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Eurovision: A competição para além do talento

[tempo de leitura: 4 minutos]

“Festival Eurovision da Canção: A Saga de Sigrit e Lars” revela a disputa em que vencer é apenas um detalhe menos importante que o processo.


PPode parecer estranho, mas do meio do filme para lá percebemos que aquela não é uma narrativa sobre uma competição musical apenas. Estou falando de Festival Eurovision da Canção: A Saga de Sigrit e Lars, lançado recentemente na Netflix, que tem como pano de fundo o famoso festival europeu anual Eurovision da Canção. A comédia musical parte da dupla islandesa Lars e Sigrit, interpretados por Will Ferrell e Rachel McAdams respectivamente, tratando do sonho em vencer um tradicional evento, para lançar reflexões sobre amor, reconhecimento, cumplicidade e a importância de descobrir a si próprio e o outro.

https://www.youtube.com/watch?v=jtl5wM5dMt4

EVENTO ANUAL
O longa vem à luz no primeiro ano, desde 1956, em que o Eurovision não é realizado. Previsto para acontecer em Rotterdam, na Holanda, o festival foi cancelado por causa da pandemia e reprogramado para a mesma cidade, em 2021.

 

EUROVISION

Em um primeiro instante, a experiência cinematográfica de Festival Eurovision da Canção: A Saga de Sigrit e Lars pode se mostrar boba, batida, monotemática e se tratar de mais um filme que tem no humor sua principal ferramenta e base de sustentação. Porém, com desenrolar das duas horas de projeção, vamos percebendo como o diretor se apropria da comédia para tratar, em um tom leve, de assuntos reflexivos e profundos.

Em tempos de pandemia, de notícias duras, relatos fortes a todo o momento, esgotamento e miséria social estampados por todos os cantos, somos imersos em uma trajetória divertida e por vezes louca de uma dupla a procura de reconhecimento, mas que na verdade, precisavam conhecer a si mesmos e entender a relação que possuem.

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Lars e Sigrit, “conhecidos” artisticamente por Fire Saga, partem com a ambição de alcançar algo maior e acabam descobrindo o vínculo forte com as raízes, a cidade pequena em que cresceram e formaram seus valores e personalidade na Islândia. Ainda, precisam lidar com os familiares e amigos que demonstram não acreditar em seus potenciais artísticos e aspirações, o que depois se transforma em apoio.

Fato é que os dois precisaram experimentar partir em busca de algo maior para reconhecer que a felicidade e a realização estavam mais próximas do que pensavam, faltava apenas enxergar o que realmente importava, a relação sólida e próxima que foram construindo e fortalecendo ao longo do tempo.

 

CONSTRUÇÃO

A produção de Festival Eurovision da Canção: A Saga de Sigrit e Lars aposta muitas vezes na introdução de efeitos para contribuir no tom cômico/absurdo, uma linha tênue que se faz presente durante todo o filme. A escolha, experimental e confusa, demonstra a vontade de levar ao público uma fuga da realidade, para ter contato através das cenas com momentos difíceis de acontecer na realidade.

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Além disso, Eurovision não foge também dos estereótipos ao representar os islandeses como um povo rústico, baseado no sotaque característico do inglês regional e a crença em elfos, que prometem cenas cativantes mas entregam uma relação forçada pelo místico e relações além da dimensão corporal.

Assim, a aposta se prende a certos aspectos culturais e emotivos que limitam as possibilidades do filme e a interação do espectador com este, passando a apresentar a sucessão de musicais empolgantes e desordem dos protagonistas que em momentos cansa, mas se vale e continua prendendo pela mensagem que fica, principalmente ao final do espetáculo. A saga dos dois músicos em busca de algo fala e toca para além da música, atingindo seu ápice quando, na final do evento, Fire Saga realmente se encontra com as suas raízes e cantam também no próprio idioma, revelando ao mundo o orgulho e o pertencimento de onde vieram – além do amor que mantiveram os dois unidos apesar das confusões.

Certamente, o lançamento da Netflix desafia o observador pela sensibilidade, para se conectar através do íntimo e da sensibilidade, capazes de promoverem o encontro entre a obra e o público. Por outro lado, se você se concentrar na disposição e composição do longa apenas, pode achar fraco e sair decepcionado.

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Assistir Eurovision é se permitir envolver pelo riso e embarcar nas trapalhadas de uma dupla, ou melhor, um potencial casal que foi buscar longe o que estava perto e ainda, voltou mais unido e com histórias para contar. Ao fim percebemos que o reconhecimento muitas vezes é apenas questão de vaidade e o real sucesso passa por verdade, honestidade e conexão, consigo mesmo e com o que acreditamos.

PARTICIPAÇÃO
Com a trilha sonora disponível no Spotify, Eurovision marca também a volta de Demi Lovato às produções cinematográficas após uma pausa de dez anos na atuação, desde Camp Rock 2: The Final Jam. A artista dá vida a Katiana, uma personagem de destaque na trama, e a escolha é simbólica por Demi estar lidando nos últimos tempos com conflitos pessoais e se redescobrindo consigo mesma.

Conectado com a potência das narrativas e a sensibilidade social encontrou no Jornalismo o melhor lugar para se expressar, junto a prática de natação nas horas vagas e as distopias para lidar com a realidade.

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