fbpx
"Praça Paris" é um filme cuja narrativa reflete na desigualdade social brasileira e dá o espaço para Grace Passô brilhar como protagonista.

“Praça Paris” é um filme cuja narrativa reflete sobre a desigualdade social brasileira e dá o espaço para Grace Passô brilhar como protagonista.


LLançado em abril deste ano, o longa Praça Paris ficou em cartaz até o começo de junho. É centrado, principalmente, na relação entre a terapeuta Camila, portuguesa de classe média alta, e a ascensorista Glória, que vive na periferia do Rio de Janeiro. É o 13º filme de Lucia Murat, que também assina o roteiro do longa, em colaboração com o escritor Raphael Montes. A obra conquistou o Prêmio Dom Quixote de Melhor Filme no Festival de Havana e foi selecionado para a Mostra Competitiva do Festival Internacional de Chicago e para o Festival Black Nights de Talin (Estônia).

https://www.youtube.com/watch?v=9DY5ZoSLksI

Praça Paris foi considerado pela crítica uma tradução da tensão social” ou “um retrato urgente do abismo social brasileiro. A disparidade entre as realidades das personagens principais, verossímeis e muito bem construídas, é ilustrada também pela desigualdade da própria cidade do Rio de Janeiro, cenário do longa. A UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) é o ponto de encontro entre as duas protagonistas, já que é o ambiente de trabalho de ambas: uma exerce a função de ascensorista, enquanto a outra é pesquisadora.

Um dos principais destaques de Praça Paris é, sem dúvida, a atuação da atriz mineira Grace Passô, que arrebata o espectador. Pela interpretação, a atriz, que já exerce a profissão há mais de 20 anos, foi premiada no Festival do Rio 2017. Sobre a composição da personagem, Grace contou em entrevista: “Era importante vencer alguns estereótipos. Da violência, da mulher periférica, toda essa carga que vem junto. Se olhasse só para o que estava escrito, ela era uma mulher má, sabe? Agora, como ir além disso? Era preciso colocar essas características perigosas, que habitam em torno dela, como algo contraditório. Humanizá-la, e não julgá-la”.

Para o site Adoro Cinema, a diretora Lucia Murat comentou: “O filme trabalha sobre o medo e a paranoia numa relação entre duas pessoas com histórias e classes sociais diferentes. O medo do outro me parece algo implantado na sociedade brasileira hoje. E a partir desse medo sabemos que injustiças, agressões, mortes violentas acontecem, como no filme, um thriller que trabalha a intimidade dos personagens” .

O olhar da terapeuta Camila, mesmo que inconscientemente, é um olhar colonizador, de uma mulher branca, portuguesa, que vive em um bairro nobre do Rio. Glória, sempre sincera, identifica esse comportamento em Camila. A relação das duas se aprofunda no decorrer da narrativa e apresenta tensionamentos. O final de Praça Paris surpreende e levanta uma série de questões. É, sem dúvidas, um filme que causa incômodo no espectador, além de suscitar reflexões sobre a desigualdade social do Brasil e os conceitos de lugar de fala/lugar de escuta.


Compartilhe

Twitter
Facebook
WhatsApp
Telegram
LinkedIn
Pocket
relacionados

outras matérias da revista

Filmes
Rafael Bonanno

Um exercício de iconofilia

É praticamente impossível falar sobre cultura pop, hoje, sem sequer mencionar um dos maiores fenômenos culturais propagados pela indústria do entretenimento desde o final dos anos 90. Pokémon é uma franquia que começou como uma série de jogos de RPG desenvolvidos por Satoshi Tajiri para o Game Boy, em 1996. A partir daí, a marca se expandiu de maneira colossal em diversas mídias e, atualmente, ocupa a humilde posição de “franquia de mídia mais rentável da história” com uma renda estimada em cerca de 90 bilhões de dólares. Constantemente reintroduzida para novas gerações, os jogos principais da série sempre mantiveram

Leia a matéria »
Back To Top