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Greta Van Fleet lança seu primeiro álbum em um território no qual carrega nas costas o título de “salvação do rock”, graças aos fãs do gênero.


O rock não está morto. Mas talvez respire por aparelhos. Ou, mais talvez ainda, tenha apenas saído do mainstream, tal como nos primórdios de sua criação.

Bandas como Queen (fica inclusive, como recomendação, o filme Bohemian Rhapsody), The Beatles, The Rolling Stones e Led Zeppelin estabeleceram padrões que beiram o inalcançável, além de que não existem mais bandas capazes de unir todas as tribos, como o Nirvana conseguiu. Mas a nova geração ainda produz música de qualidade que, embora não tenha muito espaço nas mídias tradicionais, não deixa a desejar.

Formado em 2012, o grupo Greta Van Fleet lançou seu primeiro álbum, Anthem Of The Peaceful Army, apenas recentemente, em outubro de 2018. Mesmo assim, no entanto, o disco foi cercado de todo o hype por grande parte do público roqueiro por ver na banda a salvação para o estilo.

Essa antecipação e essa esperança depositada se devem aos dois EPs que os garotos de Michigan gravaram e a atenção que eles chamaram por resgatarem a vibe dos anos de ouro do rock. Os irmãos Josh (vocal), Jake (guitarra) e Sam Kiszka (baixo), juntamente com o baterista Danny Wagner, conseguiram, em pouco tempo, ganhar a alcunha de “novo Led Zeppelin”, principalmente pelo timbre de Josh, que se assemelha muito ao de Robert Plant. Um título imponente e igualmente preocupante para quatro jovens de uma pequena cidade no interior dos Estados Unidos, cujo último censo aponta menos de cinco mil habitantes. E jovens no sentido literal da palavra, não apenas de pouco tempo de banda. Os mais velhos são os gêmeos Josh e Jake, que nasceram em 1996.

O elogio é imponente, uma vez que lembrar uma das maiores bandas da história da música é um grande feito, ao passo que é preocupante pelo estigma e pela pressão que se cria em torno do grupo. O rótulo de “novo alguma coisa” geralmente é o atestado de morte para qualquer coisa/pessoa em busca de se firmar e se consolidar como algo próprio. E o alto nível que eles mesmo mostraram em nos seus EPs Black Smoke Rising e From The Fires, somado ainda a exigência criada de que mantenha o padrão de uma banda lendária, cria um peso muito grande e desnecessário para quem está apenas começando.

O novo álbum, Anthem Of The Peaceful Army foi muito mal visto a princípio, vítima desse estigma. A coletânea não deixa em nada a desejar aos dois trabalhos anteriores, mas a voz de Josh e o estilo musical da banda remetem a Led Zeppelin, sendo o suficiente para acusá-los de ser uma cópia ou de estarem plagiando uma banda que eles têm como influência. Mais que isso, pelo título de “novo Led”, quem esperava uma obra prima como Stairway to Heaven logo de cara ficou decepcionado e desistiu de dar uma chance a quem está apenas começando. Considerada por muitos a melhor música de todos os tempos, o memorável single foi lançado apenas no quarto disco da veterana banda. Foi necessária muita maturação para que ela fosse escrita e gravada. Cobrar isso de quatro iniciantes é de uma maldade sem tamanho.

O lado positivo, entretanto, é que eles aparentemente não se deixam levar por essa comparação nem se abatem muito com as críticas e acusações. Greta Van Fleet não é a salvação do rock, muito menos da música. Nem rock nem música precisam de salvação. Precisam apenas de gente nova e talentosa afim de mostrar trabalho e disposta a ousar, nem que seja ousar a redescobrir o que estava adormecido.


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