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Paul McCartney traz ao Brasil mais uma de suas turnês, celebrando sua carreira e aproveitando 50 anos de um dos álbuns do The Beatles.

Paul McCartney traz ao Brasil mais uma de suas turnês, celebrando sua carreira e aproveitando 50 anos de um dos álbuns do The Beatles.


AAos poucos as pessoas foram entrando e ocupando os espaços e as cadeiras vazias do Estádio do Mineirão. E em seus rostos era perceptível a animação e a alegria por estarem prestes a ver o cantor e compositor Paul McCartney se apresentando. O show que aconteceu na terça-feira, 17 de outubro, em Belo Horizonte, faz parte da turnê One on One e contou com um público de aproximadamente 51 mil pessoas.

Os fãs aproveitaram para matar as saudades do ex-Beatle desde a sua primeira vinda a capital mineira, há quatro anos e meio, depois da estreia de Out There!. Mesmo com um pequeno atraso de aproximadamente 10 minutos, Paul conseguiu fazer uma abertura em grande estilo com a música Hard Day’s Night e animou todo o público que esperava ansiosamente para vê-lo.

Aos 75 anos, McCartney provou que ainda possuiu uma grande energia ao apresentar um show de três horas. Além disso, ele mostrou ser bastante carismático interagindo com as pessoas, fazendo algumas brincadeiras e se arriscando em algumas frases em português como “É bom estar de volta”, “Tudo bem com vocês?”, “Olá, BH” e “Está chegando a hora de partir”.

O repertório passeou pelos 60 anos de carreira do músico, com sucesso dos The Beatles, do Wings e até mesmo do The Quarryman (a banda formada por Paul McCartney e John Lennon, que mais tarde deu origem ao The Beatles). Alguns sucessos como Love Me Do, Blackbird e In Spite Of All The Danger (uma das primeiras músicas gravada pelo The Quarryman), foram relembradas por Paul. Além de algumas músicas mais antigas, ele também apresentou alguns de seus trabalhos mais recentes como Queenie Eye, New (duas faixas do álbum New, lançado em 2013) e Four Five Seconds (uma parceria entre Rihanna, Paul McCartney e Kanye West).

Um dos momentos mais emocionantes da apresentação foi a música Hey Jude, em que milhares de pessoas levantaram plaquinhas e balões com a frase escrita “Na na na” (referência ao trecho “na, na, na, na na na na, na na na na, hey Jude”). Os fãs acompanharam o cantor enquanto balançavam as plaquinhas e balões, mobilizando todos que estavam presentes no Estádio do Mineirão.

A estudante de jornalismo Sylvia Amorim é uma grande fã do músico e teve a oportunidade de ir ao show. Ela observou a energia e entusiasmo de Paul McCartney que tem muita disposição para cantar e tocar, andar pelo palco, trocar de instrumentos, fazer dancinhas, sem demonstrar nenhuma dificuldade no trabalho vocal. “Ele contagia todo mundo e emociona também. Foram três horas de show que passaram muito rápido, você fica entretido naquilo. Eu achei muito fofo também como ele sempre mexe com o público, fala em português, chama Belo Horizonte de ‘BH’ e usa gírias daqui de Minas. Parece que ele conquista a gente assim, pela simplicidade e gentileza, como se a gente tivesse intimidade com ele. Foi uma experiência incrível, que vou levar pro resto da vida, parece que toda a plateia ali dividia um só coração, cantando as músicas”, relata.

Paul McCartney deu o pontapé de sua nova turnê em Fresno, na Califórnia, Estados Unidos

O jovem Pedro Caxito também sempre gostou dos The Beatles, uma vez que sua mãe é uma verdadeira beatlemaniaca. Essa paixão pela banda é algo que está presente em sua família há anos, pois sua mãe e suas tias eram adolescentes quando os The Beatles estouraram aqui no Brasil, em 1964. Elas juntavam moedinhas para comprar os discos, que hoje fazem parte da coleção de vinil do Pedro.

Por ter crescido com essa influência dentro de casa, o rapaz considera uma experiência mágica poder ver um ex-Beatle cantando ao vivo. “O show foi incrível, não tenho palavras pra descrever. Fico imaginado como deve ter sido para minha mãe e para minhas tias que são fãs há 50 anos, faz toda aquela espera de décadas escutando Beatles, Wings e o Paul valer a pena”, afirmou.

 

50 Aos de Sgt. Pepper’s

No dia 1º de junho de 1967, o álbum Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band foi lançado. Tratava-se de uma obra do rock psicodélico, que estava emergindo naquela época. Assim que chegou às lojas o disco se tornou líder das listas de sucesso do Reino Unido por 27 semanas, além de ficar por 15 semanas no lugar mais alto do ranking da Billboard.

Não demorou muito tempo para que o álbum começasse a quebrar algumas barreiras. Sgt. Pepper’s ficou conhecido por ser o primeiro álbum conceitual que não tinha interrupções entre as suas faixas, ou seja, isso criou uma ideia de obra global, algo para ser escutado como se fosse uma obra única e não como 13 faixas separadas. Além disso, foi o primeiro álbum a ter as letras das músicas impressas no encarte.

A capa do disco também foi algo revolucionário para a época, uma vez que elas resumiam-se a fotos brilhantes dos artistas. Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band quebrou essa tradição. A capa do álbum apresentou uma montagem com figuras icônicas e históricas como Edgar Allan Poe, Marilyn Monroe, Bob Dylan, Marlon Brando, Oscar Wilde, Gustav Jung, Lewis Carroll, Karl Marx e os próprios Beatles, que usavam uniformes militares carnavalescos.

Agora, 50 anos depois desde o seu lançamento, o disco ainda é considerado como uma obra bastante influente. Para muitos trata-se de uma obra fundamental de rock de todos os tempos. E para comemorar esse aniversário, foi lançada uma edição especial de Sgt. Pepper’s.

Essa edição contém remixes, demos, versões alternativas, um livro de 144 páginas e o documentário remasterizado de Making of Sgt. Pepper (1992). Esse pacote contém quatro CDs, DVD e um box Blu-ray. E nos textos que acompanham o box, Paul McCartney comentou a respeito do álbum e de seu grande sucesso nos dias atuais. “É uma loucura pensar que, 50 anos depois, ainda estamos olhando para trás com tanto carinho. Também não conseguimos acreditar como quatro homens, um produtor genial e sua equipe de engenheiros puderam fazer uma peça de arte duradoura tão impressionante”.

 

A Influência dos Beatles

John Lennon, Ringo Starr, George Harrison e Paul McCartney. Esses são os nomes dos quatro integrantes que compunham a banda The Beatles, que fez um enorme sucesso e que revolucionou o mundo da música.

A trajetória deles iniciou-se no The Cavern Club, em Liverpool, e aos poucos o sucesso crescente fez com que eles se tornassem mundialmente conhecidos. E durante oito anos, de 1962 a 1970, os The Beatles mudaram para sempre o mundo do rock and roll. Eles criaram uma linguagem musical única e influenciou o comportamento da juventude daquela época, de forma que esse fenômeno ficou conhecido como beatlemania. E, até hoje, nenhum outro grupo musical conseguiu alcançar tal façanha.

O sucesso deles era tão grande que em 1965 a rainha Elizabeth II, da Inglaterra, condecorou os The Beatles com a Ordem do Império Britânico. Nesse mesmo ano, eles já haviam lançado o seu sexto álbum. No ano seguinte, em 1966, eles iniciaram uma turnê por cinco países: Alemanha, Filipinas, Japão, Estados Unidos e Canadá.

O dia 10 de abril de 1970 ficou marcado por uma notícia chocante: Paul McCartney estava deixando os The Beatles, ao mesmo tempo em que estava lançando o seu primeiro álbum solo. Aquele era o fim da banda. Foi uma das separações mais impactantes de todos os tempos. Porém, apesar do fim deles, a sua influência continua mais forte do que nunca e suas músicas continuam conquistando uma legião de jovens.

De acordo com o professor de português Guilherme Lentz, que é um grande fã da banda, toda essa importância dos The Beatles se dá por diversos fatores, entre eles a ousadia: “Eles viveram em um momento propenso à experimentação, encontraram portas já abertas por artistas que vieram antes deles;  tiveram à disposição recursos técnicos privilegiados. Nesse sentido, os Beatles tiveram muita sorte”.

Além disso, eles também possuíam um enorme talento em mãos. “Eles tinham ideias, criatividade, determinação, profissionalismo, inspiração, inteligência, todo um instrumental que com o passar dos anos se desdobrou em outras virtudes, como engajamento, correção, maestria, interesse por outras áreas, tudo isso sem nunca se acomodarem, sem nunca repetirem receita, sem nunca cederem às facilidades, às tentações do sucesso garantido”, explica Guilherme.

O professor também observa que não há tantos artistas que reúnam tanta riqueza como os The Beatles, e ressalta que existe certo interesse por parte da indústria cultural que contribuiu para esse sucesso após tantos anos. Porém, esse não é o fator principal, e sim as músicas carregadas por uma essência forte e verdadeira: “No final das contas, é isso que permite que todos os esforços ao redor dos Beatles continuem frutificando”.


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