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Imagine Dragons cada vez mais longe de suas origens

Imagine Dragons lança seu novo álbum, “Origins”, antes mesmo de terminar a turnê do álbum anterior, entregando um “parente próximo” do antecessor.


No terceiro single que precedeu o álbum, Dan Reynolds canta em um refrão forte e desafiador “Eu estive me perguntando quando você vai ver que eu não estou pra venda / Eu estive me questionando quando você vai ver que eu não uma parte da sua máquina”. Bem, Dan, parece que vocês fazem parte do sistema, sim.

Imagine Dragons teve um crescimento explosivo e pouco visto nas bandas atuais, surpreendendo ainda mais ao se manter tanto tempo nas paradas de sucesso. Claro, os quatro rapazes de Las Vegas estão no seu auge e não param de produzir. Antes mesmo de fazer o último show pelo Evolve Tour, eles não perderam tempo e lançaram seu quarto disco. Origins chegou como o “álbum irmão” de Evolve; uma espécie de continuação, um fechamento do ciclo musical da banda. As críticas estão entre medianas e positivas, como se o lançamento demonstrasse o crescimento proposto no último trabalho, mas que ainda não atingiu seu objetivo de desconstrução sonora e significação lírica.

 

Evoluindo

Natural é de longe a música mais forte do álbum. Dramático e cheio de raiva, o primeiro single é um olhar honesto e doloroso para a realidade da empatia. É difícil enfrentar o mundo com positividade o tempo todo e, às vezes, tudo o que você realmente pode fazer é deixar as emoções de lado e seguir em frente. Fazendo um paralelo ao estilo sonoro de Beliver, Natural certamente será a música pela qual Origins será lembrado.

Bad Liar soa como um mecanismo de cópia para Reynolds durante esse período difícil de separação. O mesmo vale para as Boomerang, Birds e Cool Out – esse último poderia facilmente ter sido uma criação de The Chainsmokers. As quatro músicas são ear candies, com letras sobre relacionamento falidos e que destoam do estilo no qual Imagine Dragons fez seu nome.

Machine, assim como Thunder, traz uma letra sobre quebrar padrões e ir contra o sistema, sendo bem construída dentro do álbum. Como terceiro single, prometeu um Imagine Dragons mais sonoramente maduro e deixou a impressão errada. Porém, o grande destaque da música é o instrumental. Depois dos poderosos e gritados vocais de Reynolds, as guitarras rugem no refrão e Wayne ganha destaque com um som é positivamente turbulento.

Quando West Coast começa, durante 16 segundo temos a impressão de estar ouvir uma suave e envolvente melodia que poderia ser do The Lumineers ou qualquer outra banda indie folk da atualidade. Foge bastante do que os fãs estão acostumados e muitos criticaram a mudança desavisada. Por outro lado, a música traz uma positividade pouco aparente no álbum e tê-la em uma playlist de viagem parece perfeitamente adequado.

Imagine Dragons durante a turnê promovendo o álbum “Evolve”

As composições que servem como tema e trilha sonoras para filmes não é nenhuma novidade para o grupo. Depois de Jogos Vorazes: Em Chamas (2013), Transformers: A Era da Extinção (2014) e Como Eu Era Antes de Você (2016), nada mais justo do que adicionar mais uma animação à lista cinematográfica da banda. Zero, do vindouro Wifi Ralph: Quebrando a Internet (2018), é uma faixa de pop-rock contagiante e poderosa que visa encorajar e capacitar quem se sente um outcast.

Digital é caótico e incontido, entre um vai e vem de gêneros, a batida dubstep deixa a faixa aparentemente deslocada dentro de Origins, Porém, a música carrega o que pode ser o melhor refrão entre todas do álbum “Nós somos a face do futuro / Nós somos a batida digital […] Nós não queremos mudanças / Nós apenas queremos mudar tudo”.

O eletrônico cede lugar desajeitadamente a mais um indie-pop aos moldes de The Chainsmokers em Only. Esta, por sua vez, é seguido pela suavidade de Stuck em uma letra romântica que parece completar a faixa anterior. Já Love é como uma celebração à diversidade, comunidade e compaixão. Burn Out e Real Life finalizam o álbum deixando uma impressão de constância que aparece somente nas últimas músicas. E essa conclusão contrasta com a abertura explosiva e fria de Natural.

O álbum como um todo parece confuso, sem um fio para ligar as 15 faixas, mas com músicas extremamente bem produzidas e com fortes mensagens quando assimiladas independentemente. Bullet in a Gun, por exemplo, divide opiniões e deixa um ar de ame ou odeie. Para alguns, uma mistura de elementos que deu errado. Para outros, a maior e melhor surpresa do álbum. Carregando um discurso que aborda a mente fechada e o feedback odioso que os artistas costumam encontrar quando seu trabalho mais recente não é considerado original o suficiente ou mainstream demais, Imagine Dragons podem usar a própria música como tréplica aos críticos de Origins.


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