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"Negritudes Brasileiras", doc de Nátaly Neri, discute o espaço do negro no Brasil, debatendo de forma educativa questões socioraciais.

“Negritudes Brasileiras”, doc de Nátaly Neri, discute o espaço do negro no Brasil, debatendo de forma educativa as questões sociais e raciais do meio.


PPesquisa, conscientização, reflexão e ensinamentos. Esses são alguns dos termos que podemos atribuir ao documentário Negritudes Brasileiras, lançado no último dia 12 de novembro, por uma das maiores youtubers da atualidade, Nátaly Neri, em parceria com o coletivo Gleba do Pêssego.

Disponível gratuitamente no canal Afros e Afins, o documentário faz parte de uma campanha que tem Neri como embaixadora: a Creators for Change é uma iniciativa global que visa apoiar criadores que estimulam o debate sobre questões sociais e promovem tolerância e empatia em seus conteúdos. “O objetivo fundamental desse documentário é fomentar debates, fazer algumas pontes e nos munir de mais informações”, revela Nátaly, em seu Instagram.

Ter uma produção que discute as facetas do racismo em uma plataforma tão popular se torna cada vez mais importante, principalmente se considerarmos os dados alarmantes que marcam e interferem a trajetória de pessoas negras no Brasil. Um deles é o Atlas da Violência 2018, documento elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Nesse estudo, é possível identificar que a violência contra jovens negros segue aumentando – em 2016 a taxa de homicídios de negros cresceu 23,1%, enquanto a taxa entre os não negros teve uma redução de 6,8%, no mesmo período.

Apesar de apresentar algumas estáticas em sua produção, Nátaly Neri consegue captar questões sensíveis para algumas pessoas. Com diversas entrevistas que alternam entre si, Negritudes Brasileiras aborda temas fortes de forma delicada, como o processo de reconhecimento e percepção da negritude e a afetividade da mulher negra. Sobre esse último, vale lembrar que o Censo de 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou que mais da metade das mulheres negras (52,52%) não viviam em união, independente do estado civil.

Nátaly Neri

Agindo de maneira estrutural, as falas de alguns especialistas servem de fio condutor para algumas discussões apresentadas do documentário. Assim, Negritudes Brasileiras traz a escritora, ativista, arquiteta e intelectual Joice Berth, a professora de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenadora do grupo Intelectuais Negras Giovana Xavier, a redatora do BuzzFeed Aline Ramos e o escritor e colunista do Muito Interessante e da Vice, Alê Santos.

A estética trabalhada no documentário, assinada por Gleba de Pêssego, dialoga bem com o conteúdo já conhecido do canal Afros e Afins. O uso de tons terrosos nas roupas dos entrevistados e nos véus que compõem o cenário algumas vezes dão um ar de Fashion Film, que fica ainda mais intenso nas inserções de imagens com grupos de pessoas negras. Tudo isso é apresentado em um galpão com plantas cuidadosamente posicionadas.

Em Negritudes Brasileiras, os convidados também refletem sobre a política de miscigenação pela qual o país passou após a abolição da escravatura e os impactos nos dias atuais, apontando essa questão como um dos contribuintes para a construção do mito da democracia racial brasileira. Outro ponto levantando em alguns depoimentos é a importância da representatividade e como reconhecimento de si por meio do outro pode ser feito através da arte. Talvez seja, também, por representar tantas pessoas que esse documentário seja tão importante no Youtube.


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