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O ano de 2017 é grande para Stephen King, que vê alguma de suas maiores obras sendo adaptadas para a TV e o Cinema.

O ano de 2017 é grande para Stephen King, que vê alguma de suas maiores obras sendo adaptadas para a TV e o Cinema.


IImagine seu pior pesadelo. Imaginou? Provavelmente Stephen King já escreveu um livro a respeito. É também muito provável que esse livro já tenha se tornado um filme ou uma série, ou está nesse processo em forma de um roteiro em alguma mesa de Hollywood.

Com mais de 80 livros publicados e traduzidos para mais de 40 línguas, Stephen King completou 70 anos de vida no final de setembro. E após mais de 40 anos de carreira, 2017 finalmente parece ser o seu ano: com três longas-metragens lançados nos últimos meses (It – A Coisa, A Torre Negra, e Jogo Perigoso), além de séries como O Nevoeiro, que já foi lançada e até cancelada, e Mr. Mercedes, que já foi renovada para um novo ano. Stephen definitivamente não sai das manchetes ou das livrarias.

Enquanto o filme A Torre Negra estrelado pelos grandes Idris Elba e Matthew McConaughey passou quase despercebido nas telas do cinema, o remake de It alcançou um sucesso de bilheteria, arrecadando mais de US$ 600 milhões. Já Jogo Perigoso é uma produção da Netflix e desde o último final de semana de setembro já está disponibilizado no catálogo do serviço de streaming, assim como O Nevoeiro, que a empresa tem direitos exclusivos de transmissão.

 

Sephen Edwin King

Com um sobrenome que remete a nobreza, Stephen Edwin King se tornou conhecido pelos fãs e a comunidade da literatura de horror como o “Rei do Terror”, e o título é merecido. O autor começou a escrever quando ainda era um moleque como os personagens de It, como ele mesmo conta em seu livro Sobre a Escrita.

Seu pai saiu para comprar cigarros e nunca mais voltou, ele viu seu amigo morrer tragicamente em um acidente na linha do trem, acumulou diversos problemas psicológicos, desenvolveu alguns físicos e conheceu a pobreza. Stephen King seguiu o conselho dado por muitos professores e escreveu sobre aquilo que conhecia. Com suas dores e medos na bagagem, ele tinha (e ainda tem) material de sobra para trabalhar.

Na adolescência, ele mesmo distribuía seus contos e no ano de 1973, ele fez sua primeira venda real: Carrie. O livro sobre a menina que sofria bullying e tinha poderes psíquicos lhe rendeu oito mil dólares em suas vendas, e três anos depois mais de um milhão de dólares com a venda de sua adaptação para os cinemas.

Nessa época, King dava aulas na Academia Hampden, em Maine nos Estados Unidos, e vivia em um trailer com sua esposa Tabitha Spruce, dependendo do salário baixo de professor e com uns trocados que ganhava com um ou outro conto publicado. Vivendo como um legítimo estereótipo de escritor atormentado pelos próprios demônios, Stephen King se tornou um viciado: viciou-se em drogas, em álcool, e no medo. Ele mesmo afirma que não consegue viver sem seus medos, tal qual um usuário de cocaína não consegue sobreviver sem sua dose.

Após o lançamento de Carrieo autor decidiu parar de lecionar e foi para o Colorado, onde se dedicou de corpo e alma à escrita. Lá, entregue completamente aos prazeres químicos, ele escreveu O Iluminado, lançado em 1977. Segundo o autor, o personagem Jack Torrance foi inspirado em si próprio: um escritor com problemas de alcoolismo, que se perde em sua própria mente. Diferentemente do personagem, o destino de King ao final do livro foi um dos melhores possíveis: Stanley Kubrick dirigiu a adaptação da obra para os cinemas, criando um clássico e um dos maiores filmes de terror/suspensa da história, e, com o sucesso, o escritor começou o caminho para se consagrar como o maior nome do horror.

“Você tem que ser meio doido para ser escritor porque tem de imaginar mundos que não existem. Você está ouvindo vozes, está fantasiando, está fazendo tudo o que se diz às crianças que não façam. Ou então nos mandam distinguir entre a realidade e essas coisas. Os adultos vão dizer: ‘Você tem um amigo invisível, que lindo, você vai superar isso’. Escritores não superam isso”, afirma o autor na biografia escrita pela jornalista Lisa Rogak “Coração Assombrado”. No livro, a jornalista tenta explicar aquilo que Stephen King diz passar dentro de sua cabeça. Ela tenta, mas nem mesmo King consegue colocar em palavras a casa de horrores que ele chama de mente.

O autor conta que passa todos os dias sentindo medo. Em diversas entrevistas dadas pelo escritor ao longo de mais de quatro décadas de carreira, ele afirmou que seus pesadelos são muito piores do que seus leitores podem imaginar. Isso acontece porque seus medos além de serem constante, são muitos: aranhas, palhaços, pessoas deformadas, chuvas fortes, escuro, altura, violência, terapeutas, ratos, gosmas, lugares fechados e a lista segue. Tudo aquilo que Stephen King aflige às suas personagens é o que ele mais teme que aconteça a si próprio.

Jack Nicholson interpretando Jack Torrance na adaptação cinematográfica de O Iluminado (1980), dirigida por Stanley Kubrick

Quando eu era criança, um dos meus maiores medos eram palhaços. Com o passar dos anos achei que tinha perdido esse medo, e então eu li It. Durante a adolescência, o meu maior sonho era morar sozinha, em uma casa só minha, onde eu pudesse escrever em meio ao silêncio, e então eu li O Iluminado, e conheci os horrores do isolamento. Stephen King ensina o que é sentir medo de verdade e muda o conceito de terror psicológico a cada nova história. Em suas obras, guia os leitores nos maiores temores das personagens, e a cada página traz a sensação de estar sob a pele de cada uma delas. Ler as obras de Stephen King é como puxar uma pequena pelinha solta no canto dos dedos: o prazer começa lentamente, e, mesmo que doa no meio do caminho, a necessidade de chegar ao fim é irresistível. Com cores imaginárias, os cenários são pintados na mente do leitor, e não desejar a adaptação cinematográfica dessas obras é quase impossível.

Dessa forma, ao longo de sua carreira mais de 240 livros e contos do autor se transformaram em filmes, curtas e séries, e continuam fazendo sucesso até hoje. E para quem acha que 70 anos é a idade certa para a aposentadoria, King responde com contratos fechados. O escritor acaba de lançar um novo livro, escrito em parceria com seu filho Owen, intitulado Belas Adormecidas.

Além do lançamento literário, a Netflix já fechou contrato e segue em fase de desenvolvimento do seu novo filme original baseado nas palavras do autor: 1922. Adaptação de um conto presente no livro Escuridão Total, Sem Estrelas, o filme será sobre uma família que mora no campo. O marido decide assassinar a esposa com a ajuda do filho do casal, mas a situação piora quando ela volta para assombrá-los.

Os próximos anos prometem trazer muito muito mais de Stephen King ao público, como a continuação cinematográfica de It, fazendo com que as próximas gerações, assim como a nossa e a dos nossos pais, conheçam seu nome e acima disso, seus medos.


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