Netflix

A trilha sonora contemporânea e a fotografia com cores fortes de As Telefonistas trazem leveza e um ar diferenciado aos temas tratados. Entre os figurinos pomposos de encher os olhos, em tons de feminismo e progresso, elas demonstram a sede por um mundo mais justo ao lidar com diversas situações em busca da conquista de seus direitos, num tempo onde as mulheres eram vistas como adereços e tinham seus direitos negligenciados.

O que traz uma carga ainda maior de representatividade é a dualidade das personagens. Diferente de outros enredos, ninguém é uma coisa só o tempo todo. Apesar de serem mulheres fortes, elas mostram seus pontos fracos ao longo da trama. É perceptível que as conquistas e superações no desenrolar da história só acontecem porque elas têm a ajuda uma da outra, dando ênfase a outro tema em voga: a sororidade feminina.

As Telefonistas é envolvente, e ao final dos oito episódios, é impossível não querer uma continuação. A segunda temporada já está sendo gravada e sua estréia está marcada para dezembro deste ano. A terceira temporada também está confirmada e tem seu lançamento previsto para 2018. Por aqui, a gente aguarda e fica na torcida de que as outras temporadas sejam tão boas como a primeira. E claro, de que a Netflix não cancele mais essa série.


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