fbpx
Na quarta e última temporada, "3%" traz um bom desfecho a trama, encerrando com consistência a primeira produção brasileira da Netflix.

Na quarta e última temporada, “3%” traz um bom desfecho a trama, encerrando com consistência a primeira produção brasileira da Netflix.


AA série 3% chegou à Netflix em 2016 como a primeira produção brasileira da plataforma. Narrando uma distopia, o seriado mostra um Brasil devastado, tendo sido dividido entre duas partes: o Continente (onde a maior parte da população vive na miséria) e o Maralto (destino de apenas 3% da população decorrente de um processo, onde os selecionados podem viver com todos os privilégios possíveis, com tecnologias semelhantes as de Black Mirror).

Contando com quatro temporadas e 33 episódios (ou Capítulos), 3% é o tipo de série que deixa a audiência sempre instigada. A história é envolvente e a trama pode provocar no telespectador sentimentos diversos a cada ação dos personagens, além de fazer uma crítica explícita à desigualdade socioeconômica, ao discurso de meritocracia e também aos limites da integridade humana.

 

O MARALTO ACABA AQUI

MISSÃO
Na quarta e última temporada da série, a Concha aproveita uma brecha e inicia o plano de acabar com o domínio do Maralto e da filosofia meritocrata do casal fundador sobre o Continente
Na temporada final de 3%, a missão começa a ganhar forma no Maralto e, enquanto o grupo da Concha (que é contra o processo e a divisão imposta) dá o primeiro passo, a ideia de não se deixar seduzir pelas vantagens do Maralto não é unanime entre os integrantes do plano. Isso acaba prejudicando o objetivo inicial e cobra de Michele (Bianca Comparato) um contorno adicional para conseguir dar continuidade à tarefa do grupo.

Durante o último ano, Joana (Vaneza Oliveira) e Xavier (Fernando Rubro) ganham destaque, colocando-os como peças principais do enredo. Ambas as histórias são contadas com maiores detalhes e colocam os personagens frente a situações onde podem mostrar suas importâncias na produção.

Na mesma linha, outro núcleo melhor desenvolvido é o dos Alvarez, que ganham mais cenas trazendo a relação entre Marcela (Laila Garin) e seu pai, mostrando ainda como isso reflete em sua relação com seu filho Marco (Rafael Lozano). Além disso, Marcela é o exemplo do quanto os cidadãos do Maralto podem estar infelizes por dentro apesar de toda a fartura do lugar.

Assim como nas temporadas anteriores de 3%, os flashbacks são bastante utilizados para contribuir com o entendimento a respeito dos personagens e suas relações, deixando mais evidente suas motivações em cada ação. A série segue dando destaque ao protagonismo das minorias, mostrando a real cara do nosso país ao contar com um elenco diversificado dando vida a personagens que representam as diversas sexualidades, gêneros e cores do povo brasileiro.

Nuances mais emotivas são adicionados ao decorrer dos episódios. Botões (Capítulo 06), em especial, é um dos mais tristes, mas acaba por surpreender com o seu desfecho em um plot twist aliviante. Seguindo fielmente a ascendente qualidade das temporadas anteriores, 3% chega ao fim como exemplo do que o audiovisual brasileiro é capaz de produzir, conquistando espaço entre as produções que merecem grande destaque em nossa tela.

Apesar de seus baixos com diálogos um tanto forçados demais até para uma ficção, 3% não decepciona ao dar um desfecho satisfatório para o futuro do mundo representado. Com uma trilha sonora MA-RA-VI-LHO-SA, contando com artistas renomados como Elza Soares e Liniker, a produção chega ao fim ao som de Velha Roupa Colorida, de Belchior, mostrando que, de fato “uma nova mudança, em breve, vai acontecer”.

Compartilhe

Twitter
Facebook
WhatsApp
Telegram
LinkedIn
Pocket
relacionados

outras matérias da revista

Música
Agnes Nobre

De olhos abertos para a evolução de Sabrina Carpenter

Sabrina Carpenter termina 2018 lançando seu segundo álbum, “Singular: Act I”, mostrando amadurecimento e focando em uma estética rebuscada. A trajetória da Disney é marcada por revelar jovens talentos da música e da atuação em seus programas infantis e para o público jovem-adulto. Dentre nomes como Miley Cyrus, Selena Gomez e Demi Lovato, temos atualmente uma nova artista que resulta da criação tutelar do estúdio de Mickey Mouse: Sabrina Carpenter. Apesar de ter contato com a música desde bem nova, a artista começou sua atividade na emissora ao ficar em terceira posição do concurso The Next Miley Cyrus Project, ganhando

Leia a matéria »
Pesadelo na Rua Z
Deborah Almeida

Pesadelo na Rua Z / Hush – A Morte Ouve (2016)

Enquanto muitos filmes de terror se baseiam nos sons para causar medo no público, Hush - A Morte Ouve faz o caminho oposto: o medo está no bom trabalho do silêncio. Na trama acompanhamos Maddie Tough (Kate Siegel), uma escritora com deficiência auditiva e vive isolada em uma floresta e precisa lutar pela sobrevivência quando um assassino mascarado (interpretado por John Gallagher Jr.)aparece nas redondezas da propriedade. Inicialmente, Maddie não era a vítima do assassino, contudo, uma vez que o homem nota a condição da protagonista, ela passa a virar uma caçada interessante. Ele consegue invadir a casa, roubar o celular
Leia a matéria »
Back To Top