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"Cruella" tem personalidade suficiente para justificar a história de origem da vilã, mesmo que o filme seja um tanto previsível.

“Cruella” tem personalidade suficiente para justificar a história de origem da vilã, mesmo que o filme seja um tanto previsível.


EEmpresária, ícone da moda e ladra de Dálmatas nas horas vagas. O currículo de Cruella DeVil é um dos mais famosos das animações da Disney, tornando a vilã uma das mais odiadas/amadas pelo público.

Desde a sua primeira aparição, em 1956 com o livro 101 Dálmatas e em 1961 com o filme, a personagem ficou no imaginário dos fãs como uma mulher fria a calculista com uma fixação em transformar dálmatas de estimação em casacos de pele. No aniversário de 40 anos, DeVil ganhou sua primeira versão em carne-e-osso, interpretada pela memorável Glenn Close, em um filme que tornou a vilã ainda mais memorável (e atual) para o espectador.

Cruella chega em 2021 na tentativa de atualizar a personagem através de uma história de origem — assim como aconteceu com sua colega de casa Malévola, em 2014. Mas, diferente da vilã interpretada por Angelina Jolie, Cruella vem em uma roupagem jovial com Emma Stone assumindo o papel, em um filme que se passa muito mais próximo do mundo real.

 

Cruella Cruel

Lançado nos cinemas e simultaneamente pelo Prime Access do Disney+ (um serviço de aluguel de lançamentos do streaming), Cruella apresenta aos fãs como a personagem título veio a ser, já na fase de jovem adulta, a calculista vilã amada por tantos.

Em uma versão pop-rock de O Diabo Veste Prada (2006), o que torna o longa tão interessante é não haver uma tentativa de justificar o surgimento de Cruella (batizada Estella) como uma inocente garota que o mundo transformou em vilã. Estella (Emma Stone) já é uma criança de gênio forte, que tenta domar seu lado calculista, sem muito sucesso, a pedido da mãe.

A jovem Estella

Mesmo quando ela se torna órfã e passa a depender de pequenos crimes para sobreviver, Estella segue um código de honra como memória à sua mãe. No entanto, as coisas começam a mudar quando a jovem dá o primeiro passo para realizar o seu sonho de ser uma famosa estilista. Ao trabalhar ao lado d’A Baronesa (Emma Thompson), vemos como Estella passará a ser apenas um instrumentos de disfarce para a grandiosa Cruella.

 

Cruella Esteve Aqui

Há um fluxo muito natural para a narrativa de Cruella, tornando o filme um atraente entretenimento de duas horas. Mesmo que a sua construção seja inegavelmente previsível, com relevações que você consegue desvendar com quilômetros de distância, Emma Stone torna a personagem-título tão complexa e carismática que as tentativas de construir um plot-twist transformam-se em um pequeno momento de orgulho (“Oh! Acertei!“).

O audiovisual, dirigido por Craig Gillespie, é fortemente inspirada pelo ambiente punk-rock dos anos 70, demostrado através da trilha sonora instrumental pesada, a fotografia por vezes meio escura e desbotada e o ritmo frenético de algumas cenas. Ainda, os cenários ultra luxuosos e o contraste entre as roupas conceituais da Alta-Costura e as criações rebeldes do punk-rock ajudam a trazer para as telas uma espécie de movimento de contra-cultura londrina.

Emma Thompson como A Baronesa

Stone, por sua vez, parece ter nascido para o papel, dando à vilã um turbilhão de pequenas nuances, drama e trejeitos que muitas vezes lembrarão os fãs da personagem que eles estão tão acostumados. No filme, Cruella é uma pioneira, uma estilista em ascensão com ideias criativas, memoráveis e inovadoras, cativando o olhar do público, da imprensa e de seus inimigos através de sua moda Avant-Garde. Seu lado vilanesco é um saboroso deleite e adiciona mais uma camada para uma mulher com certos traços de psicopatia e um senso de moda de dar inveja a qualquer um.

Ao seu lado, A Baronesa é a Miranda Priesley de Londres, ainda mais elevada. Emma Thompson torna a personagem sua, em movimentos contidos mas que demonstram certo surrealismo e exagero, encaixado-se perfeitamente na personalidade cínica, autoritária e egocêntrica da realeza da Alta-Costura. Juntas, as Emmas mostram uma fluidez magnética em tela, fazendo com que a brincadeira de gato e rato que irá se instaurar entre as duas fique cada vez mais absurda e divertida. Tudo, embalado em belíssimos vestidos e elegantes festas da aristocracia.

Emma Stone como Cruella

Mesmo que Cruella (filme e personagem) tenha os seus problemas, a vida da estilista oferece ao público uma produção com uma identidade bastante própria e singular. Do início ao fim, Cruella entretem e traz algo novo para a maré de versões em live actions da Disney, tornando quase impossível não desenvolver o desejo de querer ver Emma Stone mais uma vez no corpo da icônica vilã.

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