fbpx
"X-Men: Fênix Negra" não aproveita a boa premissa que possui e entrega um decepcionante desfecho para a saga dos mutantes no cinema.

“X-Men: Fênix Negra” encerra a linha temporal dos mutantes com uma grande decepção cinematográfica.


As diferenças despertam medo. Esse conceito foi estabelecido ao longo de toda a franquia dos X-Men, premissa escolhida naturalmente já que o universo dos quadrinhos giram em torno da relação dos mutantes com o restante do mundo. E é por isso que a premissa de X-Men: Fênix Negra era tão interessante perante nossos olhos, já que, pela primeira vez, o time de mutantes estaria longe dos olhares de desconfiança e seriam vistos como os heróis que sempre foram por baixo dos panos. Infelizmente, toda essa proposta fica apenas no papel e vemos mais um repetição da história dos mutantes, só que de certa forma mais pobre.

https://www.youtube.com/watch?v=7yBZ1AvEZD0

X-Men: Fênix Negra começa mostrando como Jean Grey (Sophie Turner) chegou até o Instituto Xavier, um background interessante para a personagem que acompanhamos desde a trilogia original. No entanto, Jean não parece ser o foco do filme. É comum que em cenas onde deveríamos acompanhar a personagem sejam focadas em outras ações. O máximo que vemos são os acessos de raiva que despertam a força dos poderes ainda não conhecidos que viriam a transformá-la na Fênix Negra. Todos os conflitos que a rodeiam não são sobre ela e, mais uma vez, o ponto principal do filme é a visão do mundo sobre os mutantes e como eles devem agir enquanto estão nos holofotes.

Jean Grey posa diante uma névoa cósmica e um raio de luz que faz um X.Seguindo o caminho dos erros, a obra não apenas contradiz todo o universo de qual faz parte como também a si mesma. O filme começa nos apresentando mutantes superpoderosos, com capacidades físicas e intelectuais o suficiente para saírem de órbita e retornarem ilesos, para depois apresentar personagens incapazes de entrarem em um local pelo simples fato de uma porta estar bloqueada. Os poderes de cada um dos mutantes é esquecido pelo menos um vez ao longo de X-Men: Fênix Negra, tornando o conceito de serem “jovens superdotados” apenas um detalhe fálico dos dramas pessoais de cada um deles.

O filme introduz vilões sem qualquer relevância para a história. Não fortes o suficiente para derrotar os mutantes e nem mesmo para despertar a ira da Fênix Negra, eles não são apenas desnecessários para a história como também não se encaixam ali. Um roteiro que apresenta uma personagem forte o bastante para destruir o planeta durante um momento de descontrole não precisa gastar momentos de tela inserindo nenhum outro vilão.

Mas se não a Fênix Negra, qual é o ponto chave do filme? Obviamente, não poderia ser ninguém menos do que Charles Xavier (James McAvoy). A arrogância da personagem serve, mais uma vez, como enredo, sendo o motivo da dita “guerra civil” entre os X-Men. O medo de ser visto como uma ameaça, algo que claramente não é sem fundamento, apenas repetitivo, faz com que o Professor transforme os mutantes em simplórios cães de guarda do governo norte-americano.

Jean Grey chora na chuva, escondida atrás de uma caçamba de lixo.

A situação traz de volta a insegurança da Raven (Jennifer Lawrence) em relação a sua aparência e nos faz questionar se esse é um tema relevante o suficiente para ser carregado como motivação principal da poderosa Mística por toda uma trilogia. Afinal, um filme que traz uma personagem incomodada com a forma que as mutantes mulheres servem de escudo para os homens não precisaria reduzir os seus dramas a apenas sua aparência.

Toda a pobreza do roteiro infelizmente acaba interferindo nas atuações. O elenco, recheado de atores brilhantes, não tem oportunidade alguma de mostrar seu talento. Até mesmo a protagonista, Sophie Turner, fica sem liberdade para mostrar sua força como atriz (provada várias vezes em Game of Thrones, por exemplo) e se perde em falas quase sempre vazias e seguidas de acessos de raiva construídos da forma mais clichê possível.

Sophie, que disse em entrevista ter até mesmo consultado Famke Janssen, intérprete da personagem entre 2000 e 2003, não convence muito como Fênix Negra – um dos pontos mais desapontantes do filme. Para completar, James McAvoy e Michael Fassbender continuam a repetir a mesma atuação dos dois filmes anteriores, tornando a relação dos personagens entediante, já que a sensação é de estar vendo os mesmos filmes já lançados em 2011 e 2016.

O corpo de Jean Grey pega fogo devido a entidade cósmica Fênix

No fim, X-Men: Fênix Negra termina sem clímax algum. As histórias não ganham qualquer fechamento, os personagens não passar por nenhum crescimento pessoal e os vilões são derrotados da forma mais simples possível. O longa não acrescenta nada e se mostra como um recurso desleixado para dar um final apressado à um arco tão importante como o da Fênix Negra, sem contar à todo o universo mutante criado pela 20th Century Fox. Como experiência cinematográfica, a produção talvez sirva para a ensinar seus espectadores a desenvolverem sua paciência, já que a sensação que se tem ao sair do cinema é de que passamos duas horas assistindo uma tela em branco.

Compartilhe

Twitter
Facebook
WhatsApp
Telegram
LinkedIn
Pocket
relacionados

outras matérias da revista

Televisão
Diandra Guedes

Leve e emocionante, “Special” conquista os espectadores

“Special” foge do lugar comum e a série conta a história de um homem gay com paralisia cerebral, que precisa sair de um armário diferente do usual. Engraçada, comovente e dinâmica, a série Special, escrita e estrelada por Ryan O’Connell, merece destaque dentre as produções originais da Netflix. Com apenas oito episódios em sua primeira temporada, a série funciona como aquele suspiro de alívio em meio a um dia chato. Os episódios curtos, que não chegam a 20 minutos de duração, são ideais para maratonar tudo em um dia só ou baixar para ir assistindo no caminho de volta pra

Leia a matéria »
Back To Top