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“Arquivo Morto” é uma série policial cuja trama segue uma equipe de detetives responsáveis por desvendarem antigos casos não solucionados pela polícia.


“Não são apenas processos em caixas. São pessoas”. Com uma das frases mais impactantes da série, a detetive Lilly Rush (Kathryn Morris) é a protagonista da série Arquivo Morto (2003-2010), que foi ao ar pela primeira vez há 15 anos atrás. Com um total de sete temporadas e 156 episódios, a produção televisiva é dirigida por Meredith Stiehm, revolucionando as séries de investigação que existiam na época.

A série foca na vida da detetive Lilly, integrante da equipe de homicídios da polícia da Filadélfia. Ao invés de resolver os crimes diários que ocorriam na cidade, a missão da detetive é cuidar dos arquivos mortos do departamento – casos arquivados que nunca foram solucionados. Além dela, a equipe é formada pelo Tenente John Stillman (John Finn) e os detetives Will Jeffries (Thom Barry), Nick Vera (Jeremy Ratchford), Kat Miller (Tracie Thoms) e Scott Valens (Danny Pino).

Ao mesmo tempo em que a série dá um enfoque para os casos, a produção também aborda um pouco da vida pessoal de Lilly.  Com um ar blasé, olhar frio e distante, a personagem pode ser considerada um pouco solitária e melancólica, sendo justificado pelo meio onde viveu (sua mãe era uma alcoólatra e não dava muita atenção para ela e para sua irmã mais nova). Apesar desse jeito reservado, é notório que existe uma atração entre Rush e seu parceiro, o detetive Scott, que, devido ao profissionalismo, nunca chegam a se envolver de fato.

Da esquerda pra direita, os personagens John Stillman, Kat Miller, Nick Vera, Will Jeffries, Lilly Rush e Scott Valens.

O que destaca Arquivo Morto das demais séries do gênero é seus personagens sempre tão bem humanizados. Solucionar os casos não é uma questão de prestígio profissional para os detetives, e sim uma questão de honra e respeito com as vítimas e seus familiares – pois a pior coisa que pode acontecer, para eles, é um assassinato ficar sem resposta. E cada uma dessas histórias são trabalhadas cuidadosamente, sempre emocionando o público e os próprios personagens.

Os casos investigados, em sua maioria, são datados entre 1950 e 2005, sendo raros os que aconteceram antes da década de 50. Para tornar esse desenvolvimento ainda mais interessante, a série faz o constante uso de flashbacks, que mesclam cenas do passado com o presente para contar os acontecimentos envolvendo o caso e o processo para soluciona-lo. Além disto, ao final de cada episódio, uma canção cuidadosamente escolhida faz a trilha sonora dos minutos finais – quase sempre tendo algum relacionamento lírico com o conteúdo do capítulo.

Grande parte dos crimes eram motivados por questões ideológicas, como o racismo, homofobia, machismo ou a hierarquia social vigente da época. As vítimas eram mortas por seguirem suas paixões, por serem elas mesmas, por amar quem bem entendessem, por seguir um comportamento que era considerado como “diferente” pelas pessoas da sociedade. Desse modo, Arquivo Morto levantava constantemente uma discussão crítica e enriquecedora sobre esses temas.

 

Histórias Marcantes

Ao longo dos seus 156 episódios, algumas histórias marcaram a série, como o caso A Time to Hate  (S01E07). Nele, Helen Holtz (Lisa Long/Barbara Tarbuck) pede ajuda de Lilly para fazer justiça para seu filho, Daniel Holtz (Patrick Macmanus), assassinado na década de 70, vítima de preconceito sexual. A mulher acredita que, na época, os policiais não chegaram a realmente investigar o caso devido às repercussões que isso traria para a sociedade. No final do episódio, a música escolhida pela produção é Turn! Turn! Turn!, de The Byrds.

 

Em Factory Girls (S02E02), Lilly reabre um caso de 1943, envolvendo a morte suspeita de Alice Miller (Chad Morgan), uma funcionária de uma fábrica. Martha (Stacey Scowley/Anne Bellamy), amiga da falecida, implora para que Lilly e sua equipe investiguem o caso, que recebe novas pistas após uma reunião de colegas. Don’t Fence Me, de Bing Crosby, é a música do final.

Colors (S03E04) acompanha Rush e Jeffries investigando um caso que ocorreu em 1945, envolvendo a estrela do beisebol Clyde “The Glyde” Taylor (Arlen Escarpeta), assassinado a golpes com seu próprio bastão. A única evidência do caso é uma camisa ensanguentada da vítima. Rush e sua equipe são obrigados a investigar todo o passado do atleta para conseguir solucionar o caso. Doris Day é a escolhida para embalar os créditos, com a música Sentimental Journey.

No episódio Shuffle, Ball Change (S04E17) um corpo é encontrado em um depósito de lixo, de forma que a equipe é obrigada a reabrir um caso de 1984, em que o jovem Maurice (Nathan Halliday) foi assassinado. Quando vivo, ele sonhava em ser um dançarino, mas não tinha a aprovação do seu pai, Pat Hall (Chris Mulkey), que considera uma carreira decadente e apenas para os homossexuais. Lily e sua equipe vão investigar a fundo a vida de Maurice e de como era o seu núcleo familiar, descobrindo no final do episódio o triste destino do menino, cuja trilha sonora é a música I Want to Know What Love Is, do Foreigner.

Um dos episódios mais intensos de Cold Case é Stalker (S04E24). Tudo começa quando Kim Jacobi (Ellen Woglom) acorda do coma, meses após um ataque em que toda sua família foi assassinada. Ela não tem muitas lembranças sobre o ocorrido, mas se lembra que tinha um admirador secreto que se denominava de “Romeu”. E nada vai impedir “Romeu” de ficar sozinho com sua “Julieta”, colocando em risco a vida de toda equipe que é mantida refém. Stolen, de Dashboard Confessional, é a música do final.

 

O Cancelamento

Apesar da boa recepção que Arquivo Morto teve pela crítica especializada, a série chegou ao fim em 2010, quando foi informado que o canal CBS não seria renovada para uma oitava temporada, sem poder receber um final digno à sua altura. Porém, se tem algo que reconforta todos os fãs da série é que, durante sete anos, histórias emocionantes e memoráveis embalaram a produção – e assim como elas, os tão queridos personagens também permanecerão na memória.

E como é dito na série: “Devemos lembrar o melhor das pessoas e não como elas acabaram”. Então, ao invés de se remoer pelo fim de Arquivo Morto, devemos nos lembrar da série em seus dias de glória.


PLAYLIST



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