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Personagens caricatas, mal construídas e repetitivas. Infelizmente, muitas produções não se preocupam em representar bem as mulheres. Para espanto de alguns, até nos filmes de princesa os homens detém a maior parte das falas. Em A Bela e a Fera, Branca de Neve e a A Pequena Sereia, por exemplo, cerca de 72% dos diálogos são monopolizados por homens. E no caso de outros clássicos como Aladdin e Toy Story, a porcentagem chega a 90%. O estudo completo, que associa diálogos de filmes com questões de gênero, foi realizado pelo instituto Polygraph.

Até mesmo nos dias atuais, sabe-se que a indústria cinematográfica continua falhando no quesito representatividade. Afinal de contas, a construção da maior parte das personagens femininas ainda é rasa e esbarra em estereótipos. Até mesmo as chamadas super-heroínas empoderadas estão confinadas em diversos padrões, especialmente estéticos.

No recente sucesso Os Incríveis 2, a Mulher Elástica assume maior protagonismo, por ter sido a heroína escolhida para testar uma nova tecnologia. Dessa forma, o Senhor Incrível fica responsável pelos afazeres domésticos – que não são nada simples. Em determinado momento, o herói se mostra até mesmo incomodado com o sucesso de sua esposa (comportamento que muitos homens reproduzem frequentemente, sabemos).  O novo longa se apresenta, portanto, como uma amostra da tendência de maior presença feminina nas telas.

Selecionamos aqui outras mulheres incríveis (do mundo da animação) que protagonizam as próprias histórias.


Marjane (Persepólis, 2007)

https://www.youtube.com/watch?v=CnXsamZ0H38

Em Persepólis, inspirado na graphic novel homônima de Marjane Satrapi, o espectador acompanha a jornada de uma jovem iraniana com espírito revolucionário. Narrado a partir do ponto de vista da protagonista, a animação retrata as dificuldades de ser mulher tanto no oriente quanto no ocidente –  já que a personagem sofre diversos tipos de violência, inclusive enquanto mora na Europa, continente conhecido como “mais civilizado”. O filme é denso e também funciona como uma verdadeira aula de história.

 


Lilo (Lilo e Stitch, 2002)

Lilo e Stitch se destaca, principalmente, por apresentar mulheres reais. As irmãs havaianas Nani (Tia Carrere) e Lilo (Daveigh Chase) têm um tipo físico mais crível do que a da grande maioria das personagens da Disney, com pernas grossas e quadris largos. Lilo é uma personagem muito bem construída e cheia de personalidade: enquanto as outras garotas brincavam de Barbie, ela tinha sua própria boneca, considerada estranha e diferentona demais. Pode-se dizer que o desenho realmente se preocupa em ser realista, já que fica claro que as duas irmãs não vivem com regalias e lutam para superar os momentos de depressão econômica do Havaí.


Elsa (Frozen – Uma Aventura Congelante, 2013)

A trama da rainha do gelo de Frozen não gira em torno de um homem, o que já é consideravelmente inovador para um filme da Disney. O principal desafio de Elsa (Idina Menzel) é conseguir se aceitar, para assim poder controlar seus poderes. A relação entre a rainha e sua irmã, Anna (Kristen Bell), é a verdadeira história de amor do longa, que também acerta por problematizar uma premissa clássica dos filmes de princesa: como uma mulher pode resolver se casar com um homem que acabou de conhecer?

Apesar do filme apresentar duas mulheres como protagonistas, elas são praticamente as únicas personagens femininas da narrativa. Frozen é, inclusive, mais um filme da Disney em que a maior parte dos diálogos são dominados por homens. É importante ressaltar também que tanto Anna quanto Elsa são bem padronizadas – magras, com olhos claros e  cinturas finíssimas.


Merida (Valente, 2012)

Com seus icônicos cachos ruivos, Merida (Kelly Macdonald) problematiza logo no começo do filme outra premissa conhecida dos clássicos Disney: o casamento arranjado. A garota está mais interessada em se aventurar e explorar novos lugares do que em  arrumar um marido. Sua mãe, uma mulher conservadora, insiste que Merida deve se comportar de acordo com os padrões de feminilidade e, em uma cerimônia, até esconde os cachos da garota. A princesa, claro, não se abala e faz questão de sempre mostrar sua identidade. A principal história de amor da trama é a de Merida com sua mãe.


As Meninas Super-Poderosas(1998-2005)

https://www.youtube.com/watch?v=YeSGS6NETmg

O desenho dos anos 90 conta a história de Florzinha (Cathy Cavadini), Lindinha (Tara Strong) e Docinho (Elizabeth Daily), três garotas com super poderes que frequentemente salvam a cidade de Townsville. Elas tinham a capacidade de derrotar os mais terríveis monstros e praticamente nunca falhavam nas missões. Foram criadas pelo Professor Antônio, cientista que deu origem às meninas. Essa estrutura rompe com o conceito tradicional de família e funciona significativamente bem, já que o professor é um ótimo pai para as garotas, sempre atencioso e dedicado.

Elas reconhecem os próprios poderes e não aceitam ser submissas. Em um dos episódios, Florzinha chega a dizer: “Toda vez que a masculinidade deles é ameaçada, se encolhem em tamanho”. Em outro episódio, um super-herói da cidade tenta convencer as meninas de que existem algumas funções que só podem ser desempenhadas por mulheres.  “Peguem a sua família como exemplo. Quem cozinha? Quem lava as roupas? Quem faz o bolo?”, ele indaga. As meninas respondem em coro: “Nosso pai!”. Ele insiste, e dessa vez pergunta sobre uma função que só poderia ser realizada por homens:  “Então quem corta a grama do quintal e lava o carro?”. Elas afirmam: “A Lindinha!”.


Moana (Moana: Um Mar de Aventuras, 2016)

Além de apresentar uma maior diversidade étnica, trazendo diversos elementos da cultura e mitologia polinésia, o filme conta com uma protagonista aventureira que não está preocupada em encontrar um par romântico. Moana (Auli’i Cravalho) não precisa ser salva por alguém e está disposta a lutar, pilotar barcos, salvar um recife de corais e derrotar qualquer vilão.  A garota, de personalidade forte, também não tem medo de enfrentar o próprio pai e faz questão de ser independente. Osnat Shurer, produtora do longa, declarou: “É uma protagonista com quem posso, finalmente, como mulher, se identificar. Nenhum príncipe encantado pode mostrar a você qual é sua própria voz”.


Lisa (Os Simpsons, 1989 – atual)

Os Simpsons são a família mais conhecida da televisão. Representam bem a sociedade norte-americana e são, no geral, personagens bem tradicionais. A adolescente Lisa, uma garota questionadora, se destaca justamente por desafiar o conservadorismo. “Por que é que quando uma mulher é confiante e poderosa, ela é chamada de bruxa?”, chegou a perguntar. Ela também se incomoda com brinquedos que são considerados “femininos”, como a boneca Malibu Stacy, que diz: “não me pergunte, sou apenas uma garota”. Em resposta, cria outra boneca falante, que traz mensagens mais empoderadoras, como: “confie em si mesma e conseguirá tudo que deseja”. Além disso, Lisa é vegetariana e se torna budista após sua igreja começar a propagar a doutrina protestante até nas escolas.


Mulan (1998)

Por último (mas nunca menos importante), Mulan. Logo na primeira cena do filme, em uma sequência musical, a protagonista é cercada e arrumada para um encontro com a casamenteira. De cara, já é orientada para ser uma mulher correta e submissa. “A moça vai trazer a grande honra ao seu lar / Achando um bom par / Com ele se casar / Mas terá que ser bem calma / Obediente / E ter vigor / Com bons modos e com muito ardor”, diz a música. Mulan entra em conflito logo em seguida, por perceber que não se encaixa nesse padrão de comportamento. Em seguida, soldados do império aparecem na vila com o intuito de convocar os homens para a guerra. Ela, então, se finge de homem e vai lutar no exército chinês, ocupando o lugar de seu pai, que se encontra debilitado. No final das contas, a protagonista consegue salvar o imperador e se torna uma verdadeira heroína para a China.


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