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Quarenta anos atrás em uma galáxia muito, muito distante

Pôster de "Os Últimos Jedi"
Em 2017, Star Wars completou 40 anos com seus milhões de fãs e uma franquia em constante expansão, com filmes, livros, jogos, colecionáveis, HQs e séries.

Em 2017, Star Wars completou 40 anos com seus milhões de fãs e uma franquia em constante expansão, com filmes, livros, jogos, colecionáveis, HQs e séries.


HHá 40 anos, quando super-heróis estavam longe de ser o principal atrativo que leva as pessoas ao cinema, quando o termo blockbuster sequer existia e uma história destinada às grandes telas começava e terminava ali, George Lucas idealizou o primeiro capítulo de uma saga que mudou o mundo. Sua ideia seria responsável por modificar a forma em que os estúdios, os cineastas e a sociedade enxergavam o cinema e que influenciou, direta e indiretamente, todas as obras da cultura pop feitas desde então.

Pôster de "Star Wars: Uma Nova Esperança"
Pôster de “Star Wars: Uma Nova Esperança”

Quando Uma Nova Esperança chegou aos cinemas em maio de 1977, o primeiro capítulo da saga Star Wars veio com a promessa de uma história apaixonante e inovadora, apresentando um universo que levaria o expectador a um lugar em que ele nunca havia sequer imaginado. Pessoas do mundo inteiro entraram nas salas de cinema curiosos e saíram apaixonados, ansiando levar um pedaço daquele mundo para casa.

Pesquisadores e estudiosos do cinema sempre tentam explicar o porquê da saga de George Lucas ser tão popular, enunciando com frequência sobre o fenômeno mercadológico que o jovem cineasta iniciou. Ainda, muitos especialistas apontam que Lucas soube explorar perfeitamente a filosofia de Joseph Campbell e sua “Jornada do Herói” na aplicação de conceitos e na construção de personagens do universo Star Wars, criando uma relação pessoal e mais catártica com o espectador. Contudo, só isso não explica a Força que a “galáxia muito, muito distante” exerce há 40 anos sobre o mundo.

O segredo por trás do sucesso de Star Wars é a capacidade de contar por meio de um roteiro simples, uma história que aborda valores e temáticas universais. George Lucas costuma dizer que sua franquia é, sobretudo, a história dos Skywalker e, portanto, uma história familiar que aborda questões como o amor de pai e filho, a busca de uma identidade própria, o desejo de pertencimento, a chance de fazer diferença para uma causa e muitas outras temáticas que vivenciamos todos os dias no mundo real.

Seja graças as aventuras de Luke Skywalker, de Anakin ou de Rey, o mundo criado por Lucas sempre atraiu novos apreciadores, superando barreiras geracionais para encantar com sua mitologia. Mesmo em momentos de fracasso de crítica (estou falando com você, trilogia prequel), novos aficionados acabam se encantando por essa possibilidade de viajar nesse universo fantasioso.

Um aspecto fundamental e que fortalece a franquia é a liberdade dada a todas as mentes criativas envolvidas no processo de criação de um universo expandido transmídia. Com centenas de jogos, HQs, séries animadas de TV, livros e outros produtos, o universo de Star Wars parece infinito e, mais importante do que isso, pertence a seus fãs, responsáveis por mantê-lo vivo mesmo em períodos em que a franquia está em baixa.

Ainda, Star Wars: Uma Nova Esperança é um dos marcos mais importantes para a indústria cinematográfica contemporânea. Depois de passar pela maior crise de sua história no final dos anos 1960, Hollywood passou por uma reconfiguração estética, mercadológica e produtiva graças ao nascimento dos filmes blockbuster. O primeiro filme da franquia, juntamente com Tubarão (1975), de Steven Spielberg, foram os grandes responsáveis por levar milhões de espectadores as salas de cinema e alcançar bilheterias nunca antes vistas na indústria.

Nos filmes originais de Star Wars, o Mestre Yoda era um efeito prático, sendo utilizado um boneco-fantoche controlado por pessoas reais

A revolução tecnológica que os filmes de George trouxeram é outro ponto a ser explorado. Na trilogia original, a maneira em que os efeitos práticos foram utilizados foi inovadora. A possibilidade de dar vida a um personagem como Yoda, que era um simples fantoche manipulado pelo gênio Frank Oz, foi algo nunca antes visto no cinema – pelo menos não com tanta eficácia e profundidade.

Na segunda trilogia a revolução se deu nos efeitos digitais. Se para a crítica especializada e para a maioria dos fãs faltou qualidade no roteiro, a computação gráfica presente no filme foi uma unanimidade. Pela primeira vez na história, em Star Wars – Episódio II: Ataque dos Clones (2002) um filme foi filmado com câmera 100% digital.

Na renovação da franquia iniciada em 2015 com Star Wars: O Despertar da Força, a maneira encontrada de revolucionar foi utilizar de maneira equilibrada tanto efeitos práticos quanto digitais, o que trouxe um primor visual para o filme, resgatando o espírito dos filmes originais. A nova trilogia é um capítulo especial também na sua representatividade.

Cena de "Star Wars: O Despertar da Força". Na foto, Rey e BB-8.
Cena de “Star Wars: O Despertar da Força”. Na foto, Rey e BB-8.

Apesar da presença significativa de personagens femininas fortes nas duas primeiras trilogias (como ignorar a icônica Princesa Leia?), a representação dessas personagens ainda era muito sexualizada e explorada de uma maneira antiquada e retrógrada pelos diretores e roteiristas (os diálogos de Padme na trilogia dos prelúdios são um bom exemplo). Atualmente, a construção das personagens femininas, com destaque especial para o protagonismo de Rey, acompanha as mudanças vividas na sociedade em que o filme pertence, sendo evidente o crescimento do público feminino, especialmente infantil, nas salas de cinema de todo o mundo.

E se Rey foi uma personagem pioneira no universo criado por Lucas, o longa-metragem Rogue One: Uma História Star Wars, primeiro filme derivado da franquia, que estreou em 2016, seguiu a tendência ao dar vida à rebelde Jyn Erso. Enquanto isso, no próximo capítulo da saga dos Skywalker, Star Wars: Os Últimos Jedi que estreia dia 15 de dezembro de 2017, vai continuar a jornada de Rey nos cinemas, dessa vez ao lado do mentor e também protagonista Luke Skywalker, que finalmente retorna a franquia e que deve ter um papel de grande destaque no longa.

Além do Episódio 8, em 2018 teremos o segundo filme derivado de Star Wars, ainda sem título, que promete contar a origem do icônico Han Solo. O plano da Lucasfilm e da Disney, detentoras dos direitos de produção da franquia, é continuar fazendo filmes (e séries!) mesmo após o fim desta nova trilogia, expandido o universo de George Lucas. Tudo, unido, só confirma a máxima deste universo: a Força sempre será mais forte em Star Wars.


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