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"Feministas: O Que Elas Estavam Pensando?" é um documentário da Netflix sobre o movimento feminista e a sua ajuda na mudança de realidade das mulheres.

“Feministas: O Que Elas Estavam Pensando?” é um documentário da Netflix sobre o movimento feminista e a sua ajuda na mudança de realidade das mulheres.


Disponível no catálogo da Netflix desde o último dia 11 de outubro, o documentário Feministas: O Que Elas Estavam Pensando? contextualiza o movimento de emancipação feminina da década de 70 por meio de relatos atuais de ativistas da igualdade de gênero e cenas de manifestações de rua da época. Dirigido por Johanna Demetrakas, a produção é construída a partir de fotos tiradas por Cynthia MacAdams, fotógrafa e ativista dos direitos humanos, enquanto a narrativa que dispõe de relatos de personalidades do movimento feminista dos anos 1970, como a atriz Jane Fonda, que conta sobre sua trajetória no movimento e o suicídio de sua mãe.

https://www.youtube.com/watch?v=FFi2SPR8B3s

A fotografia de MacAdams ilustra o documentário, sendo um dos principais cenários. As imagens são de mulheres e contam muito da sua história e, somado aos relatos, dão muita emoção ao enredo. O documentário traz a tona também a questão dos direitos negados a mulher – como ela era vista na sociedade e como a educação e a cultura eram diferentes entre os homens e as mulheres. Desde adolescentes as mulheres eram submetidas às aulas de economia doméstica nas escolas, onde elas aprendiam o básico das atividades feitas pelas donas de casa (cozinhar, lavar, passar e limpar a casa), que não era lecionado aos estudantes do gênero masculino.

O documentário também explora de cenas recortadas e diálogos de filmes e propagandas antigas para ilustrar as diversas manifestações e questões envolvendo a supremacia masculina sob o corpo feminino. Exibindo a cena clássica de Os Homens Preferem As Loiras (1953), onde Lorelei Lee (Marilyn Monroe) dança ao som de Diamonds Are A Girl’s Best Friendcercada por homens em roupas de gala, reforça o estereótipo das mulheres loiras como fúteis e burras e como isso era naturalizado na época.

Feministas: O Que Elas Estavam Pensando? trata com responsabilidade a questão da objetificação do corpo feminino e da questão do casamento para as mulheres. A partir dos relatos das entrevistas fica clara a noção de que o casamento era algo imposto (a mulher só seria respeitada se casasse), com muitas mulheres se casando por pressão, se tornando pessoas frustradas e deprimidas. A produção aborda e problematiza, também, a questão do sexo feminino abdicar dos sonhos, da carreira e do estudo para se tornarem mães e donas de casa, enquanto os homens eram os verdadeiros “chefes da família” – aquele que era o provedor do dinheiro, poder e tomava as decisões da casa.

Ainda que totalmente submersas na sociedade machista e opressora, as mulheres comemoravam as pequenas (e lentas) vitórias, como conseguir se livrar da opressão vivida no casamento e da violência doméstica graças a ascensão do movimento feminista e da literatura feminista radical. Através da popularidade do movimento, muitas mulheres acabaram se divorciando. A luta pelo aborto seguro e legal também foi pauta dos relatos das entrevistadas, com cenas de manifestações de rua dos anos 1980 com o bordão “Nosso corpo, nosso direito” ilustrando a cena.

O documentário possui uma estrutura muito boa, fontes interessantes e relatos muito reais do cenário feminista dos anos 1970, que são potencializadas pela ótima fotografia que mantém o interesse sempre em alta. Porém, a obra peca em não aprofundar tanto as pautas como o preconceito de classe e a luta pelos direitos das mulheres trabalhadoras, que são temas fundamentais no contexto vivido por elas na década de 70. Apesar disso, Feministas: O Que Elas Estavam Pensando? deve ser contemplado pelo seu otimismo em mostrar que a luta nunca acaba e que nós mulheres devemos lutar pelos direitos das nossas irmãs do futuro. Como o próprio nome diz, “o que elas estavam pensando?” seria uma crítica à “audácia” das mulheres que enfrentaram com coragem e garra a sociedade misógina e sexista.


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