fbpx
"Pacto de Fuga" mostra-se um filme instigante ao narrar o plano por trás de um momento histórico do Chile – mas que, no final, podia ir além.

“Pacto de Fuga” mostra-se um filme instigante ao narrar o plano por trás de um momento histórico do Chile – mas que, no final, podia ir além.


EEm janeiro de 1990, um grande grupo de presos políticos do Chile fizeram algo considerado quase como impossível: fugiram da Cadeia Pública de Santiago em pleno regime militar. Baseando-se nesse fato, foi produzido o filme Pacto de Fuga, dirigido por David Albala e disponível no catálogo Prime Video.

Conhecida como Operación Éxito, a fuga foi um dos maiores atos contra Augusto Pinochet. Dentre os presos, sete deles participaram de um atentado contra o ditador em 1986 e, por isso, estavam condenados à morte. A fuga foi feita através de um túnel de 80 metros, construído por 24 presos durante 18 meses, libertando 49 detentos.

https://www.youtube.com/watch?v=MhwSiaG2XLM

Pacto de Fuga mostra o plano desde o início, quando era somente uma ideia entre os principais presos responsáveis pelo ato, León Vargas (Benjamín Vicuña),  Rafael Jiménez (Roberto Farías) e  Eusebio Arenas (Patricio Velásquez). Com uma frieza e calculismo invejáveis, o trio consegue traçar um plano impecável, com a construção de um túnel a partir da parede de uma cela e o armazenamento da terra num buraco no teto. Com muita astúcia, convencem outros colegas a participarem da execução e planejam com precisão quando cada um iria cavar e como isso seria feito sem que os guardas notassem. Para conseguirem completar o plano, contam com ajuda externa, chefiada por Paulina Baeza (Francisca Gavilán), ex-mulher de Rafael.

O filme é muito rico em detalhes e situa o espectador de a quanto tempo o grupo está desde que começaram a cavar. O cenário mostra uma prisão realista, com todo o sofrimento que os detentos passam, que vão desde a brutalidade policial, escassez de recursos, brigas internas e conflitos familiares. O ambiente é de muita tensão, principalmente pelas divergências entre os presos e anseios de cada um, que eram intensificados diante de uma possível e tão sonhada liberdade.

Contudo, ainda que o detalhamento geralmente seja uma característica positiva em longas, senti que este pecou pelo excesso em alguns momentos. Como espectadora, eu estava bem mais interessada em ver o plano de fuga do que as questões internas com os guardas e chefes dos departamentos responsáveis pelos presos.

Tendo como proposta mostrar a execução do plano, Pacto de Fuga não mostra momentos antes da prisão ou como os fugitivos lidaram com a nova vida. Antes dos créditos, sobem na tela algumas informações sobre isso, relatando que alguns foram para o exterior e outros conseguiram perdão de Patricio Aylwin, primeiro presidente democrata no Chile após a ditadura. Como os cabeças da operação eram parte da organização Frente Patriótico Manuel Rodríguez, uma grande guerrilha chinela, fiquei bem curiosa para ver como era a movimentação deles no grupo antes da prisão. Sei que o filme não promete isso, portanto não foi algo que faltou, mas acredito que seria mais interessante intercalar as cenas cavando o túnel com momentos no FPMR.

Além de toda a tensão criada para combinar com a temática, Pacto de Fuga também consegue trazer, ao mesmo tempo, muita adrenalina e claustrofobia, que ornam perfeitamente com o cenário e proposta. A adrenalina fica por conta tanto da construção do túnel, pelo medo de serem pegos pelos guardas, quanto pelo momento da fuga e o temor do que aconteceria se desse errado. Já o sentimento claustrofóbico é direcionado tanto pelo sufoco que os presos passam no cotidiano na prisão quanto pelo arrastar dos corpos no longo e estreito túnel, que garante uma cena angustiante e uma fotografia impressionante.

Compartilhe

Twitter
Facebook
WhatsApp
Telegram
LinkedIn
Pocket
relacionados

outras matérias da revista

Televisão
Deborah Almeida

Kanpai, Queer Eye!

“Queer Eye” vai ao Japão para episódios especiais, unindo suas histórias fortes e bonitas conexões com uma ótima mudança de ares e culturas.

Leia a matéria »
Back To Top