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“Plastic Hearts”: a melhor era de Miley Cyrus?

"Plastic Hearts" marca o retorno de Miley Cyrus para sua forma mais inspirada de música com um dos melhores álbuns de 2020.

“Plastic Hearts” marca o retorno de Miley Cyrus para sua forma mais inspirada de música com um dos melhores álbuns de 2020.


PPouco depois do Younger Now (2017), Miley Cyrus já avisou que estava trabalhando em um projeto novo. Isso gerou grande expectativa no público em relação ao comeback – a vontade dos fãs era que ela voltasse a lançar projetos pop. Quando, em 2018, ela anunciou uma trilogia de EPs que resultariam em um álbum, houve certa estranheza. A recepção do primeiro EP, She Is Coming, não foi das melhores, e uma série de acontecimentos na vida pessoal da cantora fez com que ela adiasse a finalização do projeto e, então, desistisse dele.

Depois de um ano sem lançamentos e novidades, Midnight Sky foi lançada em agosto. O primeiro single do novo álbum da cantora chegou de mansinho, sem muito alarde, mas quando foi lançada ficou claro para o público que aquela tinha tudo para ser a melhor fase da Miley. Ela demorou, mas veio.

 

Os singles

Midnight Sky é um hino. Miley Cyrus abriu a era com um single forte, poderoso, elegante, classudo e imponente. A música é uma mistura de tendências disco, um rock glamuroso, e farofa do pop atual. O melhor single de Miley também é, talvez, a melhor música da sua carreira. O melhor de tudo é que ela trabalhou muito bem a música. Foram muitas (muitas!) apresentações ao vivo, uma melhor que a outra. Vocais, looks e atitude: tudo impecável. Destaque para a performance no VMA, com direito a homenagem à Wrecking Ball: Cyrus se pendurou em um globo, fazendo alusão à bola de demolição que marcou tanto sua carreira.

Prisoner, por sua vez, não poderia ter sido uma continuação melhor para a era. O segundo single, lançado três meses depois, teve participação de Dua Lipa, um dos maiores nomes do cenário pop em 2020. E a combinação foi certeira: Miley e Dua dividem os vocais em uma música que faz referência ao rock dos anos 80, muito dentro do que o universo pop tem apresentado neste ano. O verso de cada uma é um deleite e os refrões em conjunto são pop perfection. O clipe, repleto de visuais incríveis, é a coroação de mais uma parceria incrível entre duas mulheres feita em 2020. Perfeitas!

 

As novas faixas

Capa do álbum

Plastic Hearts abre com WTF Do I Know, faixa que deixa claro que o álbum vai mesmo seguir com o pop-rock mostrado nos singles. O vocal mais grave de Cyrus é perfeito para o ritmo – e essa primeira música é a representação máxima disso.

A faixa-título, Plastic Hearts, desacelera o ritmo e traz uma música mais voltada para um rock-country. O refrão engrandece a faixa e, apesar de não ser tão forte quanto a primeira, entrega mesmo assim!

A terceira é uma das minhas favoritas. Angels Like You é a primeira balada do álbum e uma das mais poderosas da carreira da Miley Cyrus. Aqui, ela canta sobre não ser boa o suficiente para a pessoa com quem se relaciona. O refrão é poderoso e grandioso, e o instrumental é contagiante. Essa é para chorar e cantar junto. Linda!

Miley está debochada em Gimme What I Want. Na letra, ela deixa claro que ou a pessoa dá aquilo que ela quer, ou ela dará prazer a si mesma. O instrumental é muito bom e o pós-refrão dá uma cara mais eletrônica para a faixa. O que não deixa ela ser uma das melhores é o refrão: o instrumental sobrepõe os vocais da artista, o que tira um pouco do encanto da música.

Miley Cyrus no clipe de “Midnight Sky”

Night Crawling é um dos maiores destaques do Plastic Hearts. O dueto entre Miley Cyrus e Billy Idol me passou sensações parecidas com as que tive ao escutar pela primeira vez Sine From Above, música de Lady Gaga com participação de Elton John, e Exile, dueto entre Taylor Swift e Bon Iver, ambas dos últimos álbuns das cantoras. Pegada de rock mais agressivo, intenso e raíz. Billy parece indispensável à faixa, de tão bem encaixado que o feat ficou. Essa faixa é Miley em seu melhor, literalmente.

O ritmo volta a cair com High, faixa que poderia estar no Younger Now. Apesar de lembrar a sonoridade daquele álbum, essa é superior a quase tudo que está lá. E segue uma linha que adoro: versos calmos, e um refrão explosivo. Bonita, delicada e impactante.

Hate Me é uma das mais diferentes do restante das faixas. Mais pop e um tantinho mais genérica que o restante do álbum, lembra coisas que a Miley já fez há algum tempo na carreira. Não é um destaque, mas não chega a ser esquecível.

Existem músicas que demoram a agradar e, mesmo depois de várias ouvidas, Bad Karma, com participação de Joan Jett, ainda não se tornou interessante. Os gemidos são inesperados (e muito Miley Cyrus), mas o restante da música é pouco impressionante. Uma das mais fracas.

Never Be Me é mais uma balada e dessa vez, com uma sonoridade oitentista. Na letra, melancólica e reflexiva, a cantora confessa não ser estável, confiável e nada do que a pessoa parceira precisa. É bonita e, apesar de simples, muito grandiosa. Mais um acerto dentro da tracklist.

Encerrando as inéditas, Golden G String é uma das menos comerciais do Plastic Hearts e soa como um monólogo de Miley Cyrus sobre as suas vivências. Não é das minhas preferidas, e seria mais interessante se o álbum terminasse de forma energética, fazendo jus ao restante dele.

 

Os covers

É comum que as cantoras façam adições à versão mais simples do álbum no fim da tracklist para promover um relançamento. Assim, Miley Cyrus adiciona três músicas. A primeira é um remix de Midnight Sky, com participação da icônica Stevie Nicks. O verso dela é muito interessante e o segundo refrão, com participação dela, mais ainda. Midnight Sky nunca é demais, e o remix só engrandece o disco.

Heart Of Glass, originalmente de Blondie, ganha um cover na voz de Miley, que a torna mais agressiva e atual. É incrível e um dos melhores momentos vocais do álbum: os gritos rasgados no final são impressionantes. Zombie, originalmente de The Cranberries, também ganha uma versão impactante na voz da artista. Encerra o álbum de forma grandiosa – como eu desejava que fosse também na versão standard.

Miley Cyrus apresentando “Midnight Sky” no MTV VMA 2020.

O mais interessante é que a Era Plastic Hearts não é só um álbum. Antes desse lançamento, Miley Cyrus fez um incrível aquecimento: muitas performances para promover o álbum e, dentre elas, muitos covers. Faço destaque para os de my future, da Billie Eilish, e Gimme More, de Britney Spears, que estão disponíveis no canal do Youtube da cantora. Só nos falta pedir por uma versão deluxe com todas essas. Sonho!

 

ÁLBUM DO ANO?

Apesar de tudo o que aconteceu, 2020 proporcionou aos fãs de música pop grandes acontecimentos, e Miley Cyrus ofereceu um dos melhores lançamentos do ano. Desde o lançamento do primeiro single, divulgação das performances, visuais, entrevistas, preparação do álbum, tudo. Miley serviu o que os fãs esperavam e, arrisco dizer, concorre fortemente às vagas nas maiores categorias das premiações de 2021. Se essa foi a melhor era dela, só o tempo vai poder afirmar. Mas o Bangerz que se cuide, pois Plastic Hearts é um marco.

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