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“She is Coming”, álbum de Miley Cyrus, é um projeto despretensioso, divertido e experimental, capaz de causar aquele gosto de quero mais.

“She is Coming”, álbum de Miley Cyrus, é um projeto despretensioso, divertido e experimental, capaz de causar aquele gosto de quero mais.


Seja Sandy e Junior, Jonas Brothers ou Tiago Iorc. O fato é que o primeiro semestre de 2019 está marcado pelos retornos de artistas que aquecem nosso coração de fã e abalam todas as gerações de admiradores. É a famosa “volta dos que não foram”, que resgata emoções da adolescência, os ritmos que embalaram nossas festas com os amigos ou até mesmo novas apostas para conquistar ainda mais o público.

Destes retornos, um que merece destaque é o de Miley Cyrus, que volta aos holofotes com o lançamento do seu novo EP She is Coming. O material faz parte de um novo projeto da cantora, dividido em três pequenos compilados – junto de Here e Everything, ainda sem datas de lançamento. O recém lançado marca a primeira parte de seu novo álbum, chamado pela própria de She is Miley Cyrus, uma oportunidade de conhecer mais sobre ela, em uma nova fase que não havia exposto até então.

O disco, composto por seis faixas, mostra uma Miley à vontade, segura e confortável com a própria personalidade, que foi se descobrindo e se aceitando ao longo do tempo. Agora parece que ela finalmente conseguiu combinar seu lado animado e sem limites da era Bangerz (2013) com o ritmo country das suas raízes e família, presente nos primeiros trabalhos e no último álbum Younger Now (2017) – este último, uma aposta duvidosa na sua carreira que dividiu a crítica e o público.

 

Ela Está Vindo

No seu primeiro lançamento solo desde 2017, como sugere o próprio título (Ela Está Vindo, em tradução literal), a artista investe em um discurso que traz muito das características pessoais e aspectos que a marcaram enquanto profissional. Desde a voz potente e forte ao balanço country vemos emergir o recomeço de uma Miley Cyrus mais madura, consciente e esclarecida das habilidades que tem, disposta a voltar com força total.

“Ainda há momentos inventivos, como se Cyrus estivesse vasculhando uma caixa de roupas e experimentando diferentes chapéus. Mas, no geral, a adoção desses registros diferentes é mais despreocupada do que no passado. Ao invés de buscar uma nova identidade para aparecer, esta Cyrus é brincalhona, irônica e, o mais importante, fazendo algumas das melhores canções pop que ela fez em anos”.

– CRÍTICA DO JORNAL BRITÂNICO THE GUARDIAN.

Capa do EP

Da primeira à última faixa do She is Coming, temáticas como liberdade, drogas, amor intenso, mágoas, tomam conta das letras, executadas pelo vocal consistente de Miley, além da diversão que não podia faltar. Podemos perceber a preocupação em fazer um álbum diverso e diferente a cada música, apostando desde uma balada indie até um pop avançado, dançante, com letras fortes e repetições descontraídas e agitadas. Certamente, a artista conseguiu se redescobrir e apresentar um novo lado de si própria, sem deixar de lado a qualidade musical.

Ainda, a cantora constrói uma identidade visual e sonora realmente diferente dos seus trabalhos anteriores, em especial Bangerz e Younger Now. Ao ouvir todo o EP, a sensação que fica é a de reinvenção em um território que a mesma descobriu que domina – ou seja, as personalidades e momentos paralelos de sua carreira e vida pessoal, expressas de forma explícita nos dois discos citados.

 

Ela Está Aqui

Fica evidente a intenção de não encontrar, com o lançamento, uma identidade nova que caracterize e marque o atual momento da artista. Vemos, na verdade, uma expressividade única que precisa ser afirmada por ela, que deixou de ser fruto do country ou apenas a sombra do alter-ego Hannah Montana, mas carrega estes como riqueza e herança que contribuíram para o que ela é hoje.

BILLBOARD 200
Na principal parada de álbuns da música, a Billboard 200, Miley Cyrus estreou o She is Coming  direto na 5ª posição e se tornou o 12º álbum da artista a aparecer no Top 10 da lista – contando com os lançamentos de Hannah Montana. Na primeira semana, a coletânea obteve 36 mil unidades equivalentes vendidas (contagem que transforma streaming em vendas unitárias de disco). Desse número, 12 mil foram em vendas tradicionais de álbuns.

As parcerias também não ficam de fora e refletem momentos especiais da sua trajetória. Uma destas participações especiais é a de RuPaul, na canção Cattitude, tendo em vista a presença de Cyrus em várias temporadas de RuPaul’s Drag Race – ao qual foi jurada convidada do episódio de estreia da 11ª temporada. She is Coming ainda conta com os rappers Swae Lee, em Party Up the Street,  e Ghostface Killah em D.R.E.A.M., totalizando 19 minutos de música.

RuPaul e Miley Cyrus lado a lado durante o episódio de estreia da 11ª temporada de “RuPaul’s Drag Race”

Algumas canções são destaque, como Mother’s Daughter, em que a artista abre o disco com um manifesto a favor de sua liberdade, bem à sua maneira, deixando claro suas vontades e objetivos. “Não mexa com a minha liberdade / (…) Sou filha da minha mãe”, ela canta, em um pop envolvente que provavelmente ficará logo em sua cabeça.

Cattitude também pode ser considerada como umas das faixas que mostra a que veio. A mais próxima do clima da era Bangerz acompanha uma batida cheia de energia que traz um pouco do eletrônico para o álbum. O começo se dá com um discurso sugestivo e irônico de RuPaul, que mostra a aproximação das duas artistas e depois dá lugar ao tom de denúncia, misturado a balanços próprios para as pistas de dança.

 

Ela É Miley Cyrus

Certamente, She is Coming assume um tom de confissão, que vai desde a liberdade e a despreocupação, inclusive com as atitudes e considerações dos outros, até um certo diálogo sobre o amor. Cyrus mostra que conseguiu mudar e inovar sem deixar de ser ela mesma, mantendo suas convicções e pontos de vista que, várias vezes, conquistaram o público e a mídia.

As batidas marcadas de bateria e teclado, combinados com a voz potente da cantora que, por vezes, oscila entre o explosivo e o controlado, trazem surpresas e um ritmo novo para o disco, deixando espaço para cada música assumir uma espécie de estilo próprio. Não há muita atenção com a composição como um todo, aspecto que pode ser explicado pelo fato de ser uma parte da trilogia a ser lançada.

She is Coming é um projeto despretensioso, divertido e experimental, capaz de deixar qualquer um com gosto de quero mais. Surpresa para os fãs, revelação para outros. O fato é que Miley mostra seu potencial através de um EP diversificado e original que, junto às participações, na produção e vocal, evidenciam seu amadurecimento, em meio a transições, haja visto sua trajetória passando por Bangerz e Younger Now. Afinal, ela está vindo em uma nova fase e nos deixa esperançosos para o que ainda está por vir. Isso é Miley Cyrus!

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