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O amor de Sam Smith em “Love Goes”

Em "Love Goes", Sam Smith retorna com um álbum que reforça todas suas virtudes como compositor e cantor de baladas impactantes.

Em “Love Goes”, Sam Smith retorna com um álbum que reforça todas suas virtudes como cantor-compositor de baladas impactantes.


QQuem é fã de Sam Smith sabe o que esperar de um lançamento dele: baladas poderosas, letras envolventes, vocais e uma sofrência pop. Quando o cantor surgiu, em 2014, não demorou para cair nas graças do público como mais uma voz incrível que cantava hinos sobre términos, decepções, traições e toda a bad que pode envolver o fim de um relacionamento.

Durante esses primeiros anos de carreira, Sam se manteve no padrão que a sociedade esperava de um homem dentro do mundo pop – mesmo se assumindo gay desde o início. Qual não foi a surpresa, então, de um lançamento como How Do You Sleep?? No clipe, de 2019, Sam Smith mostra ao público uma nova versão de si mesmo: muito mais queer, liberto, dançarino e empoderado. Foi naquele momento que os fãs pediram, clamaram e sonharam por um álbum inteiro na mesma pegada.

Porém, pouco tempo após o anúncio do álbum To Die For, veio a pandemia. O título do novo trabalho já não parecia certo tendo em vista tudo o que o mundo estava passando. Por isso e por conta do futuro incerto da indústria musical, Sam Smith, assim como outros artistas, decidiu adiar o lançamento do seu terceiro álbum por alguns meses e, nesse meio tempo, renovou todo o projeto. Mudou capa, nome, conceito e parte da tracklist. Mas será que um projeto que levou tanto tempo para ser construído funcionaria mesmo depois de reformulado em um período de poucos meses?

Capa do álbum

Young, que abre o disco Love Goes, mostra que… provavelmente sim. A música, toda a capella, não segue o pop dançante que Sam estava apresentando nos últimos singles, mas é um refresco para os fãs nostálgicos. O cantor decide por apresentar o novo trabalho mostrando seu lado mais confortável e amado por todos: balada nua e crua e vocais poderosos. Ponto alto do álbum.

Mas Diamonds muda tudo. O ritmo sobe e a primeira sofrência feita para dançar dá as caras no álbum. Na letra, Sam Smith fala sobre um ex-amor que tinha mais interesse na fama do cantor do que na pessoa que ele é. É moderna, ótima para as pistas e a representação perfeita dessa nova era.

Música sobre “a fila andou”? Temos. Another One tem uma produção simples e foca na letra, na qual Smith diz entender que o ex seguiu em frente e que ele espera que essa nova pessoa seja tratada não como um “outro”, mas como um “alguém”. É o Sam fazendo o que faz de melhor: cutucar a ferida de quem está ouvindo.

My Oasis faz uma metáfora entre o amor incondicional que Sam sente e elementos da natureza. Para ele, a pessoa amada é um oásis – dramático nível Sam Smith que a gente aprova. A música muda o ritmo do álbum, tem um toque de sensualidade, o que só aumenta com a participação do Burna Boy. Ótima!

Sam Smith no clipe de “How Do You Sleep?”

A faixa seguinte, So Serious, acaba ficando um pouco apagada depois de tantas músicas interessantes. A letra não é tão inspirada quanto as anteriores e, mesmo na produção, deixa a desejar. Iniciar com aquele instrumental é bacana, mas a repetição durante os refrões deixa a música extensa e cansativa.

Sam Smith tem um falsete muito gostoso de ouvir e faz uso disso em Dance (‘Til You Love Someone Else), faixa que traz o álbum de volta para as pistas de dança. Apesar de soar como uma novidade, não é das minhas favoritas. Mesmo assim, tem uma ponte e encerramento incríveis! A próxima, porém, com certeza foi uma das que mais me impactou.

For The Lover That I Lost é Sam Smith em sua forma mais crua. A balada poderia estar em qualquer um dos outros trabalhos dele e, inclusive, foi originalmente cantada na voz da icônica Céline Dion – Sam a compôs para o último álbum da cantora. Piano, letra e vocais poderosos fazem dessa mais um grande acerto para a coleção de sofrências.

Às vezes uma música não parece nada de mais à primeira ouvida, mas depois de dar algumas chances, ela cresce. É o que aconteceu entre mim e Breaking Hearts. A produção é bastante simplista, mas a letra, por si só, é muito interessante e faz valer a pena. Enquanto isso, Forgive Myself é outra feita, basicamente, de piano e vocais, sendo outra excelente adição à coleção do cantor. A letra é impactante e, apesar da produção não ser inovadora, a construção entre a ponte e o refrão final é muito gostosa.

A faixa-título, Love Goes, é um feat com o Labrinth e é uma dessas que causa estranheza total à primeira ouvida. Depois de quase um minuto de um instrumental com piano, entra uma batida que já mostra que a música não vai ser tão convencional. Até o segundo refrão ela soa linear: versos simples, um refrão de duas frases e o mesmo instrumental do início. Mas, depois do terceiro refrão, a faixa explode, ganha saxofones, e uma batida épica. Uma surpresa no álbum. Escolher essa faixa tão experimental para dar nome ao trabalho revela muito sobre as intenções do Sam Smith em relação à própria carreira.

Kids Again encerra o Love Goes de forma belíssima. A letra reflete sobre um amor do passado e, depois do primeiro refrão, a música cresce e fica ainda mais gostosinha. Não é um destaque, mas cumpre seu papel dentro da tracklist.

A versão deluxe do disco vem acompanhada de seis faixas bônus, que são os singles lançados no meio-tempo entre o segundo e esse terceiro álbum. Observando-as, fica claro que essa tracklist realmente sofreu alterações com o adiamento do álbum. A própria To Die For, que seria a faixa-título, ficou entre as bônus agora. Os hinos Dancing With A Stranger, com Normani e How Do You Sleep? também aparecem por aqui, bem como I’m Ready, parceria com Demi Lovato feita para as Olimpíadas que não aconteceram. Encerrando definitivamente, Sam encaixou Fire On Fire, a sua contribuição para a trilha sonora de Watership Down e a já muito conhecida Promises, com o DJ e produtor musical Calvin Harris.

Apesar de trazer os melhores dos dois mundos, Sam não se arrisca tanto no álbum quanto os últimos singles davam a entender que aconteceria. De qualquer forma, adicionar baladas novas na voz dele é sempre um deleite para quem é fã. Love Goes cumpre seu objetivo e Sam Smith nos encanta com o seu amor novamente.

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