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“Chromatica”: O retorno de Lady Gaga ao pop dançante

Com "Chromatica", Lady Gaga propõe a fuga da realidade caótica em sexto álbum enérgico e com discurso realista e direto.

Com “Chromatica”, Lady Gaga propõe a fuga da realidade caótica em sexto álbum enérgico e com discurso realista e direto.


CComo você estava quando o The Fame, álbum de estreia de Lady Gaga, foi lançado?

Provavelmente a resposta pode ter de tudo menos isolamento social e restrição de circulação em locais públicos. Fato é que desde 2008, com esse que é seu álbum de estreia e nos apresentou hits marcantes até hoje, vemos emergir Lady Gaga, uma artista versátil, original, e que logo impressionou com sua ousadia e pop explosivo.

De lá para cá, a artista se jogou em trabalhos mais conceituais e ligados ao estilo country nos últimos tempos, como em Joanne (2016), seu quinto disco da carreira, e Nasce Uma Estrela (2018), filme a qual foi protagonista na atuação e trilha sonora.

12 anos depois e com muita experiência no universo musical, a artista retorna com Chromatica, seu sexto álbum de estúdio que explora o ritmo dançante e enérgico característico de seus primeiros trabalhos. O projeto também traz versos capazes de refletir sobre temas profundos como saúde mental, enquanto mergulha o ouvinte em uma pista de dança agitada e por vezes melódica do começo ao fim.

 

Chromatica

Lady Gaga certamente se firmou como uma das artistas de maior sucesso do século 21, com seu estilo pop, marcado pela base eletrônica, sua postura nos palcos e clipes, além de figurinos extravagantes. E todos esses elementos podem ser vistos de alguma forma nessa nova era.

Capa do álbum

Chromatica é marcado pela volta ao pop, gênero marcante do início de sua carreira, carregado de nostalgia, a postura explosiva em que muitas vezes se apresentava e a originalidade e ousadia com que se mostrou por vezes aos olhos do público. No sexto álbum de estúdio da carreira, Lady Gaga impacta, tendo em vista sua trajetória ao trazer o ritmo que a consagrou, carregado da sonoridade dançante, com referências eletrônicas, ao mesmo tempo em que os versos tratam de reflexões sobre a saúde mental, abordando temas como a ansiedade e a depressão e momentos de felicidade e entusiasmo.

Apoiada em uma estética visual pós-apocalíptica e inspirações nos anos 80, 90 e início dos 2000, Gaga propõe uma jornada quase cinematográfica ao ouvinte para escapar dos conflitos, conectada com sua vida pessoal, aprendendo com leveza a lidar com desafios e situações que nos tiram da zona de conforto. Há no Chromatica uma tentativa de construir um álbum temático (daí a o fio visual fortemente inspirado pelo cyberpunk), baseado na imersão do ouvinte para além da música, mas sim em um universo, dividido em três partes, marcadas por trechos de música instrumental que já apontam o clima presente em cada grupo do material. A falta de interrupção na passagem de algumas faixas é também um recurso usado, na busca de experimentar uma história que como tal, tem começo, meio e fim.

COMPOSIÇÃO
O álbum aposta na condução autoral de Lady Gaga, que assinou todas as músicas, com colaboração de importantes compositores e produtores, entre eles Axwell, BloodPop, BURNS, Morgan Kibby, Klahr, LIOHN, Madeon, Skrillex, Tchami, parcerias que já trabalharam com a cantora antes.

 

NARRATIVA SONORA

De saco cheio e cansada de acordar / Gritando a plenos pulmões / Pensando que devo ter me deixado para trás“, canta Lady Gaga logo na primeira música Alice, deixando claro a necessidade de mudanças.

Dessa maneira, ao longo das 16 faixas somos surpreendidos por participações especiais, que vão desde o grupo feminino de k-pop BLACKPINK, até uma de suas referências musicais, Elton John. A cantora traz várias referências que tornam a sonoridade do Chromatica diversa, para além de apenas animada, com potencial para atingir diferentes públicos com seu relato pessoal e cativante.

Ainda, se Pabllo Vittar já tinha adiantado que “A previsão do tempo diz que o céu fechou” em Rajadão, música do seu último disco lançado, Lady Gaga e Ariana Grande, outra parceria do disco, confirmam essa indicação com Rain on Me, em que cantam com positividade combinando seus vocais de tons diferentes. 

Fato é que a cantora compõe um material substancialmente comercial, com um visual adequado e coerente a proposta, além de uma sonoridade corajosa e letras objetivas sobre fragilidades e a procura pela liberdade. Porém, algumas músicas, como os singles Stupid Love, Rain on Me e Sour Candy, mostram-se insuficientes no conjunto da obra e não chamam tanta a atenção, apesar de fazerem sentido e movimentarem os fãs e as paradas.

Além disso, em tempos de isolamento social, dançar com Lady Gaga é mais que uma pausa na realidade incerta. É a celebração de uma artista capaz de se aproximar dos fãs e entregar tudo de si, seja para nos apoiar, se deixar levar pelo ritmo ou revisitar suas raízes musicais.  

Alguns destaques aparecem também na faixa 911, uma das mais potentes do álbum, em que a cantora mostra a sua relação com remédios, usando também de uma voz robô que enriquece a canção. “O que estou vendo é real, ou é apenas um sinal? / É tudo virtual? / Nós poderíamos ser amantes, mesmo que por esta noite / Poderíamos ser qualquer coisa que você quisesse”, canta Gaga em Enigma com batidas fortes.

SUCESSO IMEDIATO
Em menos de 12 horas de lançamento, o Chromatica já se destacava como disco dominante nas paradas de álbuns mais vendidos do iTunes ao redor do mundo. O novo disco de Gaga alcançou o topo da lista da loja virtual da Apple em 74 países (atualmente liderando em 73), incluindo os Estados Unidos, Reino Unido e Brasil.

Mais que ideal para dançar na balada e em casa, mensagens importantes tomam conta do Chromatica, revelando um convite para repensarmos nossas dores e dificuldades e como lidamos com elas. Lady Gaga escolheu dançar, se divertir, para se sentir melhor e proporcionar isso a quem ouvir e duvido que você não escolha o mesmo ao escutar o disco.

 

Eu fiz essas músicas e então eu as ouço e elas contam a história da minha vida como uma tapeçaria. Eu estou muito orgulhosa dele [do álbum] porque enquanto ele é divertido e comemorativo, se você prestar atenção nas letras, você realmente irá conhecer meu coração. É como se a música te desse permissão para seguir em frente. Mesmo se você teve o pior dia de sua vida, está tudo bem em dançar

LADY GAGA EM ENTREVISTA A REVISTA INSTYLE.

 

Para os que esperavam uma Lady Gaga a la 2009, no auge do seu início de carreira com a essência pop vista em investidas como Bad Romance, Paparazzi, Just Dance e Poker Face podem ficar animados com a nova fase ou esperando mais, como aqueles ouvintes casuais. Chromatica evidencia uma aventura importante de ser vivida e ouvida, afinal, nada melhor que se libertar e reconhecer nossos obstáculos dançando com Gaga.


PLAYLIST


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