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“O Mapa das Pequenas Coisas Perfeitas” cativa com sua bem construída história de amizade em um loop temporal que valoriza a rotina.


AApós a estreia de O Feitiço do Tempo (1993), a temática de loop temporal tornou-se popular e vários filmes surgiram no mundo cinematográfico seguindo a mesma fórmula, ainda que com cenários diferentes. O termo qualifica histórias com um ou mais personagens que vivem um mesmo período de tempo várias vezes e são as únicas que percebem essa repetição de eventos, enquanto os outros personagens têm as “memórias apagadas” quando o ciclo se reinicia.

Seguindo esse mesmo raciocínio, surgiu Corra, Lola, Corra (1998), Donnie Darko (2001), A Morte Te Dá Parabéns (2017), Palm Springs (2020) e uma série de outros longas que usam o termo para criar seu roteiro. Por mais que seja um mesmo conceito, é possível explorar vários gêneros e causar sensações diferentes em cada um deles.

Por mais que a maioria siga por um caminho de drama e suspense, O Mapa das Pequenas Coisas Perfeitas (2021), do Amazon Prime Video, traz um clima mais ameno e agradável, com personagens que estão aproveitando essa prisão temporal. Mark (Kyle Allen) é um adolescente criativo, que transformou seu loop temporal em algo relativamente divertido.

Após viver o mesmo dia várias vezes e repetir a rotina, conseguiu decorar tudo o que acontece e se ocupa prevendo pequenos acidentes – como uma xícara quebrada, e ajudando as pessoas. Tudo isso muda quando ele conhece Margaret (Kathryn Newton), uma jovem que também está presa no looping.

Dirigido por Ian Samuels, o filme se desenvolve mostrando esse novo relacionamento de dois adolescentes. Mark mostra à Margaret todas as situações cotidianas que captaram sua atenção e a garota faz o mesmo. O lema de aproveitar as pequenas coisas do dia a dia transborda na narrativa, e mostra como, em cada segundo, algo incrível pode acontecer.

Por se tratar de dois adolescentes, um romance é obrigatório. Ainda que eu seja uma grande fã dos clichês, acredito que se deve fazer direito e com propósito. A aproximação dos dois acontece de uma maneira esquisita, como se nenhum dos dois estivesse à vontade com a situação. A química de amizade e companheirismo entre eles era boa, mas no quesito amoroso não me convenceu. Senti que foi algo como “precisamos ficar juntos porque nós dois estamos no mesmo barco”.

Contudo, meu maior incômodo foi colocar muito sentimentalismo na explicação por trás do loop. Na realidade, não sinto a necessidade que coisas inexplicáveis sejam explicadas mas, caso essa seja a intenção, faça algo que combine com a história. O filme todo é bem tranquilo e leve e, de repente, vem uma situação super triste na tentativa de emocionar o público. Ter uma tragédia não é obrigatório, tudo bem se a narrativa se manter alegre.

Mesmo com essas duas críticas, não posso dizer que não gostei do filme. O Mapa das Pequenas Coisas Perfeitas, baseado no livro de mesmo nome de Lev Grossman, conseguiu me distrair e refletir sobre como o cotidiano pode ser bom. Os tons suaves combinam com a atmosfera da história e a trilha sonora se encaixa bem nesse pacote. Os atores me cativaram e desempenharam bem os papéis propostos.

Não tem nada de extremamente diferente, inovador ou com reflexões profundas. É tranquilo, previsível e comum, bem feijão com arroz. Como essa era a proposta de O Mapa das Pequenas Coisas Perfeitas, o longa entrega o que os fãs do gênero querem assistir.

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