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Mais do que o show, um espetáculo de encorajamento e entrega

Com "Homecoming", Beyoncé apresenta a grandiosa apresentação no Coachella 2018, em um documentário com os bastidores e a apresentação.

Com “Homecoming”, Beyoncé apresenta a grandiosa apresentação no Coachella 2018, em um documentário com os bastidores e a apresentação.


S“Se você render-se ao ar, poderá voar” – assim inicia o documentário Homecoming: A Film by Beyoncé, da Netflix, lançado por Beyoncé na quarta-feira, 17 de abril, com cenas da apresentação e ensaios para o histórico show no festival Coachella, realizado em abril do ano passado. O filme registra o retorno da artista após dar à luz aos gêmeos Sir e Rumi, mostrando os preparativos e bastidores para o espetáculo, além de confissões pessoais sobre a gravidez de risco e recuperação do corpo.

Reconhecida como a primeira mulher afro-americana a ser atração principal do evento, Beyoncé vai além disso e consegue, apostando em um discurso sincero e emotivo, transformar o show em uma celebração da cultura africana e da liberdade. Seu set no Coachella aposta em várias referências, como, por exemplo, os figurinos usados remetendo a guerreiras, rainhas e sobreviventes e parte do discurso de Malcom X, importante líder da luta pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos, tocado em meio aos hits.

Um conjunto de dançarinos e músicos negros posicionados em uma estrutura de formato parecido com pirâmide compõem e dão vida ao espetáculo, imortalizado em Homecoming, lembrando os grupos marciais de universidades americanas. Por vezes, coreografias fortes e discursos sugestivos se misturam as músicas, construindo uma narrativa sólida de encorajamento e legitimação, das mulheres, negros, enfim, dos indivíduos que já se sentiram desprezados por algum motivo.

Para completar a proposta e deixar a experimentação ainda mais abrangente, Beyoncé compartilhou nas plataformas digitais o áudio do show, ao vivo, com 40 faixas – sendo duas bônus. Homecoming: The Live Album estreou em sétimo lugar no Top 10 da Billboard, com 38 mil unidades equivalentes, sendo 14 mil destas em vendas puras. Esta é a oitava vez que a artista participa do top da Billboard 200 como artista solo.

 

Beychella

Com a apresentação no Coachella, a cantora demonstra a preocupação de trazer sua cultura para o show, ao invés de usar coroa de flores apenas, item marcante do visual hippie californiano do festival, transformando em um momento de orgulho no palco, capaz de levar energia e identificação para as pessoas que, por exemplo, já foram rejeitadas por causa da aparência. Assim, Beyoncé consolida um movimento cultural, expressado por meio do Beychella, nome declarado em um momento do show e sustentado com a ajuda dos fãs, que eleva um conceito criativo e torna a performance mais que apenas um show, mas sim, uma afirmação da igualdade e do autoconhecimento. “Era importante para mim que todos que nunca se viram representados se sentissem no palco com a gente. Como negra, eu sentia que o mundo queria que eu ficasse no meu cantinho. E mulheres negras muitas vezes se sentem subestimadas”, diz ela, em um dos tantos discursos poderosos que trazem tons imponentes para o documentário Homecoming.

Ela coloca realmente sua carreira de 22 anos no palco, desfilando no total 80 músicas representadas, sejam instrumentais ou versos cantados, entre eles sucessos como Formation, Single Ladies, Diva e Love on Top. A setlist conta ainda com participações especiais do marido JAY-Z em Déjà Vu, da irmã Solange, em Get Me Bodied (Extended Mix), e de Kelly Rowland e Michelle Williams, que formaram com a senhora Knowles Carter o trio Destiny’s Child, numa lembrança surpresa que anima e contagia a multidão presente e a de casa. Este último, evidencia a consideração com as raízes e as experiências que contribuíram para o potencial artístico que ela tem hoje, uma escola do grupo, da vida, que a capacitou para produzir todo o espetáculo.

 

Homecoming

Dessa forma, com uma aposta audiovisual inovadora que mistura partes da icônica apresentação, bastidores e fatos da vida da artista, ela consegue tornar a cultura, em especial, a africana, mais democrática, agora capaz de ser reproduzida e vista em qualquer lugar, a qualquer hora. Assim, impulsiona a entrada dos negros nas casas das pessoas, inclusive dos brancos, seja para entreter, conscientizar, ou apenas saber mais da vida e obra da artista.

Ao ver o Homecoming, revela-se ao espectador a essência do show, isto é, o ensaio das músicas e das vozes, elementos que junto a dança e os ritmos explorados, formam o espetáculo visual comandado por Beyoncé junto a seu grupo de sobreviventes, resistentes e talentosos artistas. Além disso, a personalidade da cantora dá vida a coreografia, leva emoção aos movimentos e mostra o esforço e o comprometimento dela com o retorno aos palcos após a gravidez. Uma fase delicada de sua vida, pelo risco da gestação e também a responsabilidade de aliar a preparação com os cuidados com os filhos e o marido.

Um recomeço, esta nova fase está à altura do show entregue ao público e agora, aos assinantes e fãs, haja visto o nome dado ao projeto, intitulado Homecoming: o regresso a casa. É uma volta para dentro de si mesmo, suas raízes e costumes mais profundos que formam o seu ser, suas particularidades e heranças, incluindo também, o lar, a família, o refúgio fora dos palcos.

Uma montagem incrível e completa que expressa o estilo da artista, talvez seja esta a maior riqueza do show, que revela o orgulho também do processo de criação e tomada de decisões para levar ao público, uma experiência rica que ultrapassa apenas os ritmos e letras consistentes.  Certamente, Homecoming mostra por que Beyoncé é a maior show-woman e performer feminina da atualidade, uma artista completa que, além de cantar, dançar, interagir com o público, mostra suas vulnerabilidades e fragilidades, na busca de melhorar cada vez mais seu empenho e reforçar os posicionamentos em que acredita.

Além disso, mostra uma profissional e mulher que quase ninguém tinha visto até agora, transparente, fora das posturas confiantes e passos bem preparados. Afinal, com essa produção Beyoncé comprova sua grandeza, mostra que é real, inspira e reafirma sua força e talento. Definitivamente, com Homecoming sua liderança e potencial não podem ser questionados.


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